Natal

Queridos irmãos e irmãs

Glória a Deus nos Céus e paz na Terra para os homens que Deus visita!

Em seu Evangelho, Lucas transmitiu-nos “uma descrição concisa das circunstâncias em que se deu o nascimento de Jesus”: “Naqueles dias, um edital de César Augusto ordenou que se fizesse o recenseamento de toda a terra. (…) Ora, quando estavam lá, chegou o tempo em que ela devia dar a luz. Ela teve seu filho primogênito, enrolou-o em faixas e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lucas 2, 1.3-7).

A alegria dos pastores tinha um antecedente: durante séculos os crentes de Israel desejaram e esperaram que Deus os visitasse e se manifestasse próximo, numa intimidade de amor. Tantas vezes, nos momentos de angústia ou de alegria, os crentes clamaram: “Vinde Senhor”; abra-se a terra e brote o Salvador. Naquela noite, em Belém, os pastores reconheceram, naquele Menino, o Messias esperado, o Emanuel, isto é, o Deus próximo, o Deus no meio do Seu Povo.

São João resume em uma só frase toda a profundidade do mistério da Encarnação. Ele escreve: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Nós vimos sua glória, glória que recebe de seu Pai como Filho Único, cheio de graça e verdade” (1,14). Na concepção e no nascimento de Jesus realiza-se a Encarnação do Verbo eterno, consubstancial ao Pai; Verbo que no princípio estava junto de Deus, por meio do qual foi feito tudo o que existe; o Verbo no qual estava a vida, vida que era a luz dos homens (cf. 1,1-5).

Jesus Cristo só é fonte de alegria e de esperança, para quem procura Deus, para aqueles que no mais íntimo do seu coração, desejam encontrar Deus. Isso é verdade para os que acreditam n’Ele, e desejam conhecê-Lo melhor, contemplar o Seu rosto. Esses, quando rezam, exprimem esse desejo, tanto quando imploram “Vinde Senhor Jesus”, como quando lhe pedem, a Ele, cuja presença consoladora já se vive, “fica conosco Senhor”.

Mas também os que duvidam, que têm uma fé titubeante, procuram o rosto de Deus, que pode interpelá-los na busca da beleza, da justiça, de um amor que valha a pena; pode questioná-los nas perguntas sem resposta sobre o sentido da vida e da morte, ou quando a dramaticidade dos acontecimentos ultrapassa a nossa capacidade de intervenção e de solução. Aqueles que tiverem simplicidade para reconhecer e aceitar as mais profundas interrogações que a vida lhes põe, acabam por desejar, também eles, que Deus venha e fique conosco. E podem ter a alegria de O reconhecer em Jesus Cristo, no Menino da Gruta de Belém.

Amados irmãos

Quando os Apóstolos, movidos pelo Espírito Santo, partiram a anunciar o Evangelho em todo o mundo conhecido de então, o que eles anunciavam era que Jesus era o Cristo nascido de uma mulher, Maria, em Belém, morto e ressuscitado. Era Ele o Deus Vivo, definitivamente presente no meio do Seu Povo, Povo esse que definiu a sua nova fronteira em todos aqueles que acolhendo esse anúncio, acreditaram, se reuniam, para se encontrarem com Ele. Essa experiência era de tal maneira decisiva para o coração humano, que comunicá-la era urgente; tratava-se de espalhar uma “boa notícia”.

Queremos ser testemunhas de uma visão do homem e da vida, que continua atual, dois mil anos depois. Ficaremos contentes se nos escutarem, e com todos aqueles que aceitarem partilhar conosco a vida e partir conosco nesta busca contínua de uma Jerusalém mais digna do homem, faremos festa. Nessa busca, nós poremos em comum o que de mais precioso guardamos nos nossos corações: a certeza de que encontramos Deus em Jesus Cristo.

Irmãos e irmãs,

Por todos os que procuram o rosto de Deus, nós rezaremos neste Natal: “Vem Senhor”, seja para todos a luz por onde entrará a alegria e a esperança.

Com aqueles que, na intimidade de uma oração, na festa de uma celebração ou no calor do amor fraterno já sentiram o Senhor presente, nós rezaremos: “Fica conosco Senhor”.

Queremos comungar na Tua plenitude de vida ao recordarmos o Teu Nascimento.

Bom Natal!

Tatá