O QUE É A CIDADANIA?
Eis um tema ou assunto que aparentemente todo mundo sabe, isto até o momento em que se torna necessário precisar esse conceito. Eis que nem sequer adentramos no que é a vivência da cidadania. Podemos afirmar que Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais estabelecidos na Constituição de um país.
Essa breve conceituação dicionarística precisa ser transforma em civilidade, isto é, precisamos dar passos que nos levem além de meros conceitos e que criem práticas objetivas e ordenadas, para que a noção teórica torne-se prática cívica. Um cidadão cívico nada mais é que uma pessoa que paga seus impostos, tem boa convivialidade, exerce seu direito e dever democrático do voto, mas também da cobrança digna do voto que foi confiado.
Como podemos ver, não há nada de extraordinário no que tange a responsabilidade e dignidade de ser cidadão, contudo a angústia nos toma, quando vemos um país desmoralizado por aqueles que deveriam nos representar. Não falamos de pessoas sem formação, sem competência, mas de pessoas sem moral, sem caráter, pessoas que utilizam os dons que receberam e adquiriram em suas vidas para um usufruto egoísta, mesquinho e diabólico.
Sim, nos referimos aqui aos líderes políticos que estão ou estavam à frente de nosso país, que não demonstram preocupação com o povo, seus patrões por direito, antes os fazem de escravos, manipulam suas vontades, tiram-lhes a vida, arrancam-lhes a esperança etc. Como não lembrar no refrão da música: “Que país é este”, dá até vontade de cantar a segunda parte na sua interpretação mais indigna!
Quando os debates se acaloram, as respostas simplistas costumam aparecer, eis algumas delas: O povo não sabe votar! Falta consciência política! Político nenhum presta! A lista pode se tornar bem maior se resolvermos fazer uma pesquisa de campo, mas a questão aqui é bem profunda, não se trata de simples consciência política, mas política consciente, isto é: fazemos política em todas as nossas decisões.
Se um pai decidir transferir o filho de uma escola para a outra, pois na escola que ele está irá reprovar; ou um vendedor que mente sobre a qualidade do produto ou a data da entrega para aumentar as vendas; ou uma mãe que arruma a bolsa do filho todos os dias; o pai que justifica sua ausência na vida do filho comprando-o com presentes etc. A lista é enorme, não somos perfeitos, mas vejamos são nessas simples relações, de maneira especial que mechem diretamente no caráter dos filhos que deixamos de fazer cidadania.
A cidadania é um compromisso de todos com todos, ainda que falhemos, devemos tentar recomeçar, seguindo a linha política de nosso país, a democrática, também devemos segui-la em nosso dia a dia, se falhamos em nossas decisões, façamos uma nova eleição de nossas vontades, se estamos elegendo uma conduta de vida prejudicial a nossos filhos e a população, façamos o impeachment de nosso erro.
Uma boa política se faz com exemplos, com acertos e erros, não importa onde estamos ou onde chegamos, politicamente falando, importa que ainda podemos recomeçar. Fazendo uma interface entre política e educação, encerramos essa breve com um poema de Rubem Alves.
Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música.
Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes.
Rubem Alves