O chamado político aos leigos
Podemos confirmar essa verdade: “Na Igreja, nós, leigos, somos colaboradores.Na política, nós somos protagonistas.” Foi nestes termos que escreveu o Papa Paulo VI: “A sua primeira e imediata tarefa não é a instituição e o desenvolvimento da comunidade eclesial, esse é o papel específico dos Pastores, mas sim, o pôr em prática todas as possibilidades cristãs e evangélicas escondidas, já presentes e operantes nas coisas do mundo. O campo próprio da sua atividade evangelizadora é o mesmo mundo vasto e complicado da política, da realidade social e da economia.” Diante desta afirmativa não podemos, com desculpas, subestimar a valiosa contribuição que temos dado à Igreja nos serviços eclesiais, mas somos chamados a dar mais e, quando se trata, especificamente, da política, da realidade social e da economia, faz-se necessário afirmar que a participação dos leigos no mundo da política, como atividade missionária, está respaldada nos documentos que compõe a Doutrina Social da Igreja, os quais incentivam sua participação nas atividades políticas como uma ação missionária. Segundo São João Paulo II, “os cristãos não podem absolutamente abdicar da participação política” (ChistifidelisLaici,42).
Gostaria de destacar uma reflexão feita pelo pregador Dom José Azcona (bispo emérito da ilha de Marajó/PA). Isso ocorreu em meados de maio de 2015 no Congresso Nacional de Fé e Política& Promoção Humana na cidade Lorena/SP.
Exortou-nos afirmando que o protagonista, aquele que coloca a mão na massa e é monte na planície, é o leigo. A graça especial da secularidade corresponde a nós, leigos. Partilhou o conceito e a experiência do serviço, citando Marcos 10, 41-45. Disse que vivemos a confusão entre o ser cristão e o ser pagão, onde Jesus estabelece uma diferença total entre a política deste mundo e a política Dele. O sistema é dinâmico, de dominação, de opressão e repreensão, que é também a política de hoje do Brasil. Relatou um encontro em Belém, reafirmando a ameaça de morte que sofre, dizendo que quem quer lutar pelos direitos humanos, no Brasil, vai ser perseguido e marginalizado. É preciso nos abrir ao evangelho da realidade. Na relação de Lucas no paralelo deste texto, coloca a condição dos pagãos neste mundo: “Entre vós não deverá ser assim”. Nós podemos ser os covardes: o que quer ser grande seja o pequeno, o primeiro seja o último. Vejamos os pensamentos dos nossos políticos que tem moldado nossos pensamentos. Ao invés de serem sal e luz no mundo, chegamos ao processo de estagnação, assim como o sal insosso e a luz dentro do caixote. Encerrou com uma provocação dizendo: “Até que ponto somos fiéis ao evangelho?”
Volto à frase do papa Paulo VI, onde diz que é necessário por em prática todas as possibilidades cristãs e evangélicas escondidas e entender com clareza que política é parte constitutiva da Santa Igreja. Somos chamados a fazer a diferença na sociedade para que o senhorio de Jesus Cristo seja, não um conto de fadas ou uma utopia, mas, que seja fato nas nossas vidas.
Sérgio de Jesus da Silva – Serginho – Comunidade Javé Nissi – Ministério Matias