GRUPOS DE ORAÇÃO, UMA BREVE INSTRUÇÃO

GRUPOS DE ORAÇÃO, UMA BREVE INSTRUÇÃO
Formação realizada na reunião de líderes da comunidade Javé Nissi
Dia 22 de OUTUBRO de 2017
Formador: Tácito Coutinho – Tatá – Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi

1. Introduçãomotivação

Pode parecer um tema “batido” porque afinal É ISSO QUE NÓS FAZEMOS a 50 anos / 40 anos!

A RCC foi confundida como um “movimento de Grupos de Oração”! – cuja finalidade era “fazer Grupos de Oração”.

Tornamo-nos “especialistas” em Grupos de Oração – GOs como a gíria carismática diz.

Essa situação trouxe alguns inconvenientes: rotina, estruturação, automatismos, vícios, ativismo… Criou-se um “modelo”, influenciado pela TV e pelos cultos “avivalistas” que, muitas vezes, impede que os GOs atinjam seus objetivos.

A maioria de nossas lideranças – nós que estamos aqui – chegou à Renovação com os Grupos já constituídos nos modelos que aí estão e existe esta tendência de repetir o modelo que herdamos – falamos “sempre foi assim”…

O que vou refletir com vocês é fruto de minhas observações atuais, matutações, estudo. Confesso que algumas coisas que pensava tempos atrás, não penso mais, porque vivemos situações diferentes.

Também não vou ficar no saudosismo e prender-me ao passado, sem perceber que o “novo sempre vem”.

Estou consciente que há a tentação de querer estruturar, classificar, categorizar, organizar excessivamente uma coisa que é “pura graça”.

Como dizíamos no começo: existem duas coisas que são intocáveis nos GOs: o começo e o fim! E para que a Reunião aconteça é preciso duas coisas: povo reunido e Espírito Santo, e isso basta. Essas afirmações são verdadeiras!

Mas por outro lado, sabemos que a graça atua sobre a natureza e supõe nossa cooperação. A ação do Espírito Santo pressupõe nossa abertura e docilidade, mas também nosso empenho inteligente para que sua obra aconteça.

Sei que há o risco que querer criar uma liturgia carismática e fazer das Reuniões de Oração uma “missa sem consagração”, com manual e etc. e tal. Ou, ainda, criar um “culto mariano”, com coroações, procissões, terços infindáveis, etc. Sei que isso é um “problema difícil de abordar”, mas tal devocinismo deturpa os objetivos das Reuniões de Oração.

Adianto que não sei se teremos tempo para abordar tudo, por isso ao final vou distribuir para vocês as anotações deste ensino.

Não vou elencar aqui os problemas, pois acredito que são situações circunstanciais, já que não há uma intenção de erro. Mas é preciso destacar que se não contextualizarmos os GOs, atualizarmos, eles se tornarão anacrônicos e ultrapassados. Corremos o risco de criar “um hábito religioso, devocional”.

É preciso compreender que não vivemos mais em “tempo de novidade”, portanto o desafio é maior. É preciso compreender que o “homem” e o mundo mudaram. Existem novas demandas e expectativas…

Minha intenção não é “corrigir”, mas refletir sobre alguns pontos para re-descobrimirmos o valor, os objetivos desta “ferramenta de renovação”.

Teremos um encontro formativo, e como o assunto é vasto, optei por abordar os pontos essenciais e cruciais dos GOs.

  1. O que é o Grupo de Oração

O 1º ponto é: Grupos de Oração. Já adianto que é mais apropriado dizer “Reunião de Oração”, ou “Assembleia de Oração”.

“Grupo” implica num conceito sociológico mais amplo e envolve identificação, objetivos comuns, engajamento. O propósito da Reunião é tornar-se Grupo que se identifica com as lideranças engajadas. Na JAVÉ NISSI as Comunidades.

As Reuniões de Oração, como o nome diz, são pessoas que se reúnem – desculpem a redundância – para rezar de uma maneira ativa.

Portanto a atividade central e fundamental é a oração das pessoas que estão reuniadas! De outra forma: o Grupo de Oração tem como elemento fundamental a oração do Grupo!

  • É a oração que define a Reunião / Assembleia / Grupo.

Adianto: portanto a função do ministério é levar as pessoas que estão na Reunião à oração e não rezar no lugar delas. Esta é a difernaça de uma Reunião ativa e Reunião passiva.

  • Ativa – quando os participantes são os protagonistas
  • Passiva – quando os participantes sofrem / reagem à ação do ministério.
  1. Pontos fundamentais de uma Renião de Oração

A Reunião de Oração, não é uma catarse de nossos problemas existenciais, ou um “fast food” de graças e milagres, ou uma “sessão de descarrego”, muito menos um “culto mariano”.

Alguns pontos são essenciais para uma boa (eficiente) Reunião de Oração, e esses pontos são fundamentais para sua direção.

Bert Ghezzi em “Se  Senhor não construir”, 1976:

“Os encontros de oração são inspirados pelo Espírito Santo, mas um encontro de oração eficiente não acontece automaticamente quando algumas pessoas se reúnem para orar. As Reuniões de Oração fracassam quando não têm um veículo eficiente para a oração e o louvor. Precisamos aprender e desenvolver e aperfeiçoar encontros de oração que honram devidamente o Senhor e promovam o progresso na vida cristã”.

São 4 (quatro) pontos importantes para uma boa Reunião de Oração:

a)  Abertura para o contínuo derramamento do Espírito Santo
Esta abertura implica em não ter medo, desejar profundamente, fé expectante. Ficar “cheios do Espírito” novamente… Não como experiência inicial – como veremos mais a frente.

b) Louvor, louvor, louvor.
Precisamos entender que o Espírito Santo vem “de repente”, do “céu” e “enche toda a casa”. Este fato não é fruto de nossos méritos ou atividades, não é tampouco resultado de nossas técnicas, ministérios ou estruturas.

Na Renovação Carismática existe um canto que fala “No meio dos louvores Deus habita…” Este é o caminho, mas não só o “Louvorzão”- “solta voz meu irmão”… Isso, isssso… Mas o louvor partilhado. Daí o uso da Bíblia.

c) Culto ao Senhor
Esta é a razão última pela qual nos reunimos: prestar culto ao Senhor. Aqui é preciso timar cuidado com o “devocionismo”.
O centro de nossa reunião é o Senhor Ressuscitado, pois é em torno Dele que se faz comunidade. Pentecostes é um fato cristológico – Atos 2,33

d) Exercício dos carismas
“A cada um é dado o dom de manifestar o Espírito em vista do bem de todos”. 1Cor 12,7. É preciso “democratizar” a manifestação dos carismas!
Os carismas, dados para a construção da Igreja e em vista de sua missão, devem ser prática comum nas Reuniões.

  1. Objetivo da Reunião de Oração (Grupo)

James Byrne em A realização das promessas de Deus, 1976:

“Os encontros de oração não se destinam a produzir dentro das pessoas ardores farisaicos ou exaltações espirituais ou emocionais temporárias, em pessoas que não têm nenhum contato pessoal entre si. Eles não são fechados em si mesmos. O encontro (grupo) de oração não é um fim em si, mas sua finalidade é construir uma comunidade adulta de cristãos”.

Por sermos da Renovação Carismática Católica – RCC – a questão do batismo no Espírito – BES – é fundamental.

O BES é a identidade e a missão da RCC.

Mas é preciso entender que a experiência do Espírito ultrapassa o dado crítico experiencial. A experiência crítica – de choque – é única e acontece em determinado momento, que pode ser precisado historicamente. Esta experiência crítica nos remete àquilo que chamamos de “vida no Espírito”, que tem como grande característica a perseverança.

A experiência de Pentecostes implica em:

a) Uma experiência crítica

b) A vida no Espírito – testemunho e missão (perseverança)

c) Comunidade Cristã

Pentecostes, como derramamento inicial do Espírito, não se repetiu, embora seja possível ficar cheios do Espírito de novo – Atos 4,31.

Os corações ficaram compulgidos pela pregação de Pedro e pediram o batismo, aqui, de maneira clara, o sacramento que confere o Espírito. Não se trata da experiência. Eles queriam o Espírito que viram animar os Apóstolos.

A experiência crítica não é o objetivo primário das Reuniões de Oração, considerando que a maioria dos seus participantes, de alguma forma, já teve essa experiência. É claro que existem os que “vieram pela primeira vez”. Mas estes são sempre minoria.

A questão da iniciação à vida no Espírito é uma questão a parte. Os veículos, instrumentos, mais adequados são os Seminários de BES e as Experiências de Oração. Sobre isso, se der tempo, veremos com calma.

  • Portanto a Reunião de Oração tem como finalidade favorecer a perseverança na vida no Espírito, ou seja, o testemunho cristão, o engajamento na missão e a vida fraterna.

Buscar a cada reunião a experiência crítica ou identificar o BES somente com a experiência crítica, prejudica a finalidade da Reunião comum, salvo Assembleias de primeiro anuncio.

  1. Tipos de Reunião

Esta questão nos leva a considerar que existem vários tipos de Reuniões, tendo em vista que cada Reunião deve ser preparada. Não é porque estamos acostumados a fazer, que se deve dispensar a preparação.

O risco de ter um único modelo de GO é o risco da rotina ou da confusão entre experiência de sentido (existencial) e emocionalismo (experiência emocional de ambiente, que pode ser provocada por técnicas).

  • Um princípio fundamental: cada reunião deve ser preparada como única!

O tipo de reunião é determinado por sua finalidade específica, que é fruto do planejamento e preparação da Comunidade.

As Reuniões não todas iguais. As diferenças são determinadas pelo

a) Público

b) Finalidade

c) Ocasião.

E ainda existem:

d) As Assembleias de Oração

e) Os Pequenos Grupos

É preciso conhecer essas diferenças para o ministério de condução não “atrapalhar muito”. Como dizia o “Vô”: “devemos procurar atrapalhar o Espírito Santo, o menos possível”.

a)Publico

Além da natural divisão entre adultos, jovens, adolescentes e crianças – cada uma delas com sua especificidade – existe ainda a questão cultural e ambiente. Uma reunião no meio rural é diferente da reunião urbana; uma reunião de universitários é diferente de uma reunião de operários. São “mundos” diversos que devem ser considerados. Embora isso não impeça do Espírito agir. A oração é o elemento integrador.

b) Finalidade

A finalidade geral de cada Reunião é a experiência de Pentecostes, como vimos, mas cada Reunião tem sua finalidade específica.

O ministério de condução – mais adiante trataremos deste ministério – deve conhecer a finalidade da Reunião para assim atingir seus objetivos.

Com relação a finalidade podemos de duas “famílias”, ou seja de dois grupos mais extensos:

  • Reuniões querigmáticas – também chamadas de “Primeiro Anúncio”.

Nestas Reuniões a finalidade “é compulgir os corações” e levar seus participantes à conversão (no caso de batizados, a assumir seu batismo).

São as Reuniões típicas de Missão; de Seminários de Primeiro Anúncio; das Visitas às Escolas… Reuniões onde o público não é frequente a comunidade eclesial ou que ainda não foi evangelizado ou pouco evangelizado.

Aqui o texto referencial será Atos 2,1-41

  • Reuniões de Perseverança e Crescimento– também chamadas de “Catequéticas”. (por falta de um nome melhor)

Estas Reuniões são formadas por aqueles que já tiveram uma primeira experiência e que estão na Comunidade ou são frequentes (grande maioria) ao grupo. Não são mais alvos de um “primeiro anúncio para a conversão inicial”, precisam receber um “alimento sólido” para a “vida no Espírito”.

Portando a finalidade destas Reuniões é a “vida no Espírito”: perseverança, missão e fraternidade.

“Alimento sólido” não só como conteúdo doutrinal, mas também, e, sobretudo, de vida espiritual e fraterna. São as Reuniões fundamentais para a formação da Comunidade. Lugar de convívio, fraternidade, partilha, amizade…

São as Reuniões de “Abastecimento e Avivamento”; Patriarcados; Formações em geral; Pequenos Grupos, etc…

Aqui os textos referenciais serão Atos 2,42-47 e 4,32-37.

c) Ocasião

A ocasião é dada pela motivação da Reunião. Nem sempre as Reuniões são realizadas com participantes que conhecem ou participam ou participaram da RCC. Algumas vezes serão Reuniões em Escolas, com professores, com empresários, em fábricas e lojas no horário de expediente, etc.

É preciso considerar a ocasião para adequar a “pregação” e a forma da condução da Reunião para evitar constrangimentos e problemas desnecessários. Com isso não estamos afirmando que devemos abrir mão de nossa identidade “pentecostal”, mas sim agir com prudência, para ganhar “todos para Cristo”, com diz S. Paulo.

Dentro deste quadro ainda existem:

d) Os Pequenos Grupos

“Não são grupos grandes fracassados. São pequenos Grupos”.

Esta é a experiência original da RCC: grupos com o pequeno número de participantes, perseverantes, que podem se reunir em quanlquer lugar (nas casas) e que não demandam grandes aparatos de som e ministérios.

São reuniões de partilha da vida e da Palavra, que tem como finalidade aprofundar as relações fraternas e a solidariedade, bem como a experiência do exercício dos carismas. Inserem-se na “família” dos Grupos Catequéticos.

Formam a “base da comunidade de renovação” e para nós da JAVÉ NISSI é uma prioridade permanente, integrante da visão.

Os Pequenos Grupos não substituem a participação nas Assembleias e nas atividades da Comunidade. São ocasiões para a evangelização das casas e das famílias.

e) As Assembleias de Oração

São Reuniões maiores, no sentido de um maior número de participantes. Normalmente estes participantes são oriundos dos Pequenos Grupos e possibilitam uma maior integração na Comunidade.

A Assembleia de Oração é “a porta de entrada” para a experiência da Comunidade de Renovação. É o “lugar” de acolhimento dos “novos” e o alistamento para o Seminário de Iniciação ou Experiência de Oração.

As Assembleias de Oração seguem o que foi dito anteriormente a respeito de “público, finalidade e ocasião”.

  1. O Ministério de Condução ou Serviço de Condução

Embora as Reuniões de Oração devam ser dirigidas efetivamente pelo Espírito Santo, existe a necessidade de um “serviço” que favoreça esta direção – condução.

Como se trata de uma tarefa com múltiplas demandas e exigências, falamos de Ministério (ou Serviço) de Condução que engloba as diversas atividades que estão empenhadas na direção da Reunião – Grupo de Oração.

Evito falar de Ministério de Música, Pregação, etc., pois isto pode gerar a impressão que estes “Minsitérios” agem de maneira independente e autônoma em ralação aos demais que atuam na direção da Reunião. Embora isso ocorra efetivamente, infelizmente.

A Condução da Reunião é uma “obra de muitas mãos”, mas essa diversidade supõe uma unidade de ação que só pode acontecer quando “as partes estiverem em comunhão”. E esta desejável comunhão só acontecerá se estiverem juntos na preparação e oração pela Reunião que se sucederá. Existem exceções, como por exemplo, o pregador que vem de fora. Sobre isso falaremos mais a frente.

Essa orientação pastoral é a mais antiga na RCC. Em 1976 o “Vô” já falava das Reuniões de preparação para os Grupos. Foi quando surgiu a ideia das Equipes de Serviço, primeiro núcleo da Comunidade JAVÉ NISSI.

Esta orientação foi adotada e incoporada pela RCC no Brasil por causa da missão do “Vô” em suas viagens. Dizia ele: “um Grupo de Oração, uma Equipe de Serviço”.

Hoje somos uma Rede de Comunidades, promovemos diversas Reuniões de Oração, temos um Conselho em cada Comunidade, possuímos diversos Ministérios organizados, fazemos as escalas para os pregadores, animadores, músicos…

Pergunto: eles se reúnem para exercerem o Ministério de Condução? Para rezarem juntos e um pelos outros? Ou chegam em cima da hora, quando não atrasados…

Vocês podem me dizer: “é muito trabalho”… E eu posso dizer, não é esse nosso “serviço”? É uma questão de planejamento. Minha sugestão é que os responsáveis pelo Ministério da Condução cheguem um pouco antes (45 minutos) e conversem, rezem, partilhem… Sei que as atividades comuns na Comunidade já é o suficiente para a formação. O temário já é conhecido de todos, já nos conhecemos…

  • Para o Ministério de Condução a Reunião de Oração começa antes!

Os serviços básicos do Ministério de Condução são quatro. Isto não quer dizer que não possam existir outros. Como disse esses são básicos. Mas também não significa que sem eles “não pode acontecer a Reunião”.

Os serviços básicos, que compõem o Ministério de Condução, são os seguintes:

I) Pregação

II) Música

III) Condução da Oração

IV) Acolhimento

Não é necessário que tenha um responsável por cada um deles. Por exemplo: quem conduz oração pode ser aquele que conduz a música também. Não é interessante que o pregador seja o responsável pelo acolhimento, por exemplo.

Refletindo sobre cada um.

I) A Pregação

A Palavra é a grande motivação da oração que se caracteriza como uma “resposta” ao que Deus disse. Por isso, por questões didáticas e para facilitar o desenvolvimento da Reunião, é aconselhável que aconteça mais no início.

Quanto ao tempo e o estilo das pregações algumas orientações práticas:

  • Nos Pequenos Grupos não temos pregação e sim partilha da Palavra, que é feita por todos a partir de uma orientação mínima do responsável.
  • Nas Assembleias de Oração QUERIGMÁTICAS o tempo é de 15 (quinze) a 20 (vinte) minutos e deve ser incisiva, voltada para a experiência de conversão. O texto é o de Atos 2,37 ou 1Cor 2,4.
  • Nas Assembleias de Oração CATEQUÉTICAS o tempo é um pouco maior: 30 (trinta) a 35 (trinta e cinco) minutos e deve privilegiar os elementos de perseverança, missão e fraternidade, pois se trata de uma formação.
  • O uso das cartilhas (Querigma e Vida no Espírito) facilita a formação continuada e evita “atirar para todos os lados”, sendo um apoio à pregação que deve ser sempre preparada.
  • Quanto ao público à pregação deve ser adequada em vocabulário, conteúdo, animação, etc. Evitar exageros e o “estilo avivalista”. A sobriedade e unção são características de uma boa pregação.
  • Quanto à ocasião, a pregação deve obedecer ao temário (quando for o caso) e evitar a desculpa muito utilizada: “estava rezando e Deus disse eu deveria pregar”…
  • A pontualidade e o uso adequado do tempo são qualidades importantes do pregador.
  • Não se deve utilizar fontes não confiáveis; o uso de pregações evangélicas; fazer especulações filosóficas e teológicas; etc. A pregação não é ocasião para conjecturas e especulações. O Magistério da Igreja é a referência na interpretação dos textos da Bíblia, bem como dos temas morais e dos costumes. O pregador prega o que a Igreja ensina.

II) A Música

Indiscutivelmente a Música é um dos elementos mais facilitadores para a oração e por isso mesmo o mais tentado. Algumas orientações práticas.

  • O Ministério ou o músico atendo ao desenrolar da Reunião de Oração é uma bênção, mas o contrário também é verdadeiro: um ministério ou músico preocupado so consigo mesmo e sua “arte” e que faz da Reunião sua “plateia” é um desastre.
  • O Ministério de Música (seja uma banda ou um só) deve conhecer de antemão algumas coisas: tipo da Reunião, público, ocasião, tema da pregação, quem vai pregar, local… E se preparar, escolhendo as músicas e rezando com elas.
  • Deve ser criativo e se adaptar as moções que podem surgir durante a Reunião e ter sensibilidade para perceber a inspiração do Grupo. Ficar fixado numa lista prévia, de músicas e canções, atrapalha. Fazer esta lista, considerando o tema da pregação e os outros elementos, pode ser bom, mas não pode ser “uma lei”.
  • Quando a pregação diz alguma coisa, a oração outra e a música uma terceira… A Reunião perde a unidade e a oração de torna difícil.
  • A Reunião de Oração não é lugar de show, portanto as músicas devem ser mais conhecidas. Caso necessário, pode-se ensinar alguma canção antes do início da Reunião.
  • Por exigir equipamentos, algumas vezes, o Ministério de Música deve ser o primeiro a chegar (antes do resto do Ministério de Condução). Infelizmente são os que chegam mais atrasado.
  • A música deve favorecer a oração e o acolhimento da Palavra. As músicas mais “agitadas” acontecem mais no início da Reunião, para facilitar a comunhão dos participantes.
  • O Pequeno Grupo não precisa de um ministério – banda completa. Basta um violão ou algúem que tenha sensibilidade musical. Mas caso não tenha a ausência do ministério não impede a Reunião.
  • A sobriedade também no Ministério da Música é uma virtude importante.

III) A Condução da Oração

Como dissemos, é o Espírito Santo quem conduz a Reunião de Oração. É Ele que inspira, manifesta seus carismas, “cria” o ambiente de fé. Embora seja o “autor”, a Reunião de Oração precisa de alguém que dá concretude, que torne visível, de maneira prática esta condução.

Entre os pentecostais não católicos, esse serviço é chamado de “ministério de louvor”. Entre nós de “Animação des Grupos de Oração” – os “animadores”.

Muitas vezes esse serviço é mal compreendido e exercido de maneira equivocada. A começar pela expressão “animador de Grupo de Oração”, que dá impressão de ser um animador de auditório ou de torcida.

A função deste ministério é propor os momentos de oração, de acordo com os elementos da Reunião (público, finalidade, tipo e ocasião), considerando a pregação e ambiente.

Na Reunião quem deve rezar são os participantes, o condutor propõe e não reza em seu lugar. O protagonismo da oração pertence aos participantes e não ao condutor.

No Pequeno Grupo esta função é executada pelo responsável, já que o Ministério de Condução é de todos os participantes.

Algumas sugestões práticas para as ASSEMBLEIAS DE ORAÇÃO:

  • Muitas vezes o som é muito alto e o lugar onda acontece a Reunião é pequeno e, ainda por cima, o condutor “berra” no microfone, fazendo com que a oração seja inviável.
  • O uso do microfone de maneira adequada é fundamental. Muitas vezes o condutor (animador) não para de falar criando um ambiente histérico e excessivamente emocional. A técnica do “repete comigo” é no mínimo chata e cansativa.
  • Existem alguns que apelam para o infantilismo (aperte a bochecha do irmão) ou para o constrangimento (olho nos olhos de seu irmão). A técnica de “diga ao seu irmão” deve ser usada com muito discernimento e economicamente.
  • O que é mais comum é o “condutor / animador” levar a oração em direção contrária ou que não tenha relação com o que foi pregado, muitas vezes fugindo do propósito daquela Reunião.
  • O “condutor / animador” não “reprega a pregação” e se for usar um texto para motivar a oração inicial, o texto deve ter relação com o que será pregado ou com a motivação da Reunião.
  • O serviço é a condução da oração e não deve ultrapassar esse objetivo.
  • A oração inicial, após a acolhida, é mais curta e deve preparar o anuncio da Palavra e a oração após a Palavra é mais longa e deve ser uma resposta ao que foi pregado. Padre Jonas falava em “preparar o terreno, semear a semente e regar para que cresça”.
  • Algumas vezes o ”condutor / animador” conduz uma oração inicial tão longa (com textos / salmos; visões / estava preparando e Deus me disse; orientações e consagrações) que sobra pouco tempo para a Palavra e a própria oração.
  • As conduções “avivalistas”, emotivas, “histéricas”, são cansativas, dificultam a oração, não permitem as manifestações carismáticas e pouco produzem, a não ser suor.
  • A condução deve valorizar e favorecer a oração partilhada, o uso da Bíblia, as manifestações dos carismas, o louvor coletivo, o canto… A Reunião de Oração deve gerar um ambiente fraterno e de amizade e não é uma atividade aeróbica…
  • O condutor da oração deve se preparar pedindo a orientação de Deus e conhecer de antemão o que será pregado, ou o tema da Reunião, quando for o caso.
  • Técnicas de indução de comportamentos (soprar no microfone, estimular gritos e algazarra) é abuso religioso além de detestáveis.

IV) Acolhimento

Penso que este é um serviço que caiu no desuso e a função tem sido exercida pela “condução / animação” da Reunião, embora seja importante.

O Acolhimento no Pequeno Grupo é de responsabilidade de todos. Os avisos e comunicações são dados pelo responsável.

Nas Assembleias…

Normalmente temos alguém que “toca o pessoal para dentro”, outro que esbraveja para “que sentem na frente, que tem cadeiras” e outro que já está com o microfone na mão “agitando a galera”… A “coisa” começa…

Quando você chega a algum lugar, gosta de ser bem recebido, acolhido; gosta que lhe explique o que está acontecendo… Bem, essas são as funções do acolhimento.

Basicamente o serviço de acolhimento começa e termina a Reunião.

No início acolhe, explicando o que vai acontecer, já motivando e criando a expectativa da Reunião. Acolhe os que estão chegando, os visitantes, enfim, cria o ambiente favorável. É preciso que as pessoas saibam que a Reunião está começando.

É importante que seja alguém destacado para isso. Muitas vezes é o “crooner” do ministério que faz esse serviço, do tipo: acolhe seu irmão aí; dá um abraço nele; dê um sorriso com dente ou sem dente… enfim, uma agitação inicial e já “emenda” num canto animado: vamulá, batendo palmas, de pé… Começou!

Ao final da Reunião dá os avisos (calendário, atividades da Comunidade, Campanhas), faz o convite para a próxima, já criando uma expectativa e faz a oração final, sinalizando que a Reunião terminou.

Uma sugestão é organizar o serviço, que poderia ser responsável pela arrumação e decoração do lugar onde acontece a Reunião; acolher as pessoas que chegam na porta; ajudar os que tem dificuldade de chegar ao um lugar confortável, etc.

Nesse item, os evangélicos podem nos ensinar algo.

  1. Os carismas nas Reuniões de Oração

Os carismas são parte integrante da experiência de Pentecostes, portanto devem estar presentes nas Reuniões de Oração, tanto nas Assembleias como nos Pequenos Grupos, tanto nas Reuniões Querigmáticas quanto as Catequéticas.

Para que os carismas se manifestem é preciso que haja um ambiente que propicie tais manifestações e a expectativa de que aconteçam.

Embora a Reunião não trancorra em torno dos carismas, eles são importantes e constituem uma dos elementos importantes das Reuniões.

Quais carismas? Todos! Pois todos são “adequados e úteis” para o crescimento da Igreja e a formação da Comunidade. Quando falo “todos” não estou só me referindo aos descritos na 1ª Coríntios 12, mas todos os demais, citados ou não nas Escrituras, pois tudo aquilo, toda ação que edifica a Igreja, são carismas.

Para que os carismas se manifestem é preciso um ambiente favorável, dizia. Esse ambiente favorável é a oração e a fé expectante (aquela que espera e crê). Esse ambiente não é alcançado pela exaltação emocional, pois que os carismas não são produzidos por nós mesmos.

Alguns dos carismas, dos conhecidos por São Paulo, são mais “comuns” nas Reuniões de Oração: o dom das línguas; o dom da profecia (em línguas ou não, também em visões); os dons de cura, a palavra de ciência; o dom do discernimento.

Não elenco aqui o “repouso no Espírito” porque ainda é um assunto controverso na RCC.

Algumas breves considerações. Não há tempo aqui para maiores considerações que devem ser feitas nas formações nas Comunidades.

O dom das línguas

O dom das línguas, especialmente, é o mais comum e o mais questionado. A esse respeito indico o livro de René Laurentin – Pentecostalismo entre os Católicos, Editora Vozes, 1977 – como leitura fundamental.

Aqui basta dizer que esse “carisma é interior”, ou seja, é uma intenção interior, fruto da ação do Espírito Santo, de louvar, bendizer, clamar, etc. ao Senhor através de sons e expressões não articuladas.

Como é um carisma, a iniciativa é do Espírito Santo, embora esteja em minha liberdade o utilizá-lo ou não. Não é fruto de apresndizado (vai dizendo amém, amém, amém… que quando “emendar” é o dom. Ridículo).

Acredito que o temos hoje é o “louvorzão”. Uma expressão de louvor. Válido, verdadeiro, etc. etc., mas não é o carisma porque é fruto de minha iniciativa e verbalização. Chega a ser estranho estar rezando em línguas no microfone dando instruções aos que estão ajudando a oração, perguntado horário…

A profecia

A profecia é o carisma por excelência das Reuniões de Oração. São Paulo diz ser o seu preferido.

É o impulso de dizer algo que o Senhor Deus inspira naquele momento. Pode ser utilizando o pronome pessoal direto (Eu o Senhor, digo…), ou de uma forma menos “solene” (o Senhor está dizendo…)

Ocorre de diversas maneiras: vernáculo, línguas, visões, textos da Sagrada Escritura (leitura inspirada)… Edifica, consola, exorta os presentes.

Para que aconteça é precisa que haja silêncio de escuta e expectativa. Uma Reunião muito agitada e sem silêncio, sobretudo silêncio inerior, dificilmente acontecem profecias.

É preciso vencer o medo.

Os líderes devem formar e informar os participantes das Reuniões a respeito do uso dos dons, como forma de ultrapassar o medo e criar a fé expectante necessária.

 

Os dons das curas

Muitas vezes esse carisma se manifesta em conjunto com a palavra de ciência que revela a ação de Deus.

Sabemos e cremos que Deus cura, mas não podemos fazer desta realizade a razão da Reunião e tampouco prometer curas, já que é o Espírito Santo que se manifesta quando quer e onde quer.

A prática da “metralhadora giratória”, atirar para todo lado, indistintamente, não é uma prática cristã. A cura exige o testemunho de sua realização.

Não existe uma “propriedade” dos dons por parte de um “ministério”. No caso das curas, todos podem rezar pedindo a cura ao Senhor Jesus que cura.

Nas Reuniões de Oração pode-se promover a oração pela cura dos enfermos presentes ou não e deve-se esperar que a oração obtenha resultado. Mas não podemos ser imprudentes e temerários.

  1. Conclusão

O assunto é extenso e numa Reunião de um dia é impossível esgotá-lo. Teremos outras ocasiões para ampliar e aprofunda esta breve instrução introdutória.

A última observação que quero fazer é esta: PRECISAMOS VOLTAR A PREPARAR NOSSAS REUNIÕES DE ORAÇÃO. Não podemos mais ficar “no piloto automático”, fazendo sempre as mesmas coisas, numa rotina cansativa e sem criatividade.

Estamos vivendo uma realidade diferente, precisamos retomar a novidade das Reuniões, as surpresas das Reuniões… Voltar ao primeiro amor

Tácito Coutinho - Tatá - Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi

Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi

Deixe seu comentário
Captcha Clique na imagem para atualizar o captcha..