ESPERANÇA: EIXO NORTEADOR DA SOCIEDADE
Conceitualmente podemos falar de esperança passiva e ativa. Na primeira há o desejo, mas não existe ação; já na segunda o desejo se transforma em ação. Ante o cenário político atual se faz necessário ponderar: há esperança para nosso Brasil, politicamente falando? Se há, qual a relação existente entre o representante político e a população?
Partimos do pressuposto que é da natureza do ser humano a dinamicidade, somos movimento, somos ação. Como seres em movimento, somos e representamos mudança, o fato do existir e do agir humano perpetuam a impossibilidade de um mundo de uma sociedade estática.
No cerne da problemática está o agir para mudar, porém não nos referimos a mudança como ciclo natural, mas mudança planejada, arquitetada. Tendo em vista as circunstâncias em que nos encontramos, é valido dizer que se trata de ação a longo prazo. Justamente por essa exigência é incompreensível que a sociedade, embora enlutada e/ou revoltada, continue se valendo da esperança passiva.
Bem conhecida é a expressão de que “a corrupção está no sistema”, essa máxima produz no inconsciente coletivo da sociedade uma passividade mórbida, isto é, ver-se doente e não reagir. Nos dizeres de Renato Russo: “nos vemos no espelho e vimos um mundo doente”, a doença que se instalou no sistema tem cura, mas para isso precisamos nos revigorar e criar novos anticorpos.
Trata-se de abandonar a passividade, despertando a nós mesmos e aos demais para combater a desesperança (corrupção) em sua nascente primeira, o coração do ser humano. Dizer que a política não tem solução é negar nossa racionalidade e, por outro lado, querer uma resposta para ontem é esterilizar o processo. Se realmente queremos mudar a estrutura política, precisamos começar a mudá-la em nosso cotidiano.
Como mudaremos a estrutura de um país se até nas mínimas coisas buscamos nosso próprio interesse sem considerar os demais? Como podemos esperar políticos competentes e honestos se não exigimos isso de nossos filhos? Vejamos um exemplo: a educação em nosso país tem uma meta: quebrar o índice de analfabetismo. Justa, por sinal, mas que via o governo utiliza para isso? A não reprovação! Como é triste ver e saber que professores da rede pública precisam se reunir – nas famosas reuniões de módulo – para estudar meios de dar nota aos alunos, pois ao final do ano eles não poderão reprovar. Agregado a isso estão os pais ausentes ou não comprometidos com a vida escolar dos filhos. São filhos que não querem estudar, que atrapalham bons alunos, que desacatam professores, que vandalizam a escola, etc.
Como mudaremos o cenário de nosso país se não intervirmos para mudar realidades como essa? Deixar a passividade e tomar decisões acertadas na educação de nossos filhos, no compromisso cotidiano de nossos afazeres e, assim, só assim, produziremos um inconsciente coletivo capaz de produzir e efetivar escolhas acertadas de novos políticos, de nova conduta e de uma sociedade melhor, onde aparentemente descansaremos numa esperança passiva.
Há esperança política sim para nosso país, mas para sairmos da esperança passiva precisamos transformar a educação de nossos filhos e futuramente a de nossa nação. Para tanto, não podemos desanimar, precisamos atuar para mudar, buscando o melhoramento escolar, desde as estruturas ao comportamento dos alunos, mudar nossa postura de pais que muitas vezes passa mão na cabeça dos filhos, como se eles nunca estivessem errados. Não haverá mudança em nosso país enquanto não houver em nossas casas e nas escolas. Acorda Brasil, acorda cidadão, não há transformação sem remissão!
Autor: José Carlos Faria – Carlinhos – Teólogo – Comunidade Javé Nissi