Maria, bendita pela humildade e obediência
Uma mulher, do meio do povo, levantou a voz e disse a Jesus: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram” (Lc 11, 27). Qual mãe não gostaria de ouvir um elogio assim? Ser bendita pela sociedade por causa das boas obras do filho. Porém, Jesus vai ensinar que para Deus o que mais vale é o dom da entrega e a obediência: “Muito mais felizes são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.” (Lc 11, 27). Ao dizer o “faça-se”, Maria se torna bendita por crer e acolher a Palavra de Deus. O Catecismo da Igreja Católica ensina que “Maria é mais bem-aventurada recebendo a fé de Cristo do que concebendo a carne de Cristo” (CIC 506).
A explicação de Jesus nos ensina a vivência dos sacramentos da iniciação cristã. É fácil ser batizado, moleza entrar na fila para receber a Eucaristia e depois da formação da catequese é natural o Sacramento da Confirmação, mas vivê-los com autêntica coragem é desafiador, pois é preciso renunciar a si mesmo e tomar a cruz. Não existe mérito em ser elogiado por ser cristão. Para Deus é muito mais feliz quem vive praticando os ensinamentos evangélicos. Maria, modelo de obediência, é chamada por todas as gerações de bem-aventurada, porque soube, desde a saudação do Anjo Gabriel, fazer a vontade de Deus. Prova disso é o primeiro milagre do Filho, realizado por meio de um conselho aos serventes: “fazei tudo o que ele vos disser” (Cf. Jo 2,1-11).
A obediência e a humildade andam juntas. Não se separam. Duas virtudes de Maria que cada cristão precisa acolher para si. Diferente do que queriam os filhos de Zebedeu, os apóstolos Tiago e João. Os dois fizeram um pedido a Jesus que causou rebuliço entre os 12 discípulos: “Concede-nos que na tua glória nos assentemos um à tua direita, e outro à tua esquerda” (Mc 10,37). O pedido foi tão sem pé e sem cabeça que Jesus os repreendeu e os outros seguidores ficaram furiosos. Para colocar panos quentes na situação, Jesus explicou que cabe a Deus escolher quem ocupa as cadeiras no céu. Com paciência, mas condenando atitudes egoístas, o Messias afirmou que o maior no Reino dos Céus é aquele que se faz menor entre todos, pois o Filho do Homem veio para servir. Os abusados Tiago e João queriam lugar de honra, mas pelo Salmo 44 – utilizado na Celebração da Assunção de Maria – sabemos quem ocupa um espaço de destaque: “A Vossa direita se encontra a Rainha, com veste esplendente de ouro de Ofir.” A Virgem de Nazaré está no Céu de corpo e alma pelos méritos em saber fazer a vontade de Deus e permanecer humilde e obediente.
Queremos pedir a Nossa Senhora que nos pegue em seu colo de pureza, pois olhando em seus olhos maternos aprenderemos sua humildade e zelo ao Reino de Deus. Maria, exemplo de verdadeira cristã, é nosso modelo certo para merecermos o Céu. Não seremos cristãos só de nome, mas benditos pelas atitudes.
Autor: José Eymard Miranda Leite Sobrinho – Jornalista e colaborador