Carismas – Atualidade dos Carismas na Igreja
A Renovação Carismática tem raízes profundas no Novo Testamento. Este rápido estudo sobre a teologia de S. Paulo põe em evidência a solidez doutrinal de alguns aspectos da práxis da Renovação. O ensinamento de S. Paulo não se restringe apenas à sua época. O novíssimo Catecismo da Igreja Católica mostra a plena validez desse ensinamento para os nossos dias.
A grande graça que Deus concedeu à sua Igreja neste fim do segundo milênio foi a abundância do dom do Espírito Santo. A atualidade da presença operante do Espírito Santo se manifesta no vigor exuberante da Renovação Carismática. Milhões de pessoas, sobretudo jovens, aprenderam a rezar. Poderá haver espetáculo de fé mais comovedor do que uma concentração de vinte ou trinta mil jovens um dia inteiro em nossos grandes estádios, rezando, cantando, louvando, o Senhor e escutando atentos a Palavra de Deus? Esses novos Pentecostes chamados, com toda a razão, de Renovação pessoal e social. Pessoas que viviam num mundo totalmente secularizado, dominadas pelo consumismo e pela ética do prazer, totalmente alheias a qualquer preocupação pela justiça social e alheias à solidariedade e impermeáveis a qualquer sentimento fraterno, de repente se encontram, confraternizam-se recriando as primeiras comunidades da Igreja primitiva nas quais todos eram um só coração e uma só alma (At 4,32). A autêntica reforma social não se impõe de fora, destruindo estruturas pela violência. Quando a pessoa se abre a Deus, se deixa assumir pelo Espírito e reforma seu coração, ela descobre nos outros, sobretudo nos mais carentes e excluídos, seu próximo e seu irmão. A conversão a Deus implica abertura ao próximo e solidariedade fraterna. A Renovação Carismática é a grande esperança da Salvação de nossa sociedade neste fim do milênio.
O novo Catecismo da Igreja Católica recorda várias vezes a redescoberta dos carismas e a renovação do Pentecostes na Igreja de hoje. 798: “O Espírito Santo é o Princípio de toda ação vital verdadeiramente salutar em cada uma das diversas partes do Corpo. Ele opera de múltiplas maneiras a edificação do Corpo inteiro na caridade: pela Palavra de Deus (…) pelas virtudes que fazem agir segundo o bem, enfim pelas múltiplas graças especiais (chamadas “carismas”), através das quais torna os fiéis aptos e prontos a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios, que contribuem para a Renovação e maior incremento da Igreja”.
- “Sejam extraordinários ou sejam simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, direta ou indiretamente, têm uma utilidade eclesial, ordenados que são à edificação da greja, ao bem dos homens e às necessidades do mundo”.
- 800. “Os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por todos os membros da Igreja. Pois são uma maravilhosa riqueza de graça para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo, mas desde que se trate de dons que provenham verdadeiramente do Espírito Santo e que sejam exercidos de maneira plenamente conforme aos impulsos autênticos deste mesmo Espírito, isto é, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas.”
- “É neste sentido que se faz sempre necessário o discernimento dos carismas. Nenhum carisma dispensa a reverência e a submissão aos Pastores da Igreja… a fim de que todos os carismas cooperem, na sua diversidade e complementaridade, para o bem comum” (1Cor 12,7).
- 951. “A comunhão dos carismas. Na comunhão da Igreja, o Espírito Santo distribui entre os fiéis de todas as classes as graças especiais (carismas) para a edificação da Igreja. Ora, cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos”.
O Catecismo elenca as variedades dos carismas, como, por exemplo, o “carisma de cura”. 1508: “O Espírito Santo dá a algumas pessoas um carisma especial de cura para manifestar a força da graça de ressuscitado”.
Os carismas, além de “serem dons que o Espírito Santo concede para nos associar à sua obra, para nos tornar capazes de colaborar com a salvação dos outros e com o crescimento do Corpo de Cristo, a Igreja (2003), manifestam também a força da graça do Cristo ressucitado” (1508).
Autor: Tácito Coutinho – Tatá