O batismo no Espírito Santo – Renovação Carismática e experiência
A Renovação Carismática interpreta de maneira positiva o papel da experiência no testemunho do Novo Testamento e na vida cristã. Nas comunidades do Novo Testamento, a ação do Espírito Santo foi de fato uma experiência antes de se tornar objeto de doutrina. À luz da experiência se desenvolveu a doutrina. A experiência de receber o Espírito Santo geralmente não passava desapercebida nas pessoas; o Espírito era percebido e experimentado em si mesmo e nas suas manifestações externas de maneira mais ou menos imediata: “Aquele que vos confere o Espírito e opera milagres entre vós, fá-lo pela vossa prática da lei ou pela vossa obediência à fé?” (Gál 3,5).
Ao traduzir o termo “ruah” por: (1) sopro; (2) vento; (3) força vital; (4) Espírito – a Sagrada Escritura indica uma experiência sensível, perceptível, experimentável em seus efeitos. Interessante perceber que também os demônios são chamados de “espíritos” por seus efeitos experimentados naqueles sobre quem eles atuam.
Com o avanço da humanidade e, sobretudo, do racionalismo humanista, com suas vertentes existencialistas, a experiência religiosa passou por um tempo de descrédito, que atingiu também a religião cristã. A experiência de / da fé passa a ser vista com desconfiança, como um intimismo perigoso.
Por causa da atenção que a RCC dá à experiência da fé, ficou a impressão de que toda vida cristã se reduz ao nível experiencial. “Nesta perspectiva, o crescimento em Cristo seria como uma sucessão de experiências espirituais como uma tentativa desesperada de manter as pessoas num contínuo estado de experiências de impacto”.[1]
A Renovação Carismática compreende a necessidade da formação doutrinal e da obediência ao Santo Magistério como imperativos da vida cristã. Reconhece também que uma religião submissa ao “dogmatismo” que não dá espaço a uma legítima experiência de fé pode produzir um formalismo ritual e sem vida. Fundar toda a vida cristã no subjetivismo pode produzir distorções, por outro lado reduzir o cristianismo a um sistema de dogmas e ritos a serem cumpridos legalmente, produz uma religião sem vida, sem mistério, limitada a pratica “da lei”.
Por outro lado entende que o progresso espiritual não se identifica, de forma alguma, com uma sucessão de experiências cruciais e emocionais. Aqui, como em qualquer expressão autêntica do Evangelho, há lugar para erros e acertos. Além dos elementos de experiência, existem muitos elementos objetivos, como: a oração comunitária, celebração litúrgica, a Sagrada Escritura, a doutrina e a disciplina da Igreja. A experiência não deve ser considerada nociva à fé. O que é dado à experiência, não é tirado da fé.
[1] Orientações Teológicas e Pastorais da Renovação Carismática Católica, Loyola – 1975, pg 34
Autor: Tácito Coutinho – Tatá – Ministério de Formação Paulo Apóstolo