Lançai um olhar amoroso e providente!
“Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele.Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo” (1Cor 12:26,27)
A globalização tem nos deixado uma herança não tão positiva: estamos cada vez mais inclinados a agirmos de maneira individualista e egoísta. Preocupamos muito mais com nossas próprias necessidades e urgências do que daquele que nos cerca ou mesmo daquele desconhecido que está necessitado – estamos relativamente cegos e desumanos.
Pensar no outro é um exercício diário que fazemos de transgressão, ou seja, de sairmos de nós mesmos para compreender e olhar para o outro.
À medida que assim o fazemos, estabelecemos uma relação de HUMANIDADE e introspecção – para que eu entenda o próximo é necessário que em primeiro lugar compreenda minhas reais necessidades, as aceite de modo sincero e, esteja consciente de si para que assim possa agir empaticamente com a dor do próximo.
Dessa maneira, vamos construindo um mural de recordações, lembranças e neles revivemos sentimos e afetos que fazem parte da história da nossa vida. Diante de tantas situações, ocasiões e sentimentos passamos a construir relações: e são as relações que estabelecemos ao longo da vida que nos permite amadurecer colaborando para a integração da nossa identidade.
Estabelecer uma relação com alguém nos remete ao fato de ser ajudado e cuidado: segundo o dicionário da língua portuguesa quer dizer auxiliar, socorrer, favorecer, facilitar, propiciar, fazer alguma coisa, prestar auxílio. No mesmo dicionário cuidado está ligado a atenção, precaução, cautela, desvelo, encargo, responsabilidade.
Portanto, nossa vida começa a ter sentido à medida que convivemos e nos relacionamos com as pessoas, pois, de todas as espécies de seres vivos, a Humana torna-se única ao ser racional, possuir uma Alma, ao estabelecer vínculos duradouros e vitais e por não conseguir sobreviver sem ajuda, cuidado e amor. É exclusiva ao ser uma espécie que estabelece uma relação com Deus.
Viver, conviver e relacionar-se!
Nenhum ser humano pode sair ileso de uma relação, pois, este vínculo estabelecido nos dá oportunidade de trocas – ideias, valores, percepções, conhecimentos e emoções.
Por fim, sabemos que nossas histórias e a nossa identidade são construídas através de todas as relações que construímos ao longo da vida, e somos muitas vezes incapazes e despreparados para as perdas que a vida oferece.
Na última Obra de Misericórdia proposta pelo nosso Papa, ele nos chama a vivenciar uma vida de oração para os vivos e também pelos mortos, para que os vivos consigam compreender o verdadeiro amor de Deus e aos mortos, para que sejam purificados e abraçados pelo Fogo do Espirito Santo, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do céu.
Neste sentido, a vida de oração devolve a esperança, a ilusão, a vontade de viver para aquelas pessoas que as perderam, que caíram na miséria.
Este é um exercício de reencontro que faz-nos reavaliar nossa identidade, nossas relações terrenas e assim, neste encontro com o que somos é que vamos conseguir ‘esquecer’ nosso ego para lançarmos olhar pelo outro, e, finalmente experimentar uma vida com mais amor, força, mansidão, humildade e fé.
Autor: Lú Cazaroto – Psicóloga – Comunidade Javé Nissi