Libertação

Libertação

“É para que sejamos homens livres que Cristo nos libertou… Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade…” – Gal 5, 1,13. É a grande tese de São Paulo aos Gálatas. “Liberdade” é realmente uma palavra sedutora. Por isso há que compreendê-la no correto sentido, como nos explica a Instrução da Congregação para a Doutrina da Fé sobre alguns aspectos da “Teologia da Libertação”.

O Evangelho de Jesus Cristo é mensagem de liberdade e força de libertação. Mas a libertação é antes de tudo e principalmente libertação da escravidão radical do pecado. Seu objetivo e seu termo é a liberdade dos filhos de Deus, que é dom da graça. Ela exige, por uma consequência lógica, a libertação de muitas outras escravidões, de ordem cultural, econômica, social e política, que, em última análise, derivam todas do pecado e constituem outros tantos obstáculos que impedem os homens de viver segundo a própria dignidade. Discernir com clareza o que é fundamental e o que faz parte das consequências é condição indispensável para uma reflexão teológica sobre a libertação.

Na verdade, diante da urgência dos problemas, alguns são levados a acentuar unilateralmente a libertação das escravidões de ordem terrena e temporal, dando a impressão de relegar ao segundo plano a libertação do pecado e, portanto, de não atribuir-lhe praticamente a importância primordial que lhe compete. A apresentação dos problemas por eles proposta torna-se, por isso, confusa e ambígua. Pior ainda são certas formas da teologia da libertação que usam, de maneira insuficientemente crítica, conceitos assumidos de diversas correntes do pensamento marxista.

É sempre bom recordar a profissão de Fé do povo de Deus, do Papa Paulo VI:

Confessamos que o Reino de Deus, começado aqui na terra na Igreja de Cristo, ‘não é deste mundo’ – Jo 18,36, ‘cuja figura passa’ – 1Cor 7,31, e também que o seu crescimento próprio não pode ser confundido com o progresso da cultura humana ou das ciências e artes técnicas; mas consiste em conhecer, cada vez mais profundamente, as riquezas insondáveis de Cristo, em esperar sempre com maior firmeza os bens eternos, em responder mais ardentemente ao amor de Deus, enfim em difundir-se cada vez mais largamente a graça e a santidade entre os homens.

Mas com o mesmo amor, a Igreja é impelida a interessar-se continuamente pelo verdadeiro bem temporal dos homens. Pois, não cessando de advertir a todos os seus filhos que eles “não possuem aqui na terra uma morada permanente” – Hb 13,14, estimula-os também a que contribuam, segundo as condições e os recursos de cada um, para o desenvolvimento da própria sociedade humana; promovam a justiça, a paz e a união fraterna entre os homens; e prestem ajuda a seus irmãos, sobretudo aos mais pobres e mais infelizes…


 

Autor: Centro de Formação Mons. Mauro Tommasini

Comunidade Javé Nissi

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