Um convite à Humanidade: olhar, respeitar e acolher!
“Pedimo-vos, porém, irmãos, corrigi os desordeiros, encorajai os tímidos, amparai os fracos e tende paciência para com todos” (1Tes 5, 14).
Em que sociedade vivemos? Pensando nessa pergunta, só tenho poucas palavras para responder e muitas outras para justificar.
Vivemos na sociedade das urgências.
Urgências essas que no seu real significado quer dizer: uma sociedade da pressa, das poucas horas e minutos disponíveis. Onde quer que vamos, percebemos as pessoas reclamando da falta de tempo ou da velocidade que os meses e anos passam. Não! Os dias ainda tem 24 horas e os anos 365 dias, mas, a cada dia temos mais urgência para resolvermos tudo e ganharmos todo o dinheiro necessário e exigido pela sociedade capitalista.
Gostaria aqui de propor uma reflexão: há algum tempo recebi um texto que falava de quanto há cerca de três ou quatro décadas atrás éramos treinados com mais facilidade a encarar os desafios e as dores. Àquele que passava por um problema e que ao nosso redor estava era merecedor da nossa empatia, compaixão e ajuda. Neste texto paradoxal falava-se até do poderoso merthiolate (aquele antisséptico poderoso que ardia e curava) que fazia com que corrêssemos demasiadamente dos nossos pais quando de nós se aproximavam para um novo machucado poder ‘curar’, aquele líquido rosa que, com todo seu ardor nos ensinava: a vida exige paciência – se não obedecemos, podemos machucar e o machucado dói e para cicatrizar leva tempo, dor e cuidado.
Nessa época e ainda anterior a ela, éramos responsabilizados pelos nossos atos e sabíamos que todo eles haviam consequências e que elas, seriam um ‘problema’ exclusivamente nosso.
Assim como o ‘Merthiolate’ ardia e nos remetia a uma infância encorajada, dividíamos brincadeiras nas ruas, frequentávamos com mais assiduidade a casa do vizinho, do amigo, do primo e do conhecido. Entendíamos, por assim ensinar nossos pais, o respeito pelo outro, pelos poucos bens que possuíamos e pelos mais velhos.
Nos relacionamentos, compartilhávamos histórias, sabores e dessabores. Respeitávamos com maior facilidade as regras, as ordens, os limites e também o outro. Essa era uma realidade acalentadora, pois o único material e capital que tínhamos era o HUMANO. Este fato nos levava a valorização daqueles que a nós pertencia de alguma maneira.
Com a ‘evolução’ para uma sociedade dita ‘pós-moderna’ e para o sistema capitalista, fomos destreinados a olhar com Humanidade e a sermos pacientes e fortes e principalmente a lidar com as nossas frustrações e limitações e, como consequência deixamos de aceitar as limitações, defeitos, adversidades e miséria alheia.
Fomos, pouco a pouco, perdendo o sentido de comunidade, seja ela entendida como família, grupo de amigos, escola, bairro, igreja entre outros, já que estamos em uma era digital essencialmente individualista.
Portanto, nosso Papa, com muita sabedoria, nos chama a refletir sobre como é importante sermos Pacientes ao lidar com a fraqueza do próximo e assim, nos dispormos integralmente a encorajá-lo e sermos um suporte para que suas ações passam a ser superadas com integridade, humanidade e amor.
Autor: Lú Cazaroto – Psicóloga – Comunidade Javé Nissi