SER PAI COMO SÃO JOSÉ
A carência da paternidade é um dos dramas profundos de nossa civilização. É a ausência de pai que torna tantos indivíduos incertos, desorientados, profundamente infelizes e, sobretudo, perigosos. A igreja tenta ajudar os pais, mas, muitos sacerdotes não conseguem exercer sua paternidade espiritual porque é confundida com paternalismo, autoritarismo e às vezes, até, se desconfia dela profundamente. Reencontrar essa paternidade indispensável, forte, terna, esclarecida, respeitosa das liberdades, é permitir ao Pai eterno comunicar o mais belo de seus dons. Aquele que Jesus nos mostra em ação em todo o Evangelho, de modo especial na história do filho pródigo.
Fazer descer essa paternidade do céu sobre a terra é todo papel de São José. Sua paternidade tudo contém: representa a aceitação do real no dia a dia, esse real vindo do Pai eterno, que, em seu insondável amor, ama ocultar-se de nós. Essa paternidade introduz a paz do coração e a confiança da fé, que são o clima insubstituível das outras graças. Ela ensina a alcançar Jesus oculto na novidade cintilante do tempo presente. Ela parece vazia e silenciosa, ao passo que contém toda memória e toda Palavra. Ela parece fria e indiferente, enquanto, na verdade, abriga Maria e todas as doçuras da amizade. Ela nos faz escapar de todos os nossos inimigos ao liberar todos os anjos, indispensáveis para nossa proteção e nossa instrução espiritual.
Reconhecer a paternidade de José, imitar esse pai, como fez Jesus, é simplesmente descobrir a exigência cristã no nível “dos pés e das mãos”, (do toque) e não nos discursos, nas justificações. São José ensina a arte de menos pensar para ser mais inteligente; a arte de menos sentir para amar mais; nos ensina a confiar no tempo de Deus. Viver inteligentemente com o tempo, é uma arte superior que José aprendeu em companhia de Maria. O tempo vivido na Sagrada Família é um tempo construtivo, positivo, voltado para a vida, pois o silêncio e a noite de Deus, confiados a José, inclinam-no para a eternidade.
Aprendemos com São José que mesmo quando as aparências são contrárias, estamos certos de uma coisa: o tempo trabalha para nós. Basta crer durante um certo tempo para ver surgirem as promessas, que não parecem sempre com o que havíamos previsto. Viver o tempo na Sagrada Família libera três vantagens: – a primeira é a densidade que assume o momento presente (Mt 6,34) “…não vos preocupeis com o dia de amanhã…” – a segunda é a prática da solicitude divina (Rm 8,28) “…tudo concorre para o bem dos que amam a Deus… – a terceira é a coincidência dos contraditórios (Lc 21,28) “…levantai-vos e erguei a cabeça porque vossa libertação está próxima…”
Fonte: livro José, Pai do Filho de Deus (Pe. André Doze)
Autor: Mila e Tiãozinho – Comunidade Javé Nissi