A Esperança Cristã (Escatologia)

A Esperança Cristã (Escatologia)

Cesar Kuzma

Doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio. Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio. Bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR. Professor de Teologia Sistemática e Teologia Pastoral da PUCPR

1 Questões introdutórias

Por muito tempo, a escatologia foi designada como a doutrina das coisas últimas, como aquilo que deveria ser tratado no fim, quase como um apêndice, destinado ao novo que estaria por acontecer ao ser humano depois da sua morte. Seguramente, a escatologia não abandonou este discurso a respeito do fim e sobre esse novo que espera o ser humano e toda a criação no seu futuro, contudo tece o seu labor, hoje, em outra perspectiva, marcada pela esperança cristã que vive da experiência do Cristo ressuscitado, em quem Deus realizou todas as coisas.

A experiência do ressuscitado gera em quem crê uma esperança que transcende a própria existência, abre-se agora ao novo que vem e invade e modifica todo o nosso ser. Vive-se uma fé de advento. É um encontro que nos faz novas criaturas e a esperança possibilita viver  no presente esta expectativa futura, mesmo que em tensão, pois aquilo que foi prometido ainda não se manifestou em plenitude (cf. 1Jo 3,2), o que nos coloca, neste tempo e nesta história, no andar da esperança; na esperança pela qual fomos salvos (cf. Rm 8,24). Vive-se isso de forma ativa. Não se trata mais de um discurso antecipador e informativo do que vem após o fim, mas de um discurso performativo, que provoca uma atitude, uma performance correspondente. O discurso escatológico ganha, pois, uma nova intenção com a esperança cristã.

2 A esperança cristã e a escatologia

2.1 A esperança cristã

A fé é esperança (BENTO XVI, 2007, n.2), e a esperança cristã é a esperança da fé (MOLTMANN, 2005, p.34). Por um lado, podemos garantir que a esperança é uma virtude, logo ela não acontece apenas pelo ímpeto humano, mas é suscitada pelo próprio Deus, portanto, ela é dom. Por outro lado, esta esperança que emana de Deus e toca o mais íntimo do ser humano confronta-se com um mundo reverso no qual aquele que espera e vive dessa esperança sente-se desafiado a dar as suas razões. É ter esperança contra toda a esperança (cf. Rm 4,18). Vista desta forma, a esperança cristã provoca o ser humano a agir, coloca-o em movimento, para frente.

Essa é a melhor maneira de se entender hoje a esperança cristã e aproximá-la do discurso escatológico, fazendo isso de forma dialética, sem que a esperança apareça como uma fuga do mundo rumo ao desconhecido e sem também que se perca na imanência da história. Tendo como referência o Cristo ressuscitado – que na sua manifestação aponta o crucificado e o caminho que ele percorreu – a esperança cristã nunca será uma fuga da história e das responsabilidades, mas sim, ao modo de uma fé encarnada, um autêntico compromisso com tudo o que circula a nossa existência (PIAZZA, 2004, p.68). Faz valer no mundo a vontade de Deus e percebe, nesse mundo, os momentos de manifestação de sua presença, tempos e momentos favoráveis da graça de Deus (kairós – kairói). A esperança será sempre virtude (cf. 1Cor 13,13), porque vem de Deus e emana de sua vontade, sendo perceptível a nós pela fé (cf. Hb 11,1). Ou como diz W. Pannenberg: “vale para a esperança cristã que seu fundamento está fora de nós mesmos, a saber, em Jesus Cristo” (PANNENBERG, 2009, p.245). No entanto, essa esperança será também força, porque acontece no grito do povo que sofre, que trabalha e que clama a Deus a sua justiça e espera ansiosamente sua libertação futura. Isso se faz sentir desde a experiência do Êxodo (cf. Êx 3,7-8) até o tempo atual. A relação dialética entre estas duas noções da mesma esperança é o que vai garantir que se chegue à grande esperança, a Esperança última (LIBANIO; BINGEMER, 1985, p.35), que, como foi explicitado na Exortação Verbum Domini, tem rosto humano e nos amou até o fim (BENTO XVI, 2010, n.91b).

O que é específico na esperança cristã e que dá a ela todo este caráter escatológico não é apenas uma espera de alguma coisa, mas uma espera em Cristo, e em Cristo se realizam todas as coisas, nele tudo se torna novo (cf. Ap 21,5).

2.2 Novas questões e novas problemáticas

A esperança cristã é a chave de leitura fundamental para se entender hoje a escatologia. É o que dá sentido a seu conteúdo. É por onde se percebe a verdade que se instalou em nosso meio e que se tornou vida – e vida plena – no Mistério Pascal. Vista antes como um tratado que se ocupava em discorrer sobre as coisas últimas (Eschata), a escatologia, na atualidade, é chamada a uma nova orientação e percepção de seu conteúdo e passa a ser concebida a partir do horizonte último (o Éschaton), que é Cristo, e que como ressuscitado abre para nós e para toda a história uma nova possibilidade de futuro. Cristo ressuscitado abre para nós e para toda a criação um novo momento de encontro com Deus, onde tudo o que é perene torna-se pleno e tudo o que é terno torna-se eterno (KUZMA, 2014, p.59-60). Na esperança cristã tudo se transforma: toda a dor, sofrimento, pecado e morte abre espaço para a vida, e essa vida – vida plena – preenche todos os espaços possíveis e alcançáveis, valendo-se do que é impossível e inalcançável (PIAZZA, 2004, p.57), isto é, incompreensível à limitação humana, mas revelado plenamente por Cristo, que como ressuscitado impôs sentido a tudo o que existe.

O teólogo Jürgen Moltmann, um dos grandes responsáveis por esta atualização da escatologia, que ganha o seu vigor maior na segunda metade do século XX, ajuda-nos a entender este contexto:

Na realidade, a escatologia é idêntica à doutrina da esperança cristã, que abrange tanto aquilo que se espera como o ato de esperar, suscitado por esse objeto. O cristianismo é total e visceralmente escatologia, e não só como apêndice; ele é perspectiva e tendência para frente, e, por isso mesmo, renovação, e transformação do presente. O escatológico não é algo que se adiciona ao cristianismo, mas é simplesmente o meio em que se move a fé cristã, aquilo que dá o tom a tudo que há nele, as cores da aurora de um novo dia esperado que tingem tudo o que existe (MOLTMANN, 2005, p.30).

É abrir os olhos diante de um novo dia, ao qual somos todos chamados a desfrutar e a trabalhar, a viver e a construir. É uma esperança que pede uma ação. Nas palavras do Concílio Vaticano II, que também impele esta intenção, se diz que a pessoa deve ser salva e a sociedade consolidada (GS n.3).

2.3 O Cristo ressuscitado como fonte e destino de toda esperança

A esperança cristã nos faz perceber este futuro novo ao qual somos chamados por Deus. Este futuro prometido nos é antecipado pela experiência de fé no ressuscitado, uma experiência fundante e que nutre toda a esperança; é de onde parte hoje o discurso da escatologia. Cristo ressuscitado é, pois, a personificação das coisas últimas e é ele que dá sentido à história, ele a enche de conteúdo. Vê-se a história, o antes e o depois, a partir dele. Dessa forma, aquilo que é esperado para o futuro, aquilo que estamos destinados a viver e a ser no encontro pleno com Deus, no eterno, já nos é antecipado e se manifesta no presente da história (cf. 1Cor 15,17), no tempo, sendo algo sensível à fé e vivido em esperança. A salvação oferecida por Deus e garantida por Cristo, gratuitamente a todos, é vivida em esperança (cf. Rm 8,24).

3 Fundamentação bíblica

Os textos bíblicos são recheados de conteúdo escatológico. No AT temos o Deus que se revela, que cria, que se aproxima e que liberta e caminha com o seu povo, e que nas suas promessas faz surgir a esperança (cf. Gn 12,1; 13,14-17; 15,-1-5; Êx 3,7-12). Três promessas surgem neste primeiro momento: terra, descendência e aliança (NOCKE, 2002, p.342). Mais tarde, aparecerá uma quarta, que diz respeito ao Reino em Israel, que se perde e se divide no agir humano, deixando o povo sem rumo, na desesperança, o que alimenta e faz surgirem os profetas de Israel, quando Isaías clama “o Príncipe da Paz” (cf. Is 9,1-6). Também em Ezequiel, quando fala de Deus que dá ao povo um coração novo (cf. Ez 36,26) e traz vida aos ossos secos (cf. Ez 37,1-14), dentre outras. O AT é rico em expressões escatológicas que suscitam a esperança, porém, gostaríamos de destacar aqui o texto de Isaías 65, que fala da nova criação, onde não haverá choro nem lamentação, onde o lobo e o cordeiro pastarão juntos e o leão comerá feno como o boi (cf. Is 65,17-25). Um belíssimo texto, que se aproxima muito do texto de Apocalipse do NT, quando se fala do novo céu e da nova terra, onde Deus estará conosco e vai enxugar toda lágrima e a morte não haverá mais, pois ele fará novas todas as coisas (cf. Ap 21,1-7).

No NT temos, em Cristo, o cumprimento de todas as promessas e a abertura para o Novo, que aponta para o futuro em Deus. Cristo faz acontecer o Reino em sua própria pessoa (cf. Mt 11,5-6). Ele é “aquele que vem” (Mt 3,11) e traz vida a este mundo e faz justiça (cf. Lc 4,18-19). Ele é o Emanuel (cf. Mt 1,23), a ressurreição e a vida (cf. Jo 11,25). Tudo aquilo que já se realizou em Cristo é para nós motivo de alegria (cf. Fl 4,4) e de esperança (cf. Cl 1,27), pois somos chamados ao mesmo futuro, a ressurreição (cf. 1Cor 15,14). Em Cristo Deus criou todas as coisas, e neste mundo ele se rebaixou (cf. Fl 2,6-11), a fim de conduzir o tempo à plenitude (cf. Ef 1,3-14).

4 Reino de Deus

O Reino de Deus é o núcleo central da escatologia hoje, pois remete ao futuro anunciado e prometido por Jesus, e provoca-nos também a essa mesma prática, em seu seguimento. Reino de Deus é onde acontece e se faz acontecer o amor, a justiça e a paz; é a presença salvífica e ativa de Deus na história, oferecida por ele gratuitamente e afirmada por nós livremente (SCHILLEBEECKX, 1994, p.150-1).

É a presença de Deus no mundo, uma presença visível e concreta pela pessoa e práxis de Jesus, quando os cegos veem, quando os mortos acordam, quando os doentes são curados e quando o pão é repartido. O Reino acontece no viver de Jesus de Nazaré, e somos chamados a isso. Reino de Deus é uma linguagem humana, de tom político e religioso, pela qual entendemos a ação de Deus em nosso meio. Será sempre uma ação salvífica e libertadora, que torna pleno e enche de vida tudo o que existe. É quando Deus revela ao ser humano e a toda a criação a sua intenção última e definitiva e conclama todos ao seu seguimento, sua busca, a uma vida em esperança que vai se realizar no futuro de Deus.

Em Cristo, cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus ficou próximo (cf. Mc 1,15). Somos chamados a viver a sua práxis e a construir, no presente, aquilo que já nos espera no futuro.

5 Ressurreição

Ressurreição é o que se tem de mais radical e absoluto, pois é quando a vida vence o tempo e o espaço e irrompe para a eternidade de Deus. É quando tudo o que existe abandona-se na graça daquele que é o autor da vida e que preenche todas as condições de nossa existência. É quando o limite humano se encontra na grandiosidade de Deus. É a transformação máxima, a concretização de toda a esperança (BOFF, 2010, p.41). Nem a morte pode mais com a sua palavra e com seu poder, pois a morte foi vencida para sempre e já não atinge a vida, que se revestiu de plenitude e de verdadeiro sentido em Cristo. Ressurreição é o encontro pleno e certo com Deus, é quando o veremos face a face e ele revelará na essência aquilo que somos e nós o veremos na essência assim como ele é. Será o momento em que o amor tomará conta do nosso ser e tudo o que era distante se tornará próximo, tudo o que estava oculto será revelado e tudo o que nos envolve estará cheio da presença de Deus. A sua justiça será feita e serão feitas novas todas as coisas.

5.1 A ressurreição dos mortos

A base de toda a fé cristã, por certo de toda a esperança, está no Cristo ressuscitado. A experiência desse evento nos primeiros discípulos constituiu o alimento de toda a esperança, a única força capaz de gerar vida em meio à morte e de gerar confiança em meio a tribulações. Isso se torna verdadeiro, por exemplo, pela frase situada no Evangelho de João, durante a narrativa de Lázaro que, aliada ao contexto da comunidade (perseguida) a quem se destinava o Evangelho, diz de maneira intensa: “Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra viverá. E quem vive e crê em mim jamais morrerá” (Jo 11,25-26). O mesmo se reproduz em toda a comunidade primitiva, onde a experiência do ressuscitado era fonte de vida e de transformação  nesta vida (cf. Rm 6,1-11; Cl 2,12-13; 3,1; dentre outras); vivia-se ali o gérmen da ressurreição, caminhando de forma peregrina ao encontro absoluto, semeado e vivido na esperança.

A ressurreição dos mortos, dentro da compreensão cristã, supera tudo aquilo que se entendia a respeito de uma vida futura e que era contemplado dentro da tradição semítica (NOCKE, 2002, p.405). O evento Cristo marca o tempo de forma nova e transcende qualquer expectativa. O que se vive é a experiência deste momento, que faz surgir a fé e a esperança diante de um amor que vivifica. Na ótica cristã, a ressurreição não é a restituição desta vida, como um voltar de um cadáver, ou um voltar a este tempo e espaço, ou mesmo um reconduzir de almas (atento a uma visão dualista e não-cristã do ser humano), mas é a plenificação de todas as potencialidades humanas, sendo agora elevadas ao plano de Deus, ao plano do eterno. Com a morte, encerra-se neste tempo aquilo que o próprio ser humano e o mundo projetam sobre a vida; mas é nessa mesma morte que Deus revela ao ser humano a sua verdadeira identidade e o seu verdadeiro futuro no alicerce da verdadeira vida. Com a morte rompe-se o tempo e adentra-se no eterno; rompem-se os limites da história e penetra-se no vasto espaço de Deus.

Morte e ressurreição não são momentos isolados, mas são momentos contínuos no existir humano. Viver é caminhar para a morte a cada dia. Morrer é abandonar-se na esperança de Deus e deixar-se tocar pela ressurreição que vem e atinge todo o nosso ser. Pela experiência dos primeiros cristãos, a ressurreição é um desfrutar da presença de Deus desde agora, neste tempo e espaço, até o momento derradeiro, onde estaremos com Deus, e ele será pleno em nós e nós seremos plenos nele. Esse será o momento em que o ser humano escondido será revelado, face a face, sem mentiras, sem máscaras, sem pudor, sem respeito, mas com amor. É quando ele terá a certeza de ser fruto de um amor maior e, ao mesmo tempo, misterioso, que o envolve e o coloca diante da face de Deus. Será a transformação plena, a plenitude do encontro com Deus, a realização do projeto de Deus em nós e a nossa realização em Deus. É a felicidade, é o amor.

5.2 A parusia

Por parusia entende-se a manifestação máxima, última e plena de Deus, que já age no tempo e se faz presente em meio a nós por seu Espírito, desde a sua vinda pela encarnação até a sua consumação final (KUZMA, 2014, p.45). É quando tudo o que é esperado torna-se pleno e cheio de vida e é onde Deus será tudo em todos e em todas as coisas (cf. 1Cor 15,28), e isso não apenas ao ser humano que espera, mas a toda criação que geme à espera deste grande dia (cf. Rm 8,22).  Para nós que aqui estamos e vivemos a fé em clima de advento, na expectativa do Deus que vem e que faz novas todas as coisas.

Assim como a morte e a ressurreição são percebidas e vividas experencialmente durante o percurso de uma vida, o mesmo se pode dizer sobre a parusia. Não podemos projetá-la para um momento isolado no futuro, algo a acontecer a nós e ao mundo em um tempo predeterminado, sempre à frente. Temos certo pela fé que o fim e a consumação de todas as coisas já irromperam com Cristo e nele – nesse evento único – Deus já realizou o seu plano salvífico e disse a sua última palavra, que é uma palavra de salvação. A percepção desse evento nos chega de forma escatológica, pelo sentir da esperança, a partir de um Cristo que vem a nós e nos antecipa a glória do seu Reino, convidando-nos a segui-lo, mediante a sua proposta de Reino, assumindo as esperanças deste mundo e conduzindo-as à grande esperança que se realiza nele. A parusia é, pois, um evento contínuo que se antecipa e se faz perceber, e na esperança tende à sua realização, onde tudo será transformado e preenchido com a glória de Deus. “A Parusia é a ressurreição atingindo a história: a história de todos os homens e de todos os tempos. Está sempre acontecendo” (LIBANIO; BINGEMER, 1985, p.215).

5.3 A justiça de Deus

Todo este olhar da escatologia, alimentado pela esperança cristã e que parte do Cristo ressuscitado, conduz o nosso olhar também para o Cristo crucificado que traz as marcas da Paixão e nos aponta o caminho percorrido até a cruz, o caminho do Reino de Deus. É o ressuscitado que é o crucificado (MOLTMANN, 2005, p.287-8), e que se traduz em promessa para o mundo, uma promessa de justiça (KUZMA, 2014, p.118-24). A ressurreição de Cristo dá à cruz um novo significado. Ela abre à história uma nova possibilidade, onde todos são aceitos e transformados diante de um amor incondicional. Deus faz a sua justiça e acolhe todos. Na sua cruz ele se torna solidário com todos aqueles que sofrem e foram arrebentados em suas vidas, estende a eles um novo ar de esperança: onde há morte, ele produz vida; onde há abandono, ele produz um gesto concreto de liberdade e de amor. Mas na cruz, também, ele perdoa a todos, também os algozes da história; a ressurreição não anula o fato, mas o enche de conteúdo e de esperança e oferece a todos (vítimas ou causadores) uma nova possibilidade de vida no amor e na justiça.

6 Novo Céu e Nova Terra

E tudo se encaminha para o fim bom e eterno de Deus. A promessa da criação chega ao seu fim derradeiro (cf. Gn 1,31). O fim do tempo e o início da eternidade com Deus. A humanidade e a criação se realizam e se tornam plenas diante da verdadeira vida e do encontro com o absoluto. Nada mais pode atingir ou destruir, a morte foi vencida, o tempo já não existe. Eis a casa de Deus com os seus filhos (cf. Ap 21,3). Ali não haverá mais luto nem lágrima e a dor já não atinge mais.

Eis que Cristo será tudo em todos e em todas as coisas (cf. 1Cor 15,28). O passado e o futuro se encontrarão num instante eterno, num reino escatológico, presente e permanente, aonde o ainda não se tornará  e o que é terno se tornará eterno, num tempo que já não é mais tempo, mas é graça e plenitude, um kairós escatológico e triunfante (MOLTMANN, 2003, p.357-60), um Novo Céu e uma Nova Terra (cf. Ap 21,1).

Essa é a escatologia compreendida pela esperança cristã. Esperar em Deus significa abandonar-se no amor daquele que vem e transforma todo o nosso ser e tudo o que existe, leva tudo ao estado pleno, conduz tudo e todos ao encontro da verdadeira vida.

Referências bibliográficas

BENTO XVI. Spe salvi. 2.ed. São Paulo: Paulinas, 2007.

__________. Verbum Domini. São Paulo: Paulinas, 2010.

BOFF, L. Vida para além da morte: o presente: seu futuro, sua festa, sua contestação. 25.ed. Petrópolis: Vozes, 2010.

KUZMA, C. O futuro de Deus na missão da esperança:  uma aproximação escatológica. São Paulo: Paulinas, 2014.

LIBANIO, J. B.; BINGEMER, M. C. L. Escatologia cristã: o Novo Céu e a Nova Terra. Petrópolis: Vozes, 1985.

MOLTMANN, J.; A vinda de Deus: escatologia cristã. São Leopoldo: UNISINOS, 2003.

_____________.Teologia da Esperança: estudos sobre os fundamentos e as consequências de uma escatologia cristã. São Paulo: Teológica; Loyola, 2005.

NOCKE, F-J. Escatologia. In: SCHNEIDER, T. (org.). Manual de dogmática. 2.ed. Petrópolis: 2002, p. 339-426, v.2.

PANNENBERG, W. Teologia Sistemática. Santo André: Academia cristã, 2009, v.3.

PIAZZA, O. F. A esperança: lógica do impossível. São Paulo: Paulinas, 2004.

SCHILLEBEECKX, E. História humana: revelação de Deus. São Paulo: Paulus, 1994.

VATICANO II. Mensagens, discursos e documentos. São Paulo: Paulinas, 1998.

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