A Paternidade Contemporânea: O Pai Possível
Devido às transformações culturais, sociais e familiares, a paternidade e a função paterna em sido alvo de muitas evoluções, sobretudo nas últimas décadas, após a Revolução Industrial, em que as mulheres entram no mercado de trabalho.
Houve uma época em que o filho era propriedade de seu pai, o qual estabelecia uma relação de autoritarismo e se ausentava de relações afetivas. Em outro período, o pai transformou-se apenas em um companheiro da esposa, deixando toda a educação do filho para ela, e sua participação era apenas financeira, ausentando-se de diálogos e de afetos para com os filhos.
Em ritmo de transformações, a paternidade vem sendo discutida e estudada; e, a partir disso, alguns valores foram sendo descobertos como essenciais no processo de desenvolvimento cognitivo e social da criança.
A figura paterna é de extrema importância, pois assume o papel do primeiro outro na vida do bebê, ou seja, o bebê precisa do pai para poder se desprender da relação de dependência absoluta com a mãe e para as identificações necessárias mais à frente.
O pai é o princípio de realidade e a ordem na família. Através desses sentimentos, o bebê percebe que não é mais o único a compartilhar a atenção da mãe. Nesse processo, ela pode amadurecer cognitiva e afetivamente e ainda ajuda a criança a passar do mundo familiar para o social.
O vínculo paterno, assim como o materno, começa desde o útero, visto que o bebê já escuta a voz do pai e a distingue pela tonalidade O pai assume um papel de sustentação afetiva que permite que a mãe esteja bem para se relacionar com o bebê.
As mudanças nas atribuições dos pais permitem que eles sejam mais participativos. Dessa forma, além de provedores, passam a ser protetores e conseguem, por meio de uma boa relação com as mães, ajudá-las a introjetar nos filhos a educação moral, ética e religiosa junto a limites e atitudes bem coordenadas.
Segundo algumas pesquisas, constatou-se que a ausência do pai biológico leva a maiores probabilidades de dificuldades escolares, distúrbios de comportamentos, problemas de identificação sexual, dificuldades em estabelecer limites, propensão para o envolvimento com a delinquência, entre outros problemas. Essa ausência ainda está associada a distúrbios do comportamento em adolescentes, baixa autoestima e problemas relacionados à obesidade, trazendo angústia, sentimentos de vingança, exagerada necessidade de amor e consequentemente culpa e depressão.
Um bom pai – ativo, participativo e presente – atua como coadjuvante na solução de vários problemas na família e deve ser uma pessoa que elogia e estimula a criança. Sabe-se que a proximidade gera confiança e sentimentos de valorização. Alguns pais confundem sua masculinidade e afetividade e deixam de ser carinhosos com seu filho. O carinho não deve ser trocado por presentes, deve ser sentido por meio das conversas, das brincadeiras e da autoridade (autoridade não é colocar medo na criança, e sim fazê-la respeitosa). Pais muito permissivos, embora afetuosos, têm dificuldade em estabelecer limites, deixando as crianças confusas, inseguras e medrosas.
Portanto, essa figura importante deve agir em colaboração com a mãe, trocando ideias e opiniões, e sendo um exemplo a se seguir: bom marido e bom cidadão.
Autor: Lú Cazaroto – Psicóloga – Comunidade Javé Nissi