A sexualidade no caminho da maturidade – A adolescência 2ª parte
Na sociedade atual a perda do transcendente é uma das principais causas deste descontrole pessoal e social. O abandono de Deus, o relativismo dos valores, principalmente religiosos, tem sido altamente daninho para nossos jovens e adolescentes. O problema começa com a negação do pecado, onde tudo é permitido desde que eu me sinta bem, não há preocupação com o amanhã, basta o “cape diem”, isto é, viver bem o hoje, no entanto o ser humano vive no tempo e no espaço, suas ações têm consequências, implicações das mais simples as mais graves.
O transcendente (Deus) é um referencial necessário, trata-se de loucura deixa-lo de lado como tem feito as correntes intelectuais modernas. No lugar de Deus (Instituições e valores = Igreja), vive-se o espiritualismo, um deus de fast food, self servisse, onde o cidadão escolhe o que ele quer em deus e de deus, montando em seu prato a religião da conveniência, que não lhe cause nem um peso de consciência por sua conduta.
Essa perda de valores atingiu nossas famílias, a sociedade e tornou-se, infelizmente parâmetro para a juventude em suas escolhas. Podemos analisar dois pontos que afetam diretamente nossos adolescentes e que sinalizam um futuro nada esperançoso, referimo-nos aqui ao malefício da pornografia e a dessacralização do matrimônio.
O adolescente está fisicamente preparado para o sexo, todavia o mesmo não pode ser dito de sua maturidade psíquica e os encargos sociais que a vida sexual ativa poderão lhe acarretar. A cobrança sobre estes jovens tornasse desleal, seja na escola ou na faculdade, para estes é impensável que alguém possa ser BV1 nem mesmo BV2 (Boca virgem…). Sua situação social é degradante, pois eles não encontram forças para resistir a essas cobranças, uma vez que não se submetem, sentem-se excluídos. Não bastasse esta rejeição, ainda são invadidos pela pornografia, termo este que pode ser abordado de diversas formas, contudo, LANGLY LONGFORD[1] o expressa com maestria: “Pornografia é tudo aquilo que explora e despersonifica o sexo e faz com que o sexo e faz com que o ser humano seja tratado como coisa, e as mulheres em especial, sejam tratados como objetos sexuais”.
Logo tal definição joga fachos de luzes para vermos a influência negativa de certas letras de músicas, para o momento podemos destacar o sertanejo universitário e o funk. Sem generalizações tais letras de músicas supõe a imaginação, já as telenovelas e filmes invadem essa imaginação. Este forte apelo lança os adolescentes no desejo desregrado, a masturbação e a prática sexual. Essa precocidade só vem a colaborar com o descredito matrimonial.
Infelizmente é muito comum, em nossos dias, a descrença, principalmente dos adolescentes, quanto ao casamento. Em suas diálogos faz-se perceptível que permeia-lhes a ideia de alternativas quanto ao casamento, como paternidade e maternidade, coabitação fora do ambiente matrimonial. Dentre as causas de tais pensamentos podemos destacar o alto índice do números de divórcios, casamento infeliz vivido pelos pais em casa, o todo mundo faz isso, hedonismo e grande influencia do cinema, da TV e da mídia em geral.
Como podemos ver a realidade que os cerca é desumana, foge ao legado mínimo de valores que eles deveriam receber para construir e amadurecer suas personalidades. O resultado não é nada agradável e pode ser visto tanto em cidadelas como nos grandes centros urbanos. Com toda clareza podemos afirmar: não basta pregar para que vivam a castidade, antes é preciso que lhes demos um porque desta castidade! Não se constrói uma casa pelo telhado, da mesma maneira não adianta apresentarmos regras, sem que conheçam seu valor.
Para refletirmos durante este mês podemos nos perguntar: Por que a fé cristã nos propõe a castidade? Ela é mesmo necessária?
[1] LANGLY LONGFORD, apud, LES PARROT, adolescentes em conflito, 2003, p. 341.
Autor: Carlinhos Faria – Teólogo – Membro da Comunidade Javé Nissi
imagem: http://www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=Adolescente&lang=3