Há um tempo para cada coisa… Eis o tempo de discernir!
Namoro é tempo da descoberta, do conhecimento, de erros e acertos, do discernimento. O namoro tem um tempero próprio: a paixão! Que não é um sentimento qualquer, pelo contrário, é avassalador, nos rouba a razão, intensifica a emoção, faz o mundo ficar mais colorido, é um tempo belíssimo de apegos e saudade, onde os minutos parecem horas e as horas parecem minutos.
A paixão é um dos mais belos e emocionantes sentimentos que experimentamos em nossa vida; contudo este nobre sentimento pode vir a tornar-se uma armadilha, um emaranhado que pode atrasar, disprogramar e até reprogramar uma história de vida que aparentemente já estava toda acertada.
Não são poucas os casos onde a paixão cega totalmente às virtudes, gerando consequências das mais diversas: um namoro que era para ser casto perde os parâmetros chegando há uma gravidez inesperada, por vezes, até indesejada; o afastamento dos amigos e da própria comunidade; ruptura com a família e até fuga de casa.
A lista pode ser ainda mais apimentada, embora pareça estranho ver um sentimento tão belo se extravasar em formas tão grotescas, não são poucos casos televisivos em que jornais polêmicos narram assassinato por amor, suicídio por amor etc.
Que podemos fazer para não nos perdermos nos extremos da relação? Precisamos traçar um caminho, uma rota, peças básicas que nos sirvam como via de discernimento. Como? Se a paixão é tão avassaladora como poderemos aplicar estes parâmetros? Uma boa pergunta merece sempre uma boa resposta! Quando já estamos envolvidos na paixão dificilmente conseguimos aplicar qualquer tipo de discernimento. Mas partindo do princípio que amor à primeira vista é conto de fadas e, que amor verdadeiro se faz na relação, então podemos nos preparar para entrar no relacionamento, pois no inicio ainda somos autônomos e ajuizados.
No caminho de discernimento podemos aplicar alguns critérios básicos que vão da adolescência à idade adulta: a vitima que eu escolhi isto quando eu não sou a vitima, (brincadeiras a parte, mas hora iniciamos a relação, hora somos iniciados nessa relação) trata-se de uma pessoa trabalhadora (não é preguiçoso/a), ele/a estuda, como é a família dele/a, ou ainda, como ele/a se relaciona com essa família (não tem de ser perfeita, mas precisa sonhar e caminhar para o aperfeiçoamento), está empregado/a, busca emprego, é sincero/a, crê em Deus, não é dado/a a pornografia (se for o quanto está disposto a renúncia), acredita no matrimônio. Essa ultima pergunta pode até causar espanto, mas pode ser a caixa de pandora já para o inicio do relacionamento, pois se não houver créditos ao casamento, dificilmente haverá créditos a fidelidade. Entendamos bem: não é que ela tenha que querer casar no primeiro momento e, sim qual a visão dela para o casamento, para a vida a dois a fidelidade!
O relacionamento é sempre um devir, o verdadeiro amor nos chama a renúncias e, embora seja difícil, o melhor momento para treinar as renúncias é o inicio do namoro. Sempre uma das partes precisará ceder em algumas decisões, porém que sejam levados em consideração os princípios mais relevantes.
Em tudo isso uma verdade nos perpassa, não há situação que Deus não possa mudar, mas somos chamados a colaborar, aplicar os princípios acima propostos não é racionalismo ou desconfiança, antes é sabedoria e prudência!
O melhor dos caminhos é a vida de oração, uma boa direção espiritual e assídua vivência comunitária!
Autor: Carlinhos Faria – Teólogo – Membro da Comunidade Javé Nissi