Casas de Formação

Casas de Formação

1 – Algumas considerações iniciais

Um dos problemas que a Igreja enfrenta atualmente é a adequação dos serviços pastorais ao crescimento populacional e urbano, gerando, muitas vezes, um “vazio” que é ocupado por outras denominações religiosas e refletindo a falta de um espaço onde se possa vivenciar fé como uma Comunidade Cristã.

As Paróquias, por seu tamanho e número de fiéis, atividades pastorais e diversos movimentos, número reduzido de padres e de agentes permanentes, não têm conseguido dar uma resposta adequada a esta necessidade, reduzindo-se muitas vezes à prestação de serviços burocráticos em suas secretarias, atendimento ocasionais para a confissão, reuniões noturnas e, sobretudo, a celebração da Eucaristia.

Sabemos que estas atividades são importantes e o máximo que se pode fazer, mas é pouco para atender às necessidades de um povo cada vez mais atingido pelo secularismo, consumismo, ateísmo e hedonismo. Nosso povo se torna presa fácil de todos estes “ismos” por não possuir uma formação sólida em sua maioria, e também pela falta de um espaço onde é possível encontrar alguém que caminha na mesma fé, disposto a escutar, partilhar, rezar. Um espaço cristão onde é possível estar, permanecer. Um espaço que espelha a comunidade cristã.

A Paróquia não pode ser só o lugar onde se celebra a Eucaristia e os demais sacramentos, embora estas atividades sejam de suma importância e insubstituíveis, deve também ser a referência comunitária, o espaço onde os cristãos se encontram e partilham a experiência da fé.

Nossa visão de Igreja Comunidade ainda está muito ligada ao “fazer” não privilegiando o estar, partilhar, vivenciar. Nossas reuniões, por mais sinceras que sejam, quase sempre são reuniões de agenda, tarefas, onde sempre estamos pensando o que fazer, quando fazer e quem irá fazer.

Um outro problema atual é que com o crescimento das atividades evangelizadoras, falta à Igreja um serviço de acolhimento e formação dimensionado para o aumento progressivo dos fiéis, fruto da “nova evangelização”.

Muitos católicos foram “reconquistados”, “reevangelizados”, mas temos dificuldades em acolhê-los e dar a eles uma oportunidade de vivência comunitária verdadeira. Nossas Paróquias, pelos motivos já apresentados, não conseguem realizar este serviço de maneira eficaz, sobrando para estes fiéis duas opções: a prática de um cristianismo rotineiro ou “burocrático” e a possibilidade de participar ativamente de uma “comunidade evangélica”. Não podemos descartar a possibilidade sempre presente do abandono puro e simples.

A Renovação Carismática Católica, como expressão de Igreja, também padece dos mesmos males. Geramos muitos cristãos nos Seminários de Vida e Experiências, evangelizamos muitos dos que vão aos Grupos de Oração, promovemos grandes eventos de massa, mas ainda não conseguimos criar um serviço adequado de acompanhamento, vivência e perseverança.

Nossas paróquias não absorvem todos os que passam pelos Grupos de Oração, Seminários e Experiências. Além das dificuldades já mencionadas, existe a dificuldade de compreender a experiência de Igreja que a Renovação Carismática faz e os preconceitos que impedem ver que “a comunhão supõe a diversidade” e que a caridade nos leva a aceitar “o outro que é diferente de mim”. A visão uniformizante e voltada para um único modelo de Pastoral e Igreja, muitas vezes excludente, que diversas paróquias possuem, dificulta o acolhimento dos evangelizados oriundos da Renovação Carismática, gerando tensões e abandonos.

Nossas atividades se resumem, na maioria das vezes, nas Reuniões da Equipe de Serviço e dos Grupos de Oração e ocasionalmente uma outra atividade, como Seminários, Experiências…. No restante do tempo, os que foram evangelizados não tem aonde ir para receber instrução, formação, oração, que são necessárias para sua perseverança e ainda, não têm uma referência de comunidade onde possam estar e vivenciar a fé recém adquirida ou despertada.

A evangelização supõe a Comunidade Cristã, não de maneira teórica, mas de maneira concreta. Lugar onde os cristãos podem se reunir para celebrar, conviver, partilhar, rezar.

Neste contexto é que a Renovação Carismática pensa nas Casas de Formação: referência comunitária e espaço para vivência da experiência de fé.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em seus Documentos nº 54 e nº 71, nos dá algumas orientações preciosas quanto a adequação das paróquias e serviços pastorais para os tempos atuais.

  1. Casa de Formação

O texto dos Atos dos Apóstolos diz que o Espírito Santo, no diz de Pentecostes, encheu toda CASA onde eles estavam (cf. Atos 2,2) e ainda que na CASA de Cornélio o mesmo Espírito foi derramado quando S. Pedro pregava o Evangelho (Atos 10, 24-48).

Os cristãos tinham o hábito de se reunirem nas CASAS para “partir o pão” e fomentar a convivência fraternal (cf. Atos 2, 46) e S. Paulo várias vezes se referem às pessoas cujas CASAS os cristãos se reuniam.

A Comunidade de Renovação precisa de uma referência e de um “espaço” para efetivar sua vivência da fé e acolher aqueles “que o Senhor lhe acrescenta a cada dia”.

Escolheu-se o nome CASA DE FORMAÇÃO para dar a dimensão da cooperação e ajuda da casa para a formação da Comunidade de Renovação na medida que ela é o “espaço” da comunidade, o lugar onde a Renovação Carismática acontece.

Como já refletimos anteriormente, as paróquias não podem oferecer este “espaço” embora por sua “dimensão teológica” serem sempre a referência da missão.

A CNBB fala de promover “outros centros de ação pastoral”, de “criar ou desenvolver pólos ou centros de evangelização que atendam à mobilidade da população urbana e que ofereçam oportunidades múltiplas de contato com a mensagem evangélica e a experiência eclesial”. (CNBB doc. 71 nº 196) É neste sentido que existem as Casas de Formação, promovendo uma diversificação de opções de acolhimento e formação.

Por outro lado, as Casas de Formação são os lugares onde “acontece a Renovação Carismática”, ou seja, onde a Comunidades de Renovação se reúne para louvar, partilhar, viver a comunhão fraterna, onde as lideranças são formadas e onde os diversos serviços e ministérios das Comunidades são exercidos.

  1. As dimensões da Casa de Formação

As Casas de Formação têm três dimensões fundamentais, intercomplementares, que servem de orientação para sua atuação e organização:

  1. Missão: Anúncio e Testemunho
  2. Fraternidade: Acolhimento e Formação
  3. Obra: Administração e Recursos

A organização e funcionamento das três dimensões, chamadas de Diretorias, obedecem aos seguintes princípios:

Variedade e Complementaridade: a diversidade das Diretorias, Ministérios e Serviços deve produzir a comunhão;

Autonomia: o direito a própria identidade e o próprio carisma, evitando todo nivelamento;

Subsidiaridade: atribuição às pessoas da maior autonomia possível, em tudo o que elas podem fazer em sua área de competência, sem recurso a níveis superiores a não ser quando necessário. Exige a descentralização da organização e distribuirão de tarefas e responsabilidades;

Participação responsável: envolver o maior numero possível de interessados na reflexão, decisão, execução e avaliação. Exige uma definição clara das competências e responsabilidades.

A) Missão (CNBB – Projeto Nacional de Evangelização (2004/2007): Queremos ver Jesus – Caminho, Verdade e Vida)

a) “Não podemos calar-nos” (A:4,20)

… Respeitando todas as crenças e todas as sensibilidades, devemos afirmar, antes de mais nada, com simplicidade, a nossa fé em Cristo, único salvador do Homem – fé que recebemos como um dom do Alto, sem mérito algum de nossa parte. Dizemos com  São Paulo: “eu não me envergonho do Evangelho, o qual é poder de Deus para salvação de todo o crente” (Rm 1,16). Os mártires cristãos de todos os tempos – também do nosso – deram e continuam a dar a vida para testemunhar aos homens esta fé, convencidos de que cada homem necessita de Jesus Cristo, o qual, destruindo o pecado e a morte, reconciliou os homens com Deus.

Cristo proclamou-se Filho de Deus, intimamente unido ao Pai e, como tal, foi reconhecido pelos discípulos, confirmando suas palavras com milagres e, sobretudo, com a ressurreição. A Igreja oferece aos homens o Evangelho, documento profético, capaz de corresponder às exigências e aspirações do coração humano: é e será sempre a “Boa Nova”. A Igreja não pode deixar de proclamar que Jesus veio revelar a face de Deus, e merecer, pela cruz e ressurreição, a salvação para todos os homens.

A pergunta por que a missão? Respondemos, com a fé e a experiência da Igreja, que abrir-se ao amor de Cristo é a verdadeira libertação. Nele, e só nele, somos libertados de toda a alienação e extravio, da escravidão ao poder do pecado e da morte. Cristo é verdadeiramente “a nossa paz” (Ef 2,14), e “o amor de Cristo nos impele” (2Cor 5,14), dando sentido e alegria à nossa vida. A missão é um problema de fé; é a medida exata de nossa fé em Cristo e no seu amor por nós.

Por que a missão? Porque para nós, como para São Paulo, “nos foi dada esta graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo” (Ef 3,8). A novidade de vida nele é “Boa Nova” para o homem de todos os tempos: a ela todos são chamados e destinados. Todos, de fato, buscam-na, mesmo se, às vezes, confusamente, e têm o direito de conhecer o valor de tal dom e aproximar-se dele. A Igreja, e nela cada cristão, não pode esconder nem guardar para si esta novidade e riqueza, recebida da bondade divina para ser comunicada a todos os homens.

Eis porque a missão, para além do mandato formal do Senhor, deriva ainda da profunda exigência da vida de Deus em nós. Aqueles que estão incorporados na Igreja Católica devem sentir-se privilegiados, e, por isso mesmo, mais comprometidos a testemunhar a fé e a vida cristã como serviço aos irmãos e resposta devida a Deus, lembrados de que ‘a grandeza de sua condição não se deve atribuir aos próprios méritos, mas a uma graça especial de Cristo; se não correspondem a essa graça por pensamentos, palavras e obras, em vez de se salvarem, incorrem num julgamento ainda mais severo. (Redemptoris Missio 11)

b) Organização dos Ministérios

Para que a Missão atinja seus objetivos e seja eficiente, é necessário que se organize os ministérios e serviços ligados a essa dimensão. Alguns exemplos:

Ministério dos Pregadores –  serviço de formação e acompanhamento dos pregadores para o serviço de missões e visitas de casa em casa e outros projetos missionários, como, por exemplo, Jesus nas Escolas, Evangelizashows, Viradas radicais.

Ministério das Artesi: artes para a evangelização

Grupos de Oração

Escola de Formação de Líderes (Escola Neemias)

Seminários de Vida no Espírito

c) A Comunidade fonte da Missão.

Uma das primeiras conseqüências do derramamento do Espírito Santo em Pentecostes é a evangelização da multidão que se ajuntou (Atos 2, 6). Da CASA onde se reuniam, partiu a missão.

A Evangelização supõe uma Comunidade que tem a iniciativa da missão e o serviço da Evangelização é que gera a vida dinâmica da Comunidade.

Portanto a Casa de Formação, como expressão da Comunidade deve propor, organizar e articular seus esforços de evangelização sendo que estas atividades e iniciativas a origem do dinamismo da própria Casa.

As atividades e iniciativas de Evangelização se ligam a proclamação do Querigma, Primeiro Anúncio, favorecendo o crescimento da Comunidade de Renovação.

B) Acolhimento e Formação

Acolhimento

a) O desafio

“Temos uma organização social que acentua o isolamento dos indivíduos, incentiva um comportamento que leva ao egoísmo e coloca a pessoa em competição estressante. Especialmente nas áreas urbanas, o enfraquecimento da família, a diluição da vida comunitária e a violência, acentuam o isolamento e a incerteza, gerando desconfiança e medo nas relações cotidianas dos cidadãos. A modernidade tende a submeter a sociedade ao mercado e ao poder, levando-a a perder muitos valores. A cultura brasileira, todavia, conservou muitos desses valores: o sentido da festa, o prazer da convivência, a abertura ao diferente e a mistura de raças e povos… Subsiste, também, em muitos a aspiração a relações comunitárias, comunhão, de fraternidade e de amor mútuo, verdadeiramente humanas e humanizadoras”. (CNBB, doc. 71 nº 112)

“Renovar a comunidade não significa voltar à comunidade natural ou comunidade tradicional. Nosso esforço será criar condições para que as pessoas possam viver relações de solidariedade e de fraternidade que permitam sua maior realização, no contexto atual”. (CNBB, doc. 71 nº 113)

b) Valorização da Pessoa

A valorização da pessoa é um ponto central da visão que a Igreja tem a respeito do Homem (no sentido de humanidade), da prática de Jesus e da tradição eclesial, desde os primeiros séculos até os desenvolvimentos recentes do magistério e da teologia.

Ao lado da caridade a favor dos pobres e da prática da justiça, o testemunho evangélico a que o mundo de hoje é mais sensível é o da atenção às pessoas. Somos, pois, convocados a “evangelizar, testemunhando Jesus Cristo, em comunhão fraterna” (RMi 42).

c) Acolhimento

Diante da realidade social atual, onde o ser humano vive cada vez mais o drama da solidão e isolamento e coerente com sua visão a respeito do Homem, a Igreja deve fazer um esforço contínuo para valorizar e acolher todo fiel.

A CNBB, já em seu Documento nº 45 (DGAP 91/94), insistia nesta dimensão de acolhimento, no processo de evangelização e experiência de uma comunidade cristã:

  1. Importância especial seja dada ao acolhimento às pessoas. Para isso, algumas medidas podem ser postas em prática: ‘ministério da acolhida’; visitas às famílias que chegam; visitas domiciliares nos momentos marcados pela alegria ou pela tristeza; postura acolhedora, alegre, disponível e bem humorada, por parte do presbítero e demais agentes de pastoral.
  2. A atitude de amizade e de acolhimento acentua a valorização da pessoa, num mundo onde a técnica e o progresso nem sempre deixam espaço para a comunicação pessoal. Assim, imita-se o gesto de Cristo acolhendo Zaqueu que, por sua vez, o recebe alegremente em sua casa. Ou a atitude de Jesus ao acolher as crianças ou, ainda, o gesto de Filipe e André que acolhem alguns gentios desejosos de ver o Cristo e os apresentam ao Mestre.
  3. A acolhida poderá traduzir-se também em formas sistemáticas e organizadas: aconselhamento, com a colaboração de pessoas especificamente preparadas; revalorização do sacramento da reconciliação; disposição para o diálogo e a direção espiritual; diminuição da burocracia e prontidão para servir.
  4. A pessoa precisa ser acolhida na comunidade, com abertura e sensibilidade para os diversos aspectos e dimensões de sua identidade e existência. A comunidade, seguindo o princípio da liberdade cristã, evite um controle excessivo sobre as pessoas, ajude seus membros a não cair em atitudes unilaterais, como o intelectualismo, o intimismo, a excessiva importância à experiência emocional, a busca desmedida do ‘maravilhoso’ e a fuga do compromisso com a transformação social.
  5. Ao acolhimento segue-se o acompanhamento. Após o primeiro anúncio, haja continuidade de contatos para envolver a pessoa na vida da comunidade eclesial.
  6. Com relação aos que recebem o primeiro anúncio de Cristo, merecem especial atenção às condições reais da pessoa e sua predisposição subjetiva para receber a semente. Seja ressaltado como a palavra do Evangelho introduz no mistério do amor de Deus, chama-nos a um estreito relacionamento pessoal com ele e predispõe a vida para a conversão.
  7. d) Serviços de acolhimento

As Casas de Formação devem organizar serviços para acolher, identificar, acompanhar e formar os evangelizados pela Comunidade, conforme nos orienta a Igreja.

Este é um grande desafio, mas ao mesmo tempo uma necessidade urgente. Exige uma formação própria, o engajamento responsável de agentes, disponibilidade e sensibilidade.

A dimensão da Acolhida nas Casas de Formação expressa a comunhão e a caridade fraterna da Comunidade de Renovação.

Serviços que podem ser organizados nesta dimensão: Ministério de oração pela Cura e Libertação (Salas de Escuta); Ministério das Famílias; Grupos de Perseverança; Reuniões de Casais; Reuniões de Aconselhamento; Pastoreio nas casas; Cadastro de Participantes; Serviço de Correspondência Mensal; Visitas ao enfermos.E outras atividades e serviços que se colocam no sentido proposto pelo Acolhimento

Formação

“E os dons que Ele deu foram apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e docente” (Ef 4,11 TEB)

a) Considerações:

Toda a caminhada cristã parte da conversão que deflagra um processo de formação. Na medida em que avançamos na vida espiritual algumas coisas mudam em nós, outras são consolidadas e ainda algumas são abandonadas. Acontece um amadurecimento em todos os sentidos. Estas transformações são o resultado do processo de formação.

A formação deve considerar a missão e o carisma de cada um e também a missão e o carisma do movimento a que pertence, ou da comunidade de vida evangélica à qual se identifica ou se sente vocacionado, ou ainda a congregação, ordem religiosa, instituto religioso ou qualquer outra forma de vida consagrada a que se sente chamado. Podemos dizer que é o caminho que considera o cristão e sua vocação em todos os seus aspectos. Aqui podemos aplicar o ensino de São Paulo: “Assim não seremos mais crianças, jogados de um sentimento ao outro, arrastados à deriva por todo o vento de doutrina, ludibriados pelos homens e induzidos pela sua astúcia a transviar-nos no erro” (Ef 4, 14) TEB.

A santidade é a vocação universal de todo cristão, portanto, ela deve ser o termo final de toda a formação, ou seja, deve ajudá-lo a buscar a santidade no seu próprio estado de vida. O itinerário ou o programa de formação há de ser necessariamente o seguimento de Jesus.

Por levar em consideração a vocação e o carisma de cada um, existem diversos caminhos de formação: o de cada comunidade de vida evangélica, o de cada congregação, ordem  e instituto religioso que tem sua formação voltada para o carisma do fundador do qual todos os que estão naquele caminho devem “beber” e se edificar.

d) A formação na Renovação Carismática Católica

Na RCC, a formação encontra dificuldades exatamente por não ter um “fundador” e, portanto, um “carisma particular” onde todos seus membros podem ser edificados. É o próprio Espírito Santo o fundador e o “carisma fundamental” da RCC, possibilitando assim uma infinidade de experiências autênticas da vida no Espírito.

Esta realidade da RCC gera a dificuldade de se estabelecer uma única formação para todos os membros, pois a experiência do Espírito é original onde ela acontece. Mas podemos falar de critérios e parâmetros que dão autenticidade à experiência do Espírito e de Igreja que se faz na RCC, e é em torno deles que podemos estabelecer um caminho de formação para a Renovação Carismática Católica.

Sem reduzir a experiência de Deus que se faz em Jesus Cristo pelo Espírito Santo a um único momento, na RCC podemos falar de quatro pontos fundamentais para uma formação comum a todos os seus membros: (1) Batismo no Espírito Santo (vivência e conseqüências); (2) Vida no Espírito; (3) Comunidades Carismáticas e (4) Lideranças proféticas

Quando se pensa ou se fala na formação de alguém para uma atividade, imediatamente se imagina todo um conjunto de temas sistematizados, mestres e alunos, sala equipada, onde se ministram seminários e cursos e se acompanham os estágios.

Embora tudo isso possa, e em alguns momentos seja obrigatório, fazer parte da formação como momentos fortes, não podemos ignorar que os tempos que atravessamos exigem criatividade no sentido de evitar que os líderes saiam muito, tenham seu tempo “congestionado” por atividades, custos elevados que prejudicam um acompanhamento.

Temos que descobrir meios e maneiras de aproveitar e valorizar ao máximo as oportunidades ordinárias que possibilitam a formação. Neste ponto a Casa de Formação pode oferecer um serviço importante para as Comunidades de Renovação.

Com efeito, tanto pela dificuldade de se ausentar do trabalho, do lar e da família, como pelos custos das inscrições e das viagens, a participação em cursos intensivos ou encontros em centros de formação, casas de retiro, está se tornando cada vez mais difícil para as pessoas e comunidades, diminuindo, a cada dia, o número de privilegiados que o podem fazer. Corremos o risco de criar uma “elite” que tem acesso ao conhecimento e à formação, causando uma desmotivação ou mesmo um desvio na caminhada da grande maioria dos fiéis.

C) Obra

“…escolhei entre vós (…) homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, para que lhes confiemos essa tarefa”. (Atos 6,3)

A dimensão da “Obra” da Casa de Formação é responsável por toda administração e levantamento de recursos necessários para sua manutenção.

Esta dimensão é formada por dois serviços fundamentais:

O Administrador: responsável pela administração em geral da Casa de Formação. (o administrador pode acumular os dois serviços, caso seja consenso na comunidade).

O Coordenador da Casa: encarregado do dia a dia da Casa. Horários, atendimento, Capela, visitas, Grupos de Oração (horário), etc.

Os serviços existentes nesta dimensão podem ser divididos entre os responsáveis pela Administração e Coordenação, conforme cada caso, buscando o melhor desempenho e evitando confusão de funções.

É fundamental um Planejamento Estratégico para o funcionamento da Casa de Formação. Sem o estabelecimento de metas, métodos, responsáveis, custos, etc, se torna muito difícil a efetivação da Casa de Formação.

Deve-se buscar uma capacitação técnica para a administração e coordenação já que são setores que necessitam mais do que uma formação espiritual. Seria aconselhável que os responsáveis por esta dimensão promovessem para todos os integrantes desta dimensão uma formação específica.


 

Autor: Tácito Coutinho – Tatá – Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi

Comunidade Javé Nissi

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