Um exemplo para os que creem

Um exemplo para os que creem

Introdução:

O testemunho cristão vai muito além de uma bíblia debaixo do braço, ou um terço nas mãos, supera ainda, a missa dominical (enquanto simples preceito), trata-se de um estilo de vida, uma opção existencial, é viver tendo a fé como norte de toda a existência e ao mesmo tempo desfrutar dela como caminho de felicidade.

1º) Sei muito bem do projeto que tenho em relação a vós (Jr 29,11).

Essas palavras de conforto foram dirigidas ao profeta Jeremias e ao seu povo, em um tempo bem conflituoso, precisamente no exilio babilônico quando Jeremias fica em Jerusalém com os não exilados, tendo pela frente toda uma história a ser construída, uma vez, que o templo havia sido destruído e com ele a esperança do povo que perdeu não só seus lideres e pessoas influentes de sua cidade, mas também viram destruída a casa de seu Deus, seu rochedo e sua força.

Era preciso refazer a história, construir novamente a esperança, resgatar o brilho no olhar que havia se apagado na face dos Israelitas que restaram em Jerusalém.

O contexto não é tão diferente nos dias de hoje, onde somos assaltados constantemente pela falta de esperança ao ver nos telejornais a corrupção e a desigualdade que assombra nosso país. De fato, a realidade faz temer e até mesmo perder as esperanças, se isto fosse permitido aos que tem fé (Heb 11,1.6).

A juventude hoje é o futuro de amanhã, é a esperança daqueles que creem, e sem duvida também hoje são destinatários da profecia de Jeremias:

“Sei muito bem do projeto que tenho em relação a vós – oráculo do Senhor! É um projeto de felicidade, não de sofrimento: dar-vos um futuro, uma esperança!” (Jr 29,11).

2º) Habilitados pelo Espírito Santo

Para que este futuro seja construído precisamos tomar posse da promessa do Pai realizada em Jesus Cristo, a saber, nos batizar no Espírito (Atos 1,4-5). Não se trata de uma teologia da renovação carismática, e sim, de uma profecia bíblica que perpassa a história de Israel na boca dos zelosos profetas (Jl 3; Ez 36,2-28; Is 61,1-3).

A edificação do reino de Deus é um trabalho conjunto, realizado entre nós e a trindade. Somos colaboradores e agraciados do projeto salvífico do Pai. Para que o homem pudesse ter acesso ao paraíso vetado por conta do pecado (Gn 3,23-24), o Pai enviou seu filho ao mundo para que por ele pudéssemos ser salvos (Jo 3,16). A cruz se torna a nova arvore da vida, na qual Jesus é o fruto da vida eterna: “Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele… Quem se alimenta com este pão viverá para sempre” (Jo 6, 56.58). Como Cristãos não só recebemos do pão vivo descido do céu na eucaristia, mas também o Senhor nos habilita para sermos suas testemunhas (Atos 1,8). Sem o Espírito Santo a obra da redenção não ficaria completa, não bastava redimir o homem do pecado, era preciso que este recebesse a graça necessária para vencer as inclinações do pecado, e para isto o Senhor nos introduziu no seio da trindade ao nos comunicar seu Espírito Santo, a partir daí, a santidade, o mundo novo (Ap 21,5), sonhado por Deus tornasse algo possível e missão dos cristãos (Mt 5,13.16)..

O batismo no Espírito é o ponta pé inicial, onde somos revestidos do poder do alto, para resistirmos contra toda provação e testemunharmos publicamente a razão de nossa fé.

3º) Jovens renovados para um mundo novo

Para que possamos mudar o mundo, antes precisamos mudar a nós mesmos. Isto exige sacrifício, doação, martírio, ou seja, coragem de morrer pela causa. O Espírito nos habilita ao testemunho e nos convida a ousadia de sermos hoje o sal da terra e a luz do mundo. O que para o mundo é morte, para Deus é vida!

Não se trata de uma fé subjetiva, centrada em minhas necessidades, mas de um testemunho publico, o mundo, a juventude está carente de referencias de fé, de caráter, de honestidade, de pessoas decididas que sabem o que querem, que têm Deus como fonte e direção de suas vidas.

Assim como Deus suscitou Jeremias para um tempo difícil (Jr 20,7), onde ele seria um exemplo para aqueles que creem também hoje o Senhor está nos chamando como líderes, como testemunhas, e nos exorta dizendo: “Não digas: sou apenas uma criança, pois a quantos eu te enviar irás, e tudo que eu te mandar dizer, dirás. Não tenha medo deles, pois estou contigo para defender-te – oráculo do Senhor ” (Jr 1,8.9).

Nossa luta para viver a fé nestes tempos de relativismo, onde tudo pode ser repensado, onde Deus deixa de ser o centro no qual os homens devem se voltar para se realizar, somos chamados a mostrar com nossas vidas, nossas atitudes, nossas opções, que em Cristo somos mais que vencedores (Rm 8,37), que a vida nova é possível, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações (Rm 5,5).

A efusão do Espírito é a experiência concreta desse amor que transforma e dá sentido a nossa vida, como bem retrata esta canção:

Amor tão grande, amor tão forte, amor suave, amor sem fim
Que a própria morte transforma em vida abraço eterno de Deus em mim
Nem as correntes das grandes águas, conseguirão apagar esse amor
Pois suas chamas são fogo ardente mais do que a morte é tão forte esse amor
De abraço esmagante, de ausência torturante
De noite e luz é feito esse amor
De dor incomparável, consolo inestimável
De vida e cruz é feito esse amor (Suely Façanha)

Autor: Carlinhos Faria – Teólogo – Membro da Comunidade Javé Nissi

Comunidade Javé Nissi

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