Combate Espiritual

Combate Espiritual

Faz-se necessário uma abordagem sobre o combate espiritual, tendo em vista que no tempo presente é comum atribuirmos todas as nossas inquietações a um psicologismo conformista, de que todas as nossas fraquezas são consequências ou de nossas infâncias e carências ou do ambiente em que vivemos. Temos ainda outros que preferem objetivamente negar a existência do diabo e sua influência sob os seres humanos. Pautados no ensinamento da Igreja[1] e numa auspiciosa reflexão do Cardeal Carlos M. Martini[2], apresentamos aqui alguns apontamentos tirados da carta aos Efésios 6, 10-20.

Cinturão da verdade: Com a finalidade de proteger os rins, como era utilizado pelos guerreiros, ele traz consigo um alerta, no contexto da carta, uma exortação espiritual. Trata-se da coerência de vida – a não coerência nos deixa expostos aos assaltos do maligno. Ainda que não consigamos viver plenamente o que cremos o reconhecimento de nossas falhas e o desejo de vivê-la já é um sinal desta coerência.

Couraça da justiça: Colocada sobre o peito tem a finalidade de proteger o coração, sede de nossos sentimentos e intenções, se faz como que um convite a participar do zelo de Cristo: – “A Deus o que é de Deus” – no coração está a sede de nossas decisões, cujo sentido traz salvação ou castigo.

Os pés calçados: Símbolo da prontidão do guerreiro, neste caso, é a disposição constante em levar o Evangelho, sabendo que ele é benefício para os homens. O Evangelho é o valor dos valores!

Escudo da Fé: Princípio de defesa contra os dardos inflamados do maligno, que são as mentalidades do mundo do pecado, que de manhã à noite e da noite à amanhã, nos cercam e nos convidam a interpretar coisas e situações da nossa vida com medidas exclusivamente psicológicas, sociológicas, econômicas, investindo de todos os lados para tirar-nos o tesouro da fé.

Capacete da Salvação: Capacete da obra salvífica no texto grego. Aceitar a ação salvífica de Deus! Como única proteção, nossa única esperança; protege a cabeça porque esta é a coisa mais essencial. Aqui aplica-se a metanóia, mudança mentalidade, revestir-nos do homem novo.

Espada do Espírito: Palavra de Deus, no entanto, o termo não é “logos” (pregação) e sim “rhema”, (oráculos de Deus), são as palavras que ouvindo-as de Deus, nela embasamos nossa vida. Paulo tinha varias destas palavras que o direcionavam nos tempos difíceis: Viver pra mim é cristo, morrer pra mim é lucro (Fl 1, 21); Tudo posso naquele que me fortalece (Fl 4, 13), e tantas outras, bem com as palavras utilizadas por Jesus no combate com o inimigo (Mt 4, 1-11).

Trata-se de uma luta com um adversário terrível que esta dentro de nós e fora de nós. Segundo Santo Inácio de Loyola o inimigo ataca avaliando a situação do cristão. A atenção deve ser uma constante em nós, pois o inimigo gira para buscar ao menos um elemento falho nesta armadura (I Pd 5, 8).

Todas essas armas são preparadas no exercício da oração que não as substitui. A oração não substitui o zelo, o espírito de fé, o compromisso, a capacidade de dar-se, mas é aquela em que todas são envolvidas e na qual são continuamente retemperadas na luta.

[1] PAPA PAULO VI. Alocução Livrai-nos do Mal. Fonte: http://cleofas.com.br/a-existencia-do-diabo/. Acesso: 09-05-2014.

[2] MARTINI. Carlos M. O Itinerário espiritual dos doze no evangelho de Marcos. 2ª edição. São Paulo: Loyola, 1988.


Autor: Carlinhos Faria – Teólogo – Membro da Comunidade Javé Nissi

 

Comunidade Javé Nissi

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