Ressurreição

Ressurreição

“Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram. Com efeito, visto que a morte veio por um homem, também por um homem vem a ressurreição dos mortos. Pois, em Cristo todos receberão a vida”. – 1Cor 15,20s

O Amor, com efeito, é mais forte que a Morte. “O Amor é mais forte do que a Morte; seus lampejos de fogo são uma chama de Deus: as águas caudalosas não podem extinguir o Amor, nem os rios submergi-la” (Cânticos 8,6-7). “A Morte não pode submergir o Amor”.

Cada um de nós experimenta essa realidade central do amor: o amor exige não acabar mais. Ora, esse apelo de infinito que está no âmago de todo amor é tragicamente irrealizável. Como um desejo louco de andar quando se está sem pernas, – ou de voar quando não se tem asas… O amor exige o infinito, mas não pode dá-la; reivindica a eternidade, mas pertence ao mundo da morte.

É a partir dessa contradição dilacerante que pode se compreender o que significa a “Ressurreição”. A vida é um sem sentido, se abolida pela morte; um amor é um sofrimento se a morte lhe destrói tudo, destrói a vida. Em outras palavras: se a vida e o amor não são ilusões, é porque a morte será destruída, é porque a morte não pode deixar de ser destruída.

Só a Ressurreição, de fato, garante o triunfo do Amor sobre a Morte. Só ela dá um sentido ao Amor e, portanto, à vida. Não se entra na Ressurreição, do mesmo modo que não se entrou na existência. Somente o amor de nossos pais podia nos fazer nascer; somente o amor de Deus pode nos ressuscitar.

Não existe escolha, se assim podemos dizer, visto como para Deus viver é amar, amar infinitamente, e amar infinitamente é amar até a morte “Não há maior amor do que dar a vida por aqueles a quem se ama”. Estamos em plena Vida de Deus: quando se ama o bastante para dar sua vida, não se desce à morte, sobe-se a uma Vida Superior porque “o Amor é mais forte do que a Morte”.

“Somente quando, para alguém, o amor conta mais que a vida, isto é, quando alguém está pronto a sacrificar a vida ao amor, a colocá-la em jogo por aqueles a quem ama só então o amor é mais que a morte, e mais forte do que ela. Para se tornar mais do que a morte, o amor deve ser primeiro mais do que a vida” (Cardeal Ratzinger).

Foi com esse amor que Jesus nos amou. Seu amor pelo Pai e por nós não recuou diante da morte; por conseguinte, a morte foi obrigada a recuar diante do Seu amor. Um amor simplesmente humano – até mesmo o mais belo de todos os amores – abandonado a si mesmo, não basta com toda certeza, para vencer a morte; só o amor de Cristo, em virtude de estar unido ao Amor e a Vida do próprio Deus, pode fundamentar nossa imortalidade. A vida de Cristo é o nosso fundamento de vida eterna!

Ele a fundamenta porque ao mesmo tempo de condição divina e plenamente humana, amou até a morte e morte de cruz, e Deus o exaltou soberanamente em sua ressurreição ( Flp 2,6s); porque foi em nome de todos nós que amou o Pai, e os outros, até a morte tornando-se assim “Primogênito entre os mortos” ( Cl 1,18 ) “o Princípio” da nossa própria ressurreição. Aquele que amou para todos fundou também a imortalidade para todos: sua Ressurreição é nossa Vida Eterna. Aleluia!

É essa vida para os outros que desafia e destrói a morte, por ser a própria Vida de Deus. Para todos nós, em nosso irmão Jesus, a vida nivela-se por cima: alinha-se pela Santíssima Trindade. Nisso consiste todo o Mistério da Ressurreição. “Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram. Com efeito, visto que a morte veio por um homem, também por um homem vem a ressurreição dos mortos. Pois.., em Cristo todos receberão a vida” (1Cor 15,20s).

Tácito Coutinho - Tatá - Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi

Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi

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