As Comunidades (Eclesiais) de Renovação

As Comunidades (Eclesiais) de Renovação

1 – Fundamentos da Comunidade de Renovação

A) Algumas considerações

A Igreja primitiva se reunia em pequenos núcleos – modelo da sinagoga – que formavam a comunidade cristã. O Templo, lugar do sacrifício e do culto oficial, era freqüentado por todos, mas a vivência cristã se efetivava na pequena comunidade, que com as outras existentes na mesma cidade-lugarejo, constituía a COMUNIDADE CRISTÃ. No Novo Testamento, muitas vezes, o pequeno núcleo de comunidade era: a casa com a família e agregados onde existe um relacionamento de parentesco, dependência e proximidade.

Existem 4 maneiras de se formarem os grupos e podemos aplicar o mesmo conceito na formação das células / núcleos:

(1) Parentesco; (2) Localização geográfica (proximidade); (3) Interesses comuns ou trabalho; (4) vocação e experiência comum (não necessariamente religiosa)

No caso das CERs, seus Núcleos de Comunidade tem a experiência do batismo no Espírito Santo e encontro pessoal com Jesus, como sua fundamentação. Portanto se identifica com os grupos que se formam a partir da vocação e experiência comum, neste caso religiosa. Além desta identificação básica, deve-se considerar ainda considerando ainda os outros motivos para estarem reunidos. Além desta identificação básica, deve-se considerar ainda os outros motivos e as outras maneiras para estarem reunidos (parentesco, proximidade e interesses) no intuito de facilitar sua formação.

Daí a necessidade premente de se compreender toda dimensão do batismo no Espírito Santo, que ultrapassa a simples experiência subjetiva.

Podemos falar de uma Comunidade (povo) que tem constituição efetivada na Reunião de Oração (Grupo de Oração), seus Núcleos/Células de Comunidade (N/C) e seus serviços (Ministérios e Missão).

Walter Smet, um autor  de “primeira hora” em seu livro “Eu faço um mundo novo”, Edições Loyola 1978, página 131, faz a seguinte afirmação:

“O grupo de oração não é um fim em si. Antes estimula a formação de comunidades cristãs e constitui um dos meios a disposição dos fiéis para realizá-la em sua família, paróquia e ambientes de vida e de trabalho. A reunião carismática semanal deve levar à oração pessoal cotidiana, à anunciação da Boa Nova a outros, em autêntico espírito de serviço”.

O mesmo autor nas páginas 146 e 147 da obra citada observa:

É manifestamente um elemento essencial do plano de Deus que a união entre os cristãos dê, de modo visível, testemunho do amor de Deus para com os homens, concretizado na morte e ressurreição de Jesus. Os primeiros cristãos, com efeito, o compreenderam assim. Depois de terem, no dia de Pentecostes, recebido o Espírito Santo, continuavam fiéis à vida comunitária, à fração do pão e nas orações – Atos 2,42-46.

Não deixa de ser surpreendente que São Paulo ligue sua exposição sobre os carismas com a sua doutrina em que a união entre os cristãos fica formulada em função do pertencer ao único Corpo Místico de Cristo (1Cor 12, 12-27).

Ralph Martin, uma das quatro pessoas que, em 1967, receberam em Pittsburgh a “plenitude do Espírito Santo”, escreve num notável ensaio sobre a comunidade cristã:

Os carismas são dados e praticados para levar o único Corpo de todos os cristãos a maior desenvolvimento, união e harmonia… Gostaria até de ir tão longe que eu declaro: alguém que não mantém regularmente relações com outros cristãos não se encontra na situação em que Deus possa fazer o que ele deseja para ele, e que não está no lugar onde Deus o quer.

Resumindo, pode-se dizer que os ambientes carismáticos são cada vez mais de opinião que a experiência do Espírito não possa produzir todos os seus frutos, a não ser que se abra o caminho para um cristianismo vivido em conjunto. Ela não tem nada de uma experiência religiosa isolada; liberta forças, pelas quais os cristãos passam a construir uma comunidade em que se vai aprofundando o seu conhecimento e a sua experiência de Deus, em que a sua vida cotidiana se torna uma imitação do que o próprio Jesus fazia e em que manifestam para cada um o amor de Deus para com todos os homens.

Para que a experiência pentecostal tenha efeitos duradouros, exige-se manifestamente muito mais do que algumas grandes esperanças, a imposição das moas e a alegria subseqüente por causa da resposta maravilhosa de Deus. Cresceu uma forte convicção que afirma que são absolutamente indispensáveis estas duas coisas: (1) direção e acompanhamento (liderança); (2) comunidades cristãs em que homens (e mulheres) que desejam viver no Espírito possam apoiar e confirmarem-se uns aos outros”.

B) Finalidade das Comunidades: construir a Igreja

As chamadas COMUNIDADES DE RENOVAÇÃO são grupos cujo fim imediato é o de viver o que dos seus olhos aparece como essencial: a dimensão comunitária do cristianismo. A dinâmica dessas comunidades as leva a interessar-se cada vez mais pelas necessidades da comunidade humana e a comprometer-se com objetivos que ultrapassam seus interesses privados. Seus membros tomam parte ativa em projetos planejados pela sua comunidade.

O motivo que leva à constituição da Comunidade de Renovação é, entre outros, a necessidade de uma formação e de uma companhia na vida no Espírito. Essa necessidade nasce de um desejo fundamental: crescer, como grupo, até a perfeita medida do Corpo Místico de Cristo, com os dons, funções e ministérios que o Espírito quer dar a toda Igreja local ou a toda comunidade. Deste modo, a partir da base e por via carismática, crescerão a força vital e a irradiação da Igreja.

A vida cristã comunitária é uma necessidade nos tempos que correm. É toda vez mais difícil sobreviver, como cristão crente, num mundo secularizado; crescer e realizar a missão confiada por Deus. A forma de vida que a estrutura sócio-econômica impõe às famílias e aos indivíduos não está apta a favorecer a realização dos planos de Deus para suas vidas. Ao contrário. Mas isto não dispensa os cristãos modernos da necessidade de estabelecer algumas prioridades.

A tendência moderna para uma vida comunitária tem feito reviver o interesse pela comunidade cristã na Igreja primitiva, tal como a descrevem os Atos dos Apóstolos. Há a grande tentação de pensar que os cristãos de hoje devem seguir seu exemplo. A situação pastoral  nesse tempo é muito mais complexa que a da Igreja apostólica. A Igreja de hoje deve realizar sua missão numa sociedade e numa civilização diferentes.

C) Renovação Carismática e Comunidades

A RCC está convencida de que, como nos primeiros séculos, o primeiro efeito da vinda do Espírito sobre os cristãos é o de formar a Igreja. Ou seja, unir os cristãos numa comunidade de fé, de fraternidade e de serviço a toda a comunidade humana, para dar assim testemunho da credibilidade da boa nova. Agora que voltamos a uma Igreja da diáspora, o testemunho da Igreja no mundo, opina o cardeal Suenens – e muitos outros com ele -, baseia-se cada vez mais na qualidade das comunidades eclesiais.

Do ponto de vista sociológico, a multiplicação de “pequenas Igrejas” ou “comunidades” pretende explicar-se como uma reação contra situações existentes na Igreja, e na sociedade. Essas novas células de Igreja tentam ser diferentes, mais humanas, menos jurídicas, mais próximas ou mais dinâmicas que as paróquias ou as instituições religiosas existentes. (cf. CNBB – Doc 54 n. 278)

A inspiração religiosa que deu origem às Comunidades de Renovação se encontra no Novo Testamento. Sua mensagem é clara. A Comunidade de Renovação não encontra sua razão de ser numa necessidade, nem numa tarefa, mas num estado, num modo de existir. A Comunidade de Renovação não se forma a partir de certas práticas, nem a partir de uma função, mas a partir de um laço que une existencialmente os cristãos. (cf. CNBB – Doc 54 n. 271)

Esse modo de viver, essa união, é um modo fundamental, anterior a qualquer outra fundamento ou motivo que passa dar a essa comunidade uma forma e uma finalidade concretas. De sua união com Jesus Cristo procede o fato de os cristãos não estarem isolados, mas de que se reunam em grupos e que colaborem num projeto grandioso: instaurar o Reino de Deus entre os homens, a fim de que, unidos a ele, encontrem a felicidade.

Esse laço que une os cristãos, a Bíblia o chama de “eclesia” ou Igreja. Por isso, as Comunidades de Renovação propõem, em primeiro lugar, como objetivo primordial, fazer experiência de Igreja, tal como a descreve o Novo Testamento. Para muitos, hoje, a palavra Igreja evoca imediatamente a imagem de uma organização hierárquica, um magistério e uma série de leis. Todavia, a Igreja é muito mais do que isso. Portanto é importante um estudo mais atento do modo como a Bíblia a apresenta.

Os fundamentos sobre os quais repousa a vida comunitária cristã é a unidade em Cristo, o único Corpo Místico e a unidade no Espírito. O Concílio Vaticano II resumiu magnificamente tudo só em sua constituição Lumen Gentium.

D) Um só Senhor, um só Corpo e um só Espírito

Desde sempre, Deus teve um plano para os homens. De muitas formas, os fez conhecer que os ama e que deseja manter relação com eles. Por pura benevolência, sem nenhum mérito da parte deles. Não cessa de repetir que seu amor é diferente do dos homens; é gratuito e fiel. Deus quer fazer dos homens participantes de sua própria perfeição e de sua própria felicidade.

Deus não quer manifestar seu amor dos homens de forma isolada, mas como coletividade, pois a seus olhos a comunidade humana é o reflexo da unidade que existe no próprio seio da Trindade. Deus quer reunir num povo um novo tipo de povo, o Povo de Deus, a todos os que respondem à sua chamada. Entre eles, fundará um reino de paz eterna, de justiça e de fraternidade. Deus tratará esse povo como um pai a seus filhos. No final dos tempos, serão os herdeiros de sua glória eterna junto a Ele.

a) Um só Senhor

A unidade em Jesus Cristo

Para realizar este plano, a humanidade está unida a Jesus Cristo desde antes da criação do mundo. Pois Jesus Cristo é Deus e Homem, Filho do Pai e primogênito de toda criatura, em quem e por quem tudo foi criado (Cl 1,15).

Essa unidade de todos em Jesus Cristo os faz partícipes de tudo o que Deus lhes reservou. É o primeiro fundamento de uma vida comunitária cristã.  São Paulo a cantou num magnífico hino (Ef 1,3-10)

O Senhor de todos

Porque tudo pertence a Jesus Cristo e todo bem dele procede, os cristãos o chamam “seu Senhor”. Dão a isso um sentido literal: Cristo é realmente o Senhor de suas comunidades e de suas pessoas. Segundo eles, o cristianismo não é, sobretudo, uma doutrina, uma série de práticas ou de obrigações, mas uma pessoa viva: Jesus Cristo. Ser cristão é a experiência vivida da realidade de sua morte e ressurreição redentoras, ser cristão é estabelecer com ele uma relação pessoal e irradiar o amor divino aos outros. Sua vida comunitária é orientada totalmente para Jesus Cristo e submetida ao seu senhorio.

Irmãos e Irmãs em Cristo

Os cristãos sabem que, em Cristo, são filhos do mesmo Pai e membros da mesma família divina ( Jo 1,18; 3,8). E chamam os outros cristãos de seus irmãos e irmãs. Não há nada mais importante no mundo que Cristo. Não pode haver, portanto, comunidade cristã senão a partir do momento em que os membros se tratem mutuamente como irmãos e irmãs, porque são cristãos. Qualquer outra motivação – sentimentos, interesses comuns, atração sexual – fica subordinada. As relações cristãs têm prioridade sobre outras relações como as estabelecidas com compatriotas, companheiros de partido e pessoas da mesma classe.

Essa fraternidade pressupõe laços de afeto, grande solicitude de uns para com os outros e uma incondicionalidade no serviço a todos. A maioria dos homens não dá mostras de tais sentimentos senão a um grupo restrito de amigos que conheceu ocasionalmente e cuja amizade cultiva. A alternativa cristã é um amor fraterno que se partilha com um grupo numeroso sem tornar-se impessoal. Sabendo-se unidos em Cristo, os cristãos podem tratar-se mutuamente com afeto e confiança, apesar do grande número de pessoas com as quais entram em relacionamento.

Como irmãos e irmãs em Cristo, os membros das comunidades cristãs se sentem responsáveis pelas alegrias e sofrimentos de cada um. Comprometem-se explicitamente uns com os outros ou se sentem silenciosamente obrigados a todo tipo de serviço. Ninguém pode passar necessidades por omissão dos demais (1 Cor 3,17-18). Seria o próprio Cristo quem estaria com fome ou sede, quem estaria nu ou só. ( MT 24,35-44).

Tudo o que possuem devem à benevolência divina, sem nenhum mérito de sua parte. Não têm nenhum direito sobre tais bens, ainda que os tenham recebido. Eles pertencem ao Cristo, por quem e para quem tudo foi criado (Ef 1; cor 10,26). Ele os dá aos homens como administradores, para que cuidem deles em proveito de todos (Mt 25,15-18; Lc 11,18).

b) Um só Corpo

Para descrever a unidade dos discípulos de Cristo, o Novo Testamento recorre a várias figuras. O apóstolo Paulo emprega sobretudo a imagem do corpo. Segundo ele, uma comunidade cristã (uma Igreja) é, num sentido Místico, a extensão do corpo ressuscitado de Cristo. A maneira como o apóstolo argumenta, quando identifica o cristão e o Corpo de Cristo, exclui a possibilidade de uma linguagem puramente simbólica. A seus olhos, existe uma realidade.

Como chegam os homens a ser membros do Corpo Místico de Cristo? Não por sua própria vontade. Jesus diz: “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o atrair” (Jo 6,44) e em outro lugar: “Não fostes vos que me escolhestes, mas eu que vos escolhi” (Jo 15,16). A incorporação ao corpo de Cristo faz-se por meio do batismo. Quando alguém é batizado em nome de Jesus, se converte – escreve Paulo – num só corpo (com o corpo ressuscitado do Cristo), pela força do Espírito (1 Cor 12,13). Porque esse rito simboliza e opera a união com a morte e ressurreição de Cristo: fomos com ele sepultados pelo batismo. E se nos fizemos uma mesma coisa com ele por uma morte semelhante à sua, também o seremos por uma ressurreição semelhante (Rm 6,4-5).

Solidariedade cristã

Todos os membros de um corpo são solidários no crescimento desse corpo. Do mesmo modo, o Corpo Místico de Cristo é também o fundamento de um novo tipo de solidariedade entre os homens. Paulo escreve: assim como nosso corpo em sua unidade, possui muitos membros e nem todos os membros desempenham a mesma função, assim também nós, sendo muitos, não formamos senão um só corpo em Cristo, sendo cada qual, por sua vez, membros uns dos outros ( Rm 12, 4.6).

O cristianismo é essencialmente comunitário, de acordo com a oração de Jesus: que eles sejam um, Pai, como tu e eu somos um (Jo 17,21) e de acordo também com o que advertiu: onde dois ou três se reunirem em meu nome, ali estarei no meio deles (Mt 18,20).

Do mesmo modo que os membros têm a sua função específica no corpo e são indispensáveis ao bem-estar do conjunto, assim também os cristãos precisam uns dos outros (Rm12,4-6). Ninguém pode dizer ao outro : não preciso de ti (lCor12,14-21). Porque Deus derramou seus dons sobre o corpo e nenhum membro recebeu-os todos. Portanto, a solidariedade humana não é um luxo, mas uma necessidade. Deus dispôs as coisas de modo a que cada um dos cristãos tenha necessidade do outro para o seu pleno desenvolvimento. Onde há cristãos que formam um  corpo, eles experimentam em plenitude a força redentora de Cristo e estão capacitados para fazer coisas ainda maiores que as que fez o próprio Jesus Cristo (Jo1,12,13). Onde não formam corpo, sofrem solitariamente as consequências de sua débil capacidade de resistência contra os poderes do mal (1Cor 12-26).

c) Um só Espírito

As forças vitais, próprias do Corpo de Cristo, atualizam-se enquanto se vive realmente a solidariedade cristã.

Por si só, os homens são incapazes de conseguir o ideal comunitário com que sonham. A história do povo de Israel, o povo escolhido por Deus no Antigo Testamento, demonstra isso de um modo evidente. Por isso, os profetas anunciam que Deus quer adquirir para si um novo povo e infundirá nos homens seu próprio Espírito. Assim, poderão caminhar nos Planos de Deus a partir do mais íntimo do seu interior e com um coração novo.

Chegará um tempo, prediz o profeta Joel, em que o Espírito de Deus descerá; não só sobre reis e profetas, mas inundará até mesmo as crianças, os servos e as servas com sua força profética ( Joel 3,1-5).

Batizados no mesmo Espírito

Quando Jesus terminou sua missão sobre a terra, anunciou que seu Pai enviaria o Espírito Santo.

Este ensinaria os discípulos e os sustentaria (Jo 14,16-17 ; 25-26; 16,12-15; 17,4).A vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos e sobre os primeiros cristãos ocorreu no dia de Pentecostes. Esse dia marca o nascimento da Igreja e o princípio de um novo tempo, o tempo do Espírito Santo. O Espírito é a fonte que brota para a vida eterna (Jo 4,14; 7,3 e 39). Ele é a força viva que faz tudo na Igreja e conserva nela a vida e a juventude. Por ele, Deus habita agora nos fiéis como templos ( Ef 2,19-22; Jo 4,22-24). Deste modo, os homens, nascem de novo, para uma vida nova e espiritual, uma vida que procede de Deus (Jo 3,5); já não obedecem servilmente, mas sim com espírito de adoção filial, movidos interiormente pela lei do amor que torna supérflua qualquer outra lei (Carta aos Gálatas).

O Espírito Santo é o princípio pelo qual o Corpo de Cristo se forma e se estende. Porque é ele que une todos os novos fiéis a Cristo, Cabeça do Corpo e, ao mesmo tempo, unifica-os entre si, formando um todo. Por isso, a animação de todos pelo mesmo Espírito constitui o segundo fundamento da vida comunitária cristã. Ser cristão é, essencialmente, tornar Cristo visível numa nova forma de sociedade. “O Espírito foi enviado para formar a Igreja; por Ele o povo de Deus continua a obra de Cristo e tudo renova (Ap 21, 5).

D) A Comunidade de Renovação

Existem diversas formas de diferenciar as comunidades. Umas querem imitar a Cristo em sua pobreza, outras em sua predileção pelos pequeninos. Outras dedicam-se à oração contemplativa, ou dão testemunho da unidade que deve existir entre cristãos. Todavia, há algo que distingue de um modo especial a Comunidade de Renovação: a importância que ela dá à ação do Espírito Santo. A Comunidade de Renovação se dedica conscientemente a ouvir as inspirações do Espírito e a entregar-se plenamente à sua direção.

A Comunidade de Renovação é uma comunidade “aberta”, ou seja, é formada por pessoas que tem o mesmo princípio de espiritualidade e experiência de Deus e procuram viver no mundo, em seu próprio estado de vida, de uma maneira mais comprometida, esta mesma experiência. Ela não está restrita a um espaço e nem submetida a uma “regra de vida”, busca viver o cristianismo de uma maneira mais solidária, estando presente na vida paroquial e se identificando como uma Comunidade Eclesial dentro da “rede de comunidades” que a Paróquia deve ser.

A Comunidade de Renovação tem como referência privilegiada a Paróquia, lugar teólogico pelo Mistério da Eucaristia, onde ela se alimenta e testemunha sua comunhão com a Igreja Diocesana e portanto com a Igreja toda. Está submissa à sucessão apostólica e tem na doutrina proclamada pelo Magistério seu princípio de formação e critério de ação.

A Comunidade de Renovação oferece uma nova opção de vida eclesial, fundamentada no Evangelho, na oração e na experiência de Deus e dos carismas do Espírito Santo, para tanto busca organizar espaços onde esta proposta comunitária pode ser efetivada. Chamamos este “espaço” de CASAS DE FORMAÇÃO.

A Comunidade de Renovação é uma expressão de Igreja e realiza sua missão organizando seus ministérios e serviços, que manifestam sua identidade.

E) Aplicação à Comunidade de Renovação

A RCC quer formar Comunidades porque está  convencida de que não se pode ser plenamente cristão senão formando o Corpo com outras cristãos. Porque, separado do Corpo, o membro morre (Jo 15,4). Neste mundo secularizado, o cristão não tem outra alternativa. Deve unir-se a outros cristãos com os quais passa viver sua união com o Cristo. Isolado, sua vida de fé corre o risco de debilitar-se e a pessoa não terá nenhuma força de irradiação (cf. CNBB – Doc 54 n. 271, 278, 280 e 283).

Jesus Cristo, na véspera de sua Paixão, rogou insistentemente para que seus discípulos fossem um, como a própria Trindade é uma comunidade (Jo 13,34-3 5; 15,1-17; 17,20-2). A “vida abundante” que Jesus prometeu (Jo 10,10) só pode provir de uma vida comunitária cristã, sadia e intensa. Um compromisso parcial dos membros fere o desenvolvimento do Corpo inteiro. O Corpo deve poder contar com a contribuição de cada um. Pertencer ao Corpo significa, finalmente, que ninguém pode tomar nenhuma decisão sobre si mesmo sem levar em conta os demais membros. Cada qual deve subordinar seus interesses pessoais aos do Corpo inteiro e, portanto, submeter-se à direção da Cabeça. A cabeça é Cristo. Por isso, as chamadas Comunidades de Renovação consideram a submissão e a docilidade aos que exercem a autoridade do Cristo na Igreja um aspecto essencial da comunidade cristã (Ef 5,21-6, Cl 3,18-4,1).

  1. Os ministérios na Comunidade de Renovação

A) Considerações

Não se pode estabelecer Comunidades de Renovação (CR) como se constitui um clube, uma associação, ou qualquer instituição humana, por mais importante e grandiosa que seja.

A Comunidade de Renoavção é comunidade em sentido teológico, e não meramente sociológico, sendo eclesial por viver todos os elementos básicos da comunidade de Igreja: fé, culto, esperança, amor, salvação, sucessão apostólica.

Ela é, pois, uma comunidade singular (única), que realiza a vocação cristã, vitalmente conectada aos demais níveis eclesiais (diocesano e universal).

B) Comunidade singular

A Igreja é comunidade, mas de um modo próprio, singular e específico, porque é comunhão à semelhança da Trindade.

Há um princípio de organização social próprio dos cristãos. Eles não se contentam com meras relações humanas, mas são chamados a estabelecer relações  evangélicas com todos os homens. Devemos amar os outros, como Deus nos amou e como amamos a Deus (Jo 18,20; lJo 1,1-3). O amor de Deus se comunicou aos homens de tal modo, que a comunidade eclesial vive algo do amor existente na Trindade. É a extensão do amor do Filho ao Pai, amor que é o Espírito Santo e procede do mesmo amor do Pai e do Filho.

Deste modo, o amor de Deus é princípio da diversidade e da unidade da Igreja. A diversidade da comunidade eclesial não é somente o reflexo da diversidade entre os indivíduos humanos; é também efeito da diversidade dos dons do Espírito e da resposta que os homens, livremente, a ele devem dar.

De forma semelhante, a unidade da comunidade eclesial não resulta simplesmente dos fatores de aglutinação que regem os grupos humanos. Ela é unidade pelo Espírito. O que faz a unidade eclesial é o serviço mútuo de todos os crentes e deles aos demais homens. É algo que não se encontra nos grupos resultantes das civilizações humanas, e, precisamente por isso, a vida da Igreja deve ser um anúncio profético de amor, unidade, comunhão. A presença dessa comunhão deve aparecer de forma palpável; esse serviço deve ser capaz de provocar uma resposta de fé e adesão nas pessoas… Ao conhecer a vida concreta dos cristãos, o mundo deve sentir-se atraído a viver os valores evangélicos.

O povo de Deus, no Novo Testamento, procede da evangelização e da fé. Não tem raízes humanas, é efeito da força do Espírito. Por isso, a fé nasce onde há pregação da revelação divina e da Mensagem de Cristo, e a fé vivida em comum, aceita em comum, gera a Igreja. Esta existe onde alguém crê e se entrega ao mistério de Deus, em Jesus Cristo; onde a graça pascal se torna vitoriosa na liberdade da pessoa; esta vitória é proclamada e celebrada em uma comunidade de amor, ao serviço de todos. Sem homem e sem mundo, não existe Igreja. Ela não é para si mesma, mas para os outros. Logo, o que legitima uma comunidade cristã é a fé vivida em comum, a experiência comum da conversão a Cristo, a missão e o serviço aos homens.

C) Níveis de presença eclesial

A única Igreja de Cristo vive, realiza sua missão e se manifesta em três níveis ou extensões: UNIVERSAL, PARTICULAR e de BASE.

Nesses níveis atua a globalidade da Igreja, como sacramento de Cristo, pois ela é uma comunidade sacramental e, por conseguinte, visível (em suas estruturas, em sua história, nos meios de ação, em seus membros, em sua autoridade – cf. LG 8). Por ser visível, a Igreja é sempre localizada (nível universal, particular, ou base). O que localiza a Igreja não é o território, mas uma comunidade, em comunhão real, não meramente jurídica e espiritual (CD 1).

A nomenclatura usada para distinguir estas diferentes presenças e extensões eclesiais é Igreja universal, particular e base.

  • IGREJA UNIVERSAL, para identificar todas as localizações da Igreja no conjunto total eclesial, isto é, todas as comunidades eclesiais particulares, em comunhão recíproca, sob a coordenação do sucessor de Pedro. A comunidade eclesial universal é possível como comunhão das Igrejas particulares. Ha multiplicidade de formas sociológicas e institucionais em que se concretiza a realidade humana da Igreja. Quer isto dizer que nem todas as comunidades eclesiais se constituem segundo o mesmo padrão. Todas são, porém, a única Igreja, mantendo a comunhão recíproca. Cada igreja particular não pode realmente ser Igreja, se não está em comunhão com as outras igrejas, se não está vitalmente na Igreja universal.
  • A IGREJA PARTICULAR é a localização completa da Igreja universal, a nível de um povo, com seu bispo, presbitério, povo carismático, ministérios e missões. A Igreja particular não é uma cópia ou imitação de uma pastoral da Igreja universal ou de outra Igreja particular. É resultado de um esforço de encarnação e adaptação criadora da única fé e da única Igreja de Cristo, no contexto social e cultural de seu lugar. É presidida por um bispo. Nela se realiza em totalidade teológica o novo povo de Deus. Ela, ao cumprir sua própria missão, enriquece e estimula o crescimento das igrejas irmãs, porque toda a Igreja é um mistério de comunhão.
  • IGREJA DE BASE, para referir a última e fundamental expressão de Igreja. Na situação atual, os cristãos não estão encontrando, na vasta comunidade que é a diocese (e a paróquia), o lugar onde viver a escala humana e do “dia a dia”, a dimensão comunitária e missionária de sua vida cristã. Daqui o nascimento espontâneo de comunidades menores, comunidades eclesiais, as quais por sua vez se agrupam habitualmente nessa comunidade intermédia chamada paróquia e, noutras ocasiões, fora dela, ligando-se diretamente, nesse caso, ao bispo. Estas comunidades eclesiais, a partir da experiência da RCC, colocam como condição de vida individual e comunitária:
  • que a profissão comum da fé da Igreja seja considerada não só como um requisito de ingresso, mas como a própria base que fundamenta a comunhão entre os membros do grupo;
  • que a missão e tarefa da Igreja seja assumida comunitáriamente;
  • que haja um compromisso com o momento atual, numa ação de transformação das injustiças reinantes resultantes do pecado, e que tal compromisso seja ordenado em vista da salvação integral do homem;
  • que haja reconhecimento e aceitação efetiva do ministério ordenado como vínculo institucional que assegura a comunhão católica, a sacramentalidade que culmina na Eucaristia, e a sucessão apostólica. Este elemento indispensável da comunidade é garantido, quando não pela presença pessoal do presbítero, pela presença de uma verdadeira equipe de servidores (líderes) da comunidade reconhecidos pela Igreja local
  • que a espiritualidade seja comum aos participantes, fundamentada na experiência do Espírito que tudo renova,
  • que a missão de evangelizar seja assumida supondo o uso dos carismas
  • que a sua identidade seja preservada quando dos trabalhos pastorais assumidos em comum,
  • que a formação dos servidores seja adequada ao Magistério da Igreja e com os conteúdos próprios à Comunidade de Renovação,
  • que a oração seja o princípio do agir.

D) O papel dos leigos e os diversos ministérios

Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi”, números 70 e 73

Leigos

  1. Os leigos, a quem a sua vocação específica coloca no meio do mundo e à frente de tarefas as mais variadas na ordem temporal, devem também eles, através disso mesmo, atuar uma singular forma de evangelização.

A sua primeira e imediata tarefa não é a instituição e o desenvolvimento da Igreja – esse é o papel específico dos pastores – mas sim, o pôr em prática todas as possibilidades cristãs e evangélicas escondidas, mas já presentes e operantes, nas coisas do mundo. O campo próprio da sua atividade evangelizadora é o mesmo mundo vasto e complicado da política, da realidade social e da economia, coma também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, do “mass media” e, ainda, outras realidades abertas para a evangelização como o amor, a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento.

Quanto mais leigos houver impregnados do Evangelho, responsáveis em relação a tais realidades e comprometidos claramente nas mesmas, competentes para as promover e conscientes de que é necessàrio fazer desabrochar a sua capacidade cristã muitas vêzes escondida e asfixiada, tanto mais essas realidades, sem nada perder ou sacrificar do próprio coeficiente humano, mas patenteando uma dimensão transcendente para o além, não raro desconhecida, virão a se encontrar no serviço da edificação do Reino de Deus e, por conseguinte, da salvação em Jesus Cristo.

Ministérios diversificados

  1. Assim, a presença ativa dos leigos nas realidades temporais assume toda a sua importância. No entanto, é preciso não descurar ou não deixar no esquecimento outra dimensão: os leigos podem também sentir-se chamados ou vir a ser chamados para colaborar, com os próprios pastores ao serviço da comunidade eclesial, para o crescimento e a vida da mesma, pela exercício dos ministérios muito diversificados, segundo a graça e os carismas que o Senhor houver por bem depositar neles.

Não é sem experimentar intimamente uma grande alegria que nós vemos uma legião de pastores, religiosos e leigos, apaixonados pela sua missão evangelizadora, a procurarem moldes mais adaptados em que anunciar eficazmente o Evangelho; e encorajamos a abertura que, nesta linha e com essa preocupação, a Igreja demonstra ter alcançado nos dias de hoje. Abertura para a reflexão, em primeiro lugar; e depois, abertura para ministérios eclesiais suscetíveis de rejuvenescer e de reforçar o seu próprio dinamismo evangelizador.

É certo que, ao lado dos ministérios ordenados, alguns fiéis passam a consagrar-se de uma maneira particular ao serviço da comunidade, a Igreja reconhece também o lugar de ministérios não-ordenados, e que são aptos para assegurar um especial serviço da mesma Igreja.

Um relance sobre as origens da Igreja é muito elucidativo e fará com que se beneficie de uma antiga experiência nesta matéria dos ministérios, experiência que se apresenta válida, dado que ela permitiu à Igreja consolidar-se, crescer e expandir-se. O atender assim às fontes, deve ser completado ainda pela atenção às necessidads atuais da humanidade e da mesma Igreja. O ir beber nestas fontes sempre inspiradoras, e o nada sacrificar destes valores, mas saber adaptar-se às exigências e às necessidades atuais, constituem a base sobre que há de assentar a busca sapiente e o colocar na devida luz os ministérios de que a Igreja precisa e que bom número dos seus membros hão de ter a peito abraçar para uma maior vitalidade da comunidade eclesial.

Tais ministérios virão a ter um verdadeiro valor pastoral na medida em que se estabelecerem com um respeito absoluto da unidade e aproveitando-se da orientação dos pastores, que são precisamente os responsáveis e os artífices da mesma unidade da Igreja.

Tais ministérios, novos na aparência mas, muito ligados a experiências vividas pela Igreja ao longo da sua existência – por exemplo, os de catequistas, de animadores da oração e do canto, de cristãos devotados ao serviço da Palavra de Deus ou à assistência dos irmãos em necessidade, ou ainda os de chefes de pequenas comunidades, de responsáveis por movimentos apostólicos, ou outros responsáveis – são preciosos para a implantação, para a vida e para o crescimento da Igreja e para a sua capacidade de irradiar a própria mensagem a sua volta e para aqueles que estão distantes.

Nós somos devedores também da nossa estima particular a todos os leigos que aceitam consagrar uma parte do seu tempo, de suas energias e às vezes mesmo a sua vida toda, ao serviço das missões.

E) Os ministérios fundamentais da Comunidade de Renovação

Os serviços ou ministérios são formados conforme as diversas dimensões e aspectos da Comunidade de Renovação e podem ser assim divididos: os serviços de coordenação, os serviços da missão, os serviços da formação e os serviços da comunhão, integrando desta maneira todas as  dimensões da Comunidade de Renovação. De um modo geral podemos falar que estes serviços ou ministérios essenciais da Comunidade são descritos na Carta de S. Paulo aos Efésios: o apóstolo, o profeta, o evangelizador, o pastor e o mestre (Ef 4, 11).

a) Apóstolo

Não se trata do ministério apostólico (sucessão apostólica) que constitui a Igreja hierárquica, que garante sua apostolicidade e que se torna presente hoje através dos bispos, sucessores dos apóstolos. Mas sim do serviço da coordenação e animação de toda a comunidade.

O apóstolo é o líder que tem a função de coordenar, sendo também chamado de coordenador, pois tem a missão de perceber as necessidades da Comunidade e providenciar os serviços necessários. Não é o que faz tudo, mas sim aquele que agiliza a ação necessária, que organiza as Equipes para os serviços do Grupo.

São Paulo dá o perfil necessário: deve ser irrepreensível, esposo de uma só esposa, sóbrio, ponderado, de maneiras corretas, hospitaleiro, competente no ensino, nem dado a bebida, nem briguento, manso, que não seja dado a discussões, não cobiçoso nem de bens nem de cargos. Que saiba governar sua própria casa e manter os filhos na submissão, que não seja recém convertido e é preciso que os de fora prestem bom testemunho a respeito dele (1Tm 3, 1-7).

O mais importante e essencial para a vida da Comunidade de Renovação é o ministério de coordenação da mesma. A nomenclatura pode variar, mas o conteúdo é explicado assim: São leigos que recebem a missão para formar e presidira comunidade. São leigos, porque normalmente os Grupos de Oração são dirigidos por leigos, mas isso não exclui membros do clero.

Outro fato que muitas vezes impede que um sacerdote assuma a coordenação de uma Comunidade de Renovação, é o número reduzido dos mesmos que tem que assistir comunidades paroquiais muito numerosas. É preciso distribuir as responsabilidades pela formação destas grandes comunidades paroquiais. Estes coordenadores, recebem a “missão”  que deve ser confirmada pelo bispo ou seu representante na paróquia, que é cabeça e princípio de união da Igreja local, e recebem o mandato de presidir à sua respectiva comunidade. Por isso, quando reúnem a Comunidade de Renovação, atuam com autoridade.

Este ministério é formado por todos os que participam da direção, planejamento, direcionamento e provisão de recursos para a própria comunidade. Devem participar de uma reunião própria para que o serviço seja feito no discernimento e possa produzir frutos.

b) Profeta

Este é o serviço do discernimento da vontade de Deus. São pessoas que escutam e percebem o que Deus quer para aquela Comunidade e o que Ele está propondo a ela. Aqui não se trata do profeta que fala inspirado nas reuniões de oração, mas sim aqueles líderes que tem o dom da visão, de perceber onde está a vontade de Deus.

Deus fala através das palavras inspiradas, mas fala também através dos fatos que acontecem na Igreja, fala através do Magistério da Igreja, através das orientações dos Bispos de nossa Igreja, através do Papa. É tarefa dos profetas discernir qual é o caminho que Deus está propondo para a Comunidade. Sabemos que Ele tem um plano para cada Comunidade e todas têm algo a realizar para o Reino de Deus.

Os profetas são aqueles que falam à comunidade para exortar, animar, consolar, denunciar, converter, edificar. Devem estar nas Equipes de Serviço e ouvidos por aqueles que são responsáveis pela direção do Grupo e da Comunidade. São vários os serviços que se organizam a partir desse ministério.

c) Evangelistas

São aqueles encarregados da evangelização fundamental (Querigma) no Grupo de Oração. Podemos dizer de uma outra forma: são os pregadores do Grupo de Oração em seu momento aberto (assembléia).

Ao Ministério de Evangelização está ligado o serviço de Seminários de Vida no Espírito, Seminário de Batismo no Espírito Santo, a Escola de Evangelização Fundamental da região onde o Grupo atua, a Escola de Evangelizadores, de Pregadores, as campanhas de evangelização, missões / visitas domiciliares, etc.

d) Pastor

Este ministério não deve ser confundido com o ministério próprio do Bispo, o Pastor da Igreja Diocesana.

Este ministério é o serviço de acompanhar, acolher e cuidar das ‘ovelhas’. A Equipe de Serviço deve possuir pessoas que tenham este dom e organizar o serviço de buscar aqueles que se afastaram, atender aqueles que estão debilitados na fé, visitar os que estão doentes, aconselhar os que estão confusos, sarar os que estão machucados e ofendidos, animar os desanimados. Chamamos esta ação em favor dos irmãos e irmãs de Pastoreio.

Ao Pastoreio está ligado o serviço de acolhimento dos novos, o serviço de atendimento e cura interior, o serviço de aconselhamento, o SOS Oração e outros serviços que impliquem em atender a pessoas.

e) Mestres

Este é o serviço de formação da Comunidade. Formar os líderes e os elementos necessários a todos os demais serviços da Comunidade Eclesial de Renovação. Visa promover a formação permanente dos leigos para o serviço da CR e da Igreja em seu engajamento pastoral.

Deve visar garantir a identidade da RCC e também a formação integral dos servos das diversas equipes. Trabalha com o conteúdo próprio da RCC e também com todo o ensino da Doutrina da Santa Igreja. Organiza e  promove a Escola Permanente de Formação da Comunidade.

A este ministério está ligada a Escola Paulo Apóstolo e todos seus cursos que devem ser implementados em todas as Comunidades de Renovação, visando a formação permanente dos cristãos e o preparo para assumirem serviços e responsabilidades dentro das Comunidades.

F) Conclusão

A partir desta reflexão, que não esgota todo o tema, a RCC entende ser perfeitamente válido e legítimo constituir as Comunidades de Renovação que tornam a Igreja Universal e Particular presentes na ação apostólica exercida por elas.

Não se pleiteia aqui uma completa autonomia mas sim o reconhecimento de que a RCC através das Comunidades de Renovação oferece a Igreja neste aqui e agora, uma outra maneira de ser.

Com base no exposto concluímos que a RCC em suas Comunidades, é uma expressão de Igreja, uma maneira de ser Igreja, vivendo plenamente sua identidade e missão. O engajamento necessário e fundamental da condição de fiel faz-se também através da RCC que realiza através das Comunidades de Renovação uma verdadeira ação pastoral, na medida que torna presente o Mistério da Igreja e inaugura, pela evangelização, o Reino de Deus.

A liberdade que cada batizado é chamado a viver fará com que cada um escolha a sua melhor maneira de viver a Igreja para mais servir ao Senhor da Igreja.


 

Autor: Tácito Coutinho – Tatá – Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi

Comunidade Javé Nissi

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