Nascimento de Jesus: Ressignificação da humanidade
A celebração do Natal na Igreja é a festa da alegria! “Um salvador nos foi dado” (Lc 2, 10-11). Uma pergunta que não quer calar: “Salvador do quê?” da opressão do império Romano? Da pobreza? Da vexação do diabo? Do pecado? Podemos responder que sim! Jesus veio nos salvar de tudo isto, mas não só disto!
Não basta nos arrancar de todas estas situações, se não confere um novo sentido a vida! Nossa natureza decaída necessitava ser ressignificada, isto é, ser revestida de uma nova dignidade, ou ainda, recobrar a dignidade que tínhamos antes que o pecado adentrasse nossa história.
O amor de Deus por nós é realmente uma loucura (Jo 3,16), ao ponto, que a olhos humanos o onipotente (Lc 1,37), torna se impotente (Fl 2, 6-8). Deus move céus e terras para que o homem compreenda a intensidade de seu amor (Is 54, 10), nós somos o foco central do amor de Deus (Rm 8, 28-39).
Por amor dos homens, Deus se faz homem! Para que tenhamos vida Deus assume a nossa morte (II Cor 5, 21). E para nossa alegria Deus nos comunica seu Espírito (Jo 1, 12; Gl 5, 22). Quando compreendemos melhor o amor de Deus por nós, ilumina e até ofusca nossa inteligência ao percebermos que não foi o pecado a causa da ação de Deus em nosso favor, ao contrário, o pecado só confirmou esta fidelidade e amor descomunal de Deus pelo homem.
A celebração do “Natal” se equivale a “Ressurreição”, pois na primeira (Natal), Deus “entra” objetivamente na história e na segunda (Ressurreição) Ele “muda” definitivamente a história! A alegria do Natal consiste em perceber que Deus assume nossa história, caminha conosco, orienta nossos passos, dá ânimo e vigor a nossas vidas (Lc 24, 13-35), faz ressoar em nosso coração sua bondade e amor, que nos arranca das piores situações e da dignidade à vida, resignificando nosso ser como uma bússola norteando nosso viver!
Numa hermenêutica alegórica, reinterpreto o filho pródigo (Lc 15, 11-32) como símbolo da humanidade que sofre as consequências do pecado ao se afastar de Deus, e ao recobrar em sua consciência a bondade e o amor de Deus, n’Ele (em Deus) participa de uma vida nova!
Eis os basilares sinais do texto (15, 22):
- Túnica: representa o batismo que nos faz filhos de Deus introduzindo-nos em uma vida nova (Rm 8, 15).
- Sandália: mostra-nos a possibilidade de recomeçar, de dar passos novos, de uma vida nova (II Cor 5, 17).
- Aliança: símbolo do amor de Deus que não tem começo nem fim, e ecoa para eternidade (Jr 31, 3).
O Natal é a coroação do projeto de amor de Deus que nos envia seu filho como um modelo a ser seguido, n’Ele descobrimos a fonte da juventude (Heb 13, 8), o ser humano em seu projeto inicial. Jesus é a alegria dos povos e a manifestação tangível do amor de Deus pela humanidade! Feliz Natal e abençoado ano novo repleto das graças de Jesus Cristo alcançadas por nós em sua encarnação, morte e ressurreição!
Autor: Carlinhos Faria – Teólogo – Comunidade Javé Nissi