Jesus é “Aquele que devia vir”
O Advento representa a primavera, estação de expectativa e de promessas. Durante o Advento, a Palavra de Deus nos levará a descobrir quem é “Aquele que devia vir”: é Jesus Cristo, o Filho de Deus; é o Salvador, Aquele que na encarnação se tornou “Deus conosco”, Emanuel!
“Que novidade trouxe o Senhor em Sua vinda ao mundo?”, perguntavam-se os primeiros cristãos. E respondiam: “Trouxe toda a novidade, trazendo-se a Si mesmo” (Santo Irineu). Ele mesmo é a grande novidade do mundo. São Paulo ensina-nos a ver o Natal como o início de um batismo da “regeneração e renovação pelo Espírito Santo”(Tt 3,5). Começa um tempo novo para o mundo; também o tempo se renova e começa a ser contado a partir dessa data; não mais a partir da fundação de Roma, mas a partir do nascimento de Cristo.
Assim “não há mais lugar para a tristeza, pois no dia em que nasce a vida, uma vida que destrói o medo da morte e carrega a alegria das promessas eternas. Ninguém está excluído desta felicidade: a causa da alegria é comum a todos. Exulte o santo, porque se avizinha o prêmio; alegre-se o pecador, porque se lhe oferece o perdão; recobre coragem o pagão, porque é chamado à vida” (São Leão Magno).
O Evangelho de Lucas nos apresenta dois modos de acolher o Natal: o dos pastores e o de Maria. (2,15-20)
Maria creu (cf. Lc 1,45), por isso ela já vive na dimensão da fé; e “[conserva] todas estas palavras, meditando-as no seu coração”; mergulha em profundidade nas coisas de Deus e está disponível para a adoração. Em qualquer quadro de Natal, em qualquer presépio, Maria está sempre em adoração diante do Menino.
Os pastores servem para traçar o itinerário em direção à fé. Eles ouviram o anúncio e respondem com a decisão: “Vamos até Belém e vejamos o que se realizou e o que o Senhor nos manifestou.” A decisão interior se traduz de imediato em gestos concretos de vida (“Foram com grande pressa”), e estes levam à descoberta: “Acharam (…) o menino.” Acharam-nO não só material, mas espiritualmente; com os olhos do coração, mais que com os olhos do corpo. Em suma, acreditaram. Compreenderam, ou ao menos intuíram quem era aquele Menino, e da descoberta nasceu o impulso irresistível ao testemunho: “Vendo-o, contaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino.”
Nesse modelo de itinerário de fé há um ponto que devemos assumir como nosso: a decisão de ir a Belém: “Vamos até Belém”, disseram-se uns aos outros, os pastores. E também nós, neste Advento, digamo-nos uns aos outros: “Vamos – ou melhor, retornemos – a Belém!”
Este “ir à Belém” importa um caminho penitencial. Um caminho de purificação e arrependimento. Não podemos nos apresentar no Presépio cheios de rancor e amargura, de desunião e inimizades, de inveja e maledicência. No caminhar deste Advento façamos também um caminho de reconciliação e de paz.
“Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto.” Nós somos agora, neste milênio, chamados a fazer o mesmo: a glorificar a Deus pela Palavra, pelo pão que se reparte, pela alegria que se multiplica em nosso coração. Somos chamados a dizer aos outros aquilo que vemos no Presépio e o que aprendemos com o Menino.
Vale recordar um velho hino alemão:
Advento é tempo de preparação, de abrir caminhos para o Deus criança.
É estar disposto a ajudar um irmão e a uma irmã encher de esperança.
Advento é tempo de avaliação, de unir caminhos e acertar estradas.
É tempo certo para pedir perdão e perdoar, seguindo de mãos dadas.
Advento é tempo de transformação, mudar caminhos para um mundo novo.
É ver que o amor de Deus é doação, e a novidade é para todo o povo.
Advento é tempo de decoração, florir caminhos, aplainar colinas.
Encher de amor e luz o coração para espalhar nas noites natalinas.