Missão, urgência eclesial
Reflexões sobre a Carta Encíclica “REDEMPTORIS MISSIO”
S. João Paulo II
Esboço de estudo e pregação de D. José Luiz AZCONA Hermoso, bispo emérito de Marajó, PA.
- Introdução
É o Espírito que impele a anunciar as grandes obras de Deus (RMi 1).
O impulso missionário pertence à natureza íntima da vida cristã : “ a fim de que proclameis as excelências Daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa..” (1Pd 2, 9-10 e Mt 28,18ss)
O empenho dos leigos está a mudar a vida eclesial e os campos que se apresentam são muitos : Ásia, África, Oceania… A Missão compete a todo cristão : dioceses, paróquias, instituições, movimentos, associações …
Constatamos hoje um quadro bastante complexo:
a) A Missão Ad Gentes (aos pagãos)
A Missão “Ad Gentes” está numa fase de afrouxamento contra todas as indicações do Concílio e Magistério posterior (RMi 2).
Na história da Igreja o impulso missionário sempre foi um sinal de vitalidade, assim como sua diminuição constitui um sinal de crise de fé.
Por outra parte, a melhor maneira de criar comunhão eclesial em comunidades divididas e problemáticas é a missão. “Tensões internas que laceram e debilitam algumas Igrejas e instituições locais, desapareceram frente à firme convicção de que a salvação das comunidades locais se conquista pela cooperação na obra missionária, a fim que esta se estenda até os confins da terra.” (Paulo VI – Mensagem para o Dia Mundial das Missões em 1972)
A Igreja convida a um renovado ardor missionário ( Redemptoris Missio) com a finalidade de renovar a fé e a vida cristã.
A Missão renova a Igreja, revigora sua fé, dá-lhe novo entusiasmo e motivações. É dando a fé que ela se fortalece.
A Missão é o primeiro serviço que a Igreja pode prestar ao homem e à humanidade inteira.
A favor desta imensa humanidade crescente que ignora a Cristo, amada pelo Pai, a ponto de lhe enviar Seu Filho, é evidente a urgência da missão. (Jo3,16; 2Cor 5,14s; RMi 3)
b) Novas oportunidades
É chegado o momento de empenhar todas as forças eclesiais na Nova Evangelização e na missão Ad Gentes. Nenhum fiel católico, nenhuma instituição da Igreja, nenhum movimento eclesial, se pode esquivar desse dever supremo : Anunciar Cristo a todos os Povos.
2. Jesus Cristo, único Salvador
A missão da Igreja Católica nasce da fé em Jesus Cristo, como ensina as Escrituras e aparece no Credo. ( 2Cor 4, 6.13)
No acontecimento da Redenção está a Salvação de todos, “porque todos e cada um foram compreendidos no mistério da Redenção, e a todos e a cada um se uniu Cristo para sempre, através deste mistério.”; somente na fé se fundamenta e se compreende a missão. (Redemptor Hominis 13 e RMi 4)
a) Único Salvador (Atos 4, 10.12)
Esta afirmação tem um valor universal, já que é para todos : judeus e gentios, a salvação só pode vir de Jesus. A universalidade desta Salvação em Cristo é afirmada em todo Novo Testamento. (1Cor 8, 5-6)
Esta é uma característica da fé cristã. Crença num só Deus e num só Senhor, por Aquele enviado : “A vida eterna é esta : que te conheçam a Ti, único Deus Verdadeiro e Aquele que enviaste, Jesus Cristo.” ( Jo 17,3)
Em outro texto : “ Eu Sou o caminho a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim”. ( Jo 14,5)
b) Único revelador (RMi 5)
“A universalidade salvífica de Cristo compreende os aspectos da sua missão de graça, de verdade e de revelação : ‘o Verbo é a Luz verdadeira que ilumina todo homem’. (Jo 1,9) E ainda : ‘Ninguém jamais viu Deus : o Filho Único que está no seio do Pai, é que o deu a conhecer.’ ( Jo1,18)
A revelação de Deus se tornou definitiva e completa, na obra do Filho Unigênito : ‘Tendo Deus falado, outrora, aos nossos pais, muitas vezes e de muitas maneiras, pelos profetas, agora falou-nos, nestes últimos tempos, pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, e por quem igualmente criou o mundo.’ (Hb 1, 1-2).
Nesta Palavra definitiva de sua revelação, Deus deu-se a conhecer de modo mais pleno : Ele disse à humanidade quem é. E esta auto-revelação definitiva de Deus é o motivo fundamental pelo qual a Igreja é, por sua natureza missionária. Não pode deixar de proclamar o Evangelho, ou seja, a plenitude da verdade que Deus nos deu a conhecer de si mesmo.”
c )Único Mediador (1Tim 2,5 ; Mt 11,27 ; Heb 1, 1s)
Esta única e universal mediação de Jesus Cristo, longe de ser um obstáculo para chegar a Deus, é a via estabelecida pelo próprio Deus, e disso Jesus tem plena consciência. Precisamente esta singularidade única de Cristo lhe confere um significado absoluto e universal, pelo qual enquanto está na História : “Eu sou o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim”. (Ap 22,13)
O Homem tem o direito de conhecer as riquezas do mistério de Deus e de seu Cristo.
3. A Igreja, sinal e instrumento de Salvação
“Enquanto a Igreja que Deus ama todos os homens e lhes dá a possibilidade de se salvarem ( 1Tim 2,4) , a Igreja professa que Deus constituiu a Cristo como único mediador e que ela própria foi posta como instrumento universal de Salvação” (RMi 9)
Cristo vive na Igreja, adquiriu-a com seu sangue (At 20,28) e tornou-se sua cooperadora na obra da Salvação universal. Cristo é seu Esposo, realiza seu crescimento e cumpre sua missão através dela.
A Salvação que sempre é um dom de Deus, exige colaboração do Homem para se salvar, tanto a si próprio como aos outros : “Este povo messiânico estabelecido por Cristo como uma comunhão de vida, amor e verdade, serve também, nas mãos Dele, de instrumento de Salvação Universal, sendo enviado a todo mundo, como luz deste mundo e sal da terra.” (LG 9)
4. A Salvação é oferecida a todos os Homens
“Fiel é esta palavra e digna de toda aceitação : Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o primeiro” (1Tim 1,15)
“Todos pecaram e todos precisam de misericórdia de Deus e são justificados gratuitamente por sua graça, em virtude da Redenção realizada em Cristo Jesus”. (Rm 3,23s)
“Em seguida ouvi a voz do Senhor que dizia : Quem hei de enviar ? Quem irá por nós? Ao que respondi : eis-me aqui, envia-me !” (Is 6,8)
“É crendo de coração que se obtém a justiça, e é professando com palavras que se chega a salvação….Porém como invocarão aquele em quem não tem fé ? E como crerão naquele de quem não ouviram falar ? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue ? E como pregarão se não forem enviados ?” (Rm 10, 10 e 14-15a)
5. Não podemos calar-nos (At 4,20)
Devemos afirma com simplicidade nossa fé em Cristo, único Salvador do Homem ! Fé que recebemos como Dom do Alto, sem mérito algum de nossa parte.
“Ai de mim se não evangelizar” ( 1Cor ) “Eu não me envergonho do Evangelho, que é força de Deus para a Salvação de todos os que crêem.” (Rm 1,16)
O mártires deram e continuam a dar suas vidas para testemunhar aos homens esta fé, convencidos de que cada homem necessita de Jesus Cristo, o qual destruindo o pecado e a morte reconciliou os homens com Deus.
a) Resposta às exigências e aspirações do Homem
A Igreja oferece aos homens o Evangelho, capaz de responder às aspirações e exigências do coração humano : é e será sempre a “Boa Nova”. A Igreja não pode deixar de proclamar que Jesus veio revelar a face de Deus e merecer pela cruz e ressurreição, a salvação para todos os homens.
Com a fé e a experiência da Igreja, proclamamos que abrir-se ao amor de Cristo é a verdadeira libertação. Nele e somente Nele somos libertados de toda a alienação e extravio, da escravidão ao poder de Deus e da morte.
Cristo é verdadeiramente nossa Paz (cf. Ef 2,14) “e o amor de Cristo nos impele” (1Cor 5,14) dando sentido e alegria a nossa vida.
b) A Salvação integral
A tentação hoje é reduzir o cristianismo a uma sabedoria meramente humana, como se fosse uma ciência do bom viver. Num mundo fortemente secularizado, surgiu “uma gradual secularização da salvação”, onde se procura lutar pelo homem, mas um homem dividido pelo meio, reduzido unicamente à dimensão horizontal.
Ora, nós sabemos que Cristo veio trazer a salvação integral que abrange o homem todo e todos os homens, abrindo-lhes os horizontes admiráveis da filiação divina.
c) Porque a Missão ?
A missão é verdadeiramente um problema de fé, é a medida exata de nossa fé em Cristo e no Seu Amor por nós.
A nós, como a São Paulo, foi dada “esta graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo”. (Ef 3,8) Todos de fato, buscam a “Boa Nova”, a novidade de vida, mesmo que as vezes confusamente e têm o direito de conhecer o valor de tal dom e aproximar-se dele. A missão é uma exigência da Misericórdia de Deus.
Para além do mandato formal, a missão deriva ainda da profunda exigência da vida de Deus em nós. Aqueles que estão incorporados á Igreja Católica devem sentir-se privilegiados e por isso mesmo comprometidos a testemunhar a fé e a vida cristã como serviço aos irmãos e resposta a Deus lembrados de que “ a grandeza de sua condição não se deve atribuir aos próprios méritos , mas a uma graça especial de Cristo. Se não corresponderem a esta graça por pensamentos palavras e obras, em vez de se salvarem, incorrem num julgamento ainda mais severo”.(RMi 11)
6. O Espírito Santo, Protagonista da Missão e o envio missionário a todo mundo
“No ápice da missão messiânica de Jesus, o Espírito Santo aparece-nos, no Mistério Pascal, em toda Sua Subjetividade divina, como Aquele que deve continuar agora a obra salvífica radicada no sacrifício da crus. Obra confiada aos homens : aos apóstolos e à Igreja. No entanto, neste homens e por meio deles o Espírito Santo permanece o sujeito protagonista transcendente da realização dessa obra, no espírito dos homens e na história do mundo.” (RMi 21)
a) O envio até os confins da Terra ( At 1,8)
Todos os evangelistas, ao narrarem o encontro de Cristo Ressuscitado com os Apóstolos, concluem com o mandato missionário : “ Foi-me dado todo o poder no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações …” (Mt 28,18s : Mc 16, 15-18 ; Lc 254,46-49 ; Jo 20, 21-23)
Esta missão é envio no Espírito, como se vê claramente no texto de São João : Jesus Cristo envia os seus ao mundo, como o Pai O enviou a Ele; e para isso concede-lhes o Espírito. São Lucas põe em estreita relação o testemunho que os Apóstolos deverão prestar de Cristo com a ação do Espírito Santo, que os capacitará para cumprir o mandato recebido.
As várias formas do “mandato missionário” contêm pontos em comum, mas também acentuações próprias de cada evangelista. Dois elementos se encontram de fato em todas as versões :
1º – A dimensão universal da tarefa confiada aos Apóstolos;
2º – Nesta tarefa não ficarão sozinhos, mas receberão a força e os meios para desenvolverem sua missão, que são a presença e a potência do Espírito Santo e a assistência de Jesus: “Eles partiram, indo pregar por todas a parte, e o Senhor cooperava com eles”. (Mc 16,20) ( cf RMi 23)
b) O Espírito realiza por meio da Igreja a vontade salvadora universal de Deus
“Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. A Palavra de Deus se propague e se difunda, a fim de que todos os homens cheguem aos conhecimento da verdade.” (RMi 23)
Todos os evangelistas sublinham que a missão dos discípulos é colaboração com a de Cristo Jesus : “Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo”. (Mt 28,20) Assim a missão da Igreja se baseia não na capacidade humana, mas sim na força do Ressuscitado.
7. O Espírito Santo guia a Missão
A missão da Igreja tal como a de Jesus é obra de Deus, ou melhor é obra do Espírito Santo.
Depois da ressurreição e ascensão do Senhor, os Apóstolos viveram uma intensa experiência que os transformou no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado conforme a promessa de Jesus ( cf At 1, 4-8 e 2, 1-4)
Quando os missionários saem de Jerusalém, o Espírito Santo assume ainda mais a função de “Guia” da missão, tanto na escolha das pessoas (cf At 13,1-4) como dos itinerários. A sua ação manifesta-se, especialmente no impulso dado à missão que de fato, se estende, segundo as palavras de Cristo, desde Jerusalém, por toda a Judéia e Samaria e vai até os confins do mundo …
No início da Igreja, embora contasse com missionários integralmente dedicados a ela por vocação especial, a missão era considerada como fruto normal da vida cristã, graças ao compromisso de cada crente em atuar através do testemunho de vida e do anúncio explícito, sempre que possível.
8. Os horizontes da missão
A missão de Jesus e da Igreja é uma missão universal a todas as pessoas, a todos os povos de todos os lugares da terra. A missão é única pela sua origem e seu fim e no seu conteúdo, mas existem diversas funções e atividades em sua realização.
a) A atividade missionária está ainda no início
O nosso tempo exige um renovado impulso na atividade missionária na Igreja. Os horizontes e as possibilidades da missão alargam-se e nos é pedido a coragem apostólica, apoiada sobre a confiança no Espírito. Ele é o protagonista da Missão.
A todos os cristãos, às Igreja particulares e à Igreja Católica, pede-se a mesma coragem que moveu os missionários do passado, a mesma disponibilidade para executar a voz do Espírito.
b) A Missão “Ad Gentes”
Antes de tudo, esta a missão “ad gentes” (AG 10). Trata-se de uma atividade primária e essencial da Igreja e jamais concluída.
Com efeito, a Igreja “não pode ser eximida da missão permanente de levar o Evangelho a quantos – e são milhões de homens e mulheres – ainda não conhecem Cristo Redentor do homens”
Essa é a tarefa mais especificamente missionária que Jesus confiou e continua confiando todos os dias à sua Igreja. ( ChL 35; RMi 31)
Atividade propriamente missionária da Igreja : povos, grupos, culturas, onde Cristo e seu Evangelho não é conhecido, onde faltam comunidades cristãs suficientemente amadurecidas para poderem encarnar a fé no próprio ambiente e anunciá-lo a outros grupos. Esta é propriamente a missão “ad gentes”.
c) Outras tarefas
A Igreja é igualmente enviada a anunciar o Evangelho a outros dois grupos específicos :
1º – A comunidades cristãs que possuem sólidas estruturas eclesiais, que são fermento de fé e de vida, irradiando o testemunho do evangelho em seu ambiente e sentindo o compromisso da missão universal.
2º – A grupos inteiros de batizados que perderam o sentido vivo da fé, não se reconhecendo já como membros da Igreja e conduzindo uma vida distante do Cristo e do seu Evangelho. Neste caso, torna-se necessária uma “nova evangelização” ou re-evangelização” (RMi 33).
Diante destas realidades alguns perguntam se é ainda o caso de falar em atividade missionária específica, ou de seus âmbitos específicos ou se não deveríamos antes admitir que existe uma única situação especificamente missionária, havendo apenas uma única missão igual em todo lugar.
Torna-se necessário, porém, precaver-se contra o risco de nivelar situações muito diferentes e reduzir ou até fazer desaparecer a missão e os missionários “ad gentes” !
A afirmação de que a Igreja é “toda missionária”, não exclui a existência de uma específica missão “ad gentes”, assim como dizer que todos os católicos devem ser missionários não impede – pelo contrário, exige – que haja missionários “ad gentes” dedicados por vocação específica á missão por toda a vida.
d) A todos os povos, apesar das dificuldades
A tarefa de anunciar Jesus Cristo a todos os povos apresenta-se enorme e desproporcionada relativamente às forças humanas da Igreja. Mas as dificuldades externas e internas não devem nos deixar pessimistas ou inativos. O que deve contar é a confiança que vem da fé ou seja, a certeza de não sermos nós os protagonistas da missão, mas Jesus cristo e seu Espírito
9. A cooperação na atividade missionária
Todos os membros da Igreja por força do batismo são co-responsáveis pela atividade missionária.
Tal cooperação radica-se e concretiza-se, antes de mais nada, no estar unidos pessoalmente a Cristo (Jo 15,5), só assim e que podemos dar frutos.
A santidade de vida possibilita a cada cristão ser fecundo na missão da Igreja : O sagrado Concílio convida a todos a uma profunda renovação interior, para que uma vez adquirida uma viva consciência da própria responsabilidade na difusão do Evangelho, cumpram a sua parte na atividade missionária no meio dos não cristãos”. (AG 35)
A participação na missão universal, portanto, não se reduz a algumas atividades isoladas, mas é o sinal da maturidade de fé e de uma vida cristã que dá fruto. Deste modo o fiel cristão alarga os horizontes de sua caridade, ao manifestar solicitude por aqueles que estão longe e por aqueles que estão perto.
10. Com o fervor dos santos
É o fervor que observamos na vida dos grandes santos e missionários que precisamos avivar em nós. Eles souberam superar muitos obstáculos que se opunham à evangelização e à missão. Entre esses obstáculos, que são também dos nossos tempos, podemos destacar a falta de fervor.
Esta falta de fervor se manifesta no cansaço e na desilusão, no acomodamento e no desinteresse, sobretudo, na falta de alegria e de esperança em muitos evangelizadores. E assim, somos exortados a alimentar sempre o fervor espiritual. (Rm 12,11)
Conservemos o fervor do Espírito, conservemos a suave e reconfortante alegria de evangelizar mesmo quando for preciso semear com lágrimas !
Que anunciar a mensagem salvadora de Cristo, constitua a grande alegria de nossas vidas. E que o mundo do nosso tempo que procura, ora com angústia ora com esperança, possa receber a Boa Nova dos lábios de evangelizadores, não tristes e desanimados, impacientes ou ansiosos, mas sim de ministros do Evangelho cuja vida irradia fervor, pois foram quem receberam primeiro em si a alegria de Cristo e são aqueles que aceitaram arriscar a sua própria vida para que o Reino seja anunciado e a Igreja seja implantada no meio do Mundo. ( EN 80)
11. Deus prepara uma nova primavera do Evangelho
Se olharmos superficialmente o mundo moderno, ficamos impressionados pela abundância de fatos negativos, podendo nos levar a um pessimismo. Mas este sentimento é injustificado : nós temos fé em Deus Pai e Senhor, na sua bondade e misericórdia. Estamos no Terceiro Milênio da Redenção, Deus está preparando uma grande primavera cristã cuja aurora já se entrevê. (RMi 86)
A Esperança cristã apoia-nos num empenho profundo a favor da Nova Evangelização e da missão universal e faz-nos rezar como Jesus nos ensinou : “Venha o Teu Reino, seja feita Vossa Vontade”. (cf Mt 6,10)
Os homens, à espera de Cristo, constituem ainda um número imenso. Os espaços humanos e culturais onde ainda o Evangelho não foi anunciado são tão amplos que requerem toda a força da Igreja.
Temos que alimentar em nós o zelo apostólico de transmitir aos outros a luza e a alegria da fé e para este ideal devemos educar todo o Povo de Deus.
Não podemos ficar tranqüilos ao pensar nos milhões de irmãos e irmãs nossas, também eles redimidos pelo Sangue de Cristo, que ignoram o Amor de Deus.
A causa missionária deve ser para cada católico como para toda a Igreja, a primeira de todas as causas, porque diz respeito ao destino eterno dos homens e responde ao desígnio misterioso e misericordioso de Deus. (RMi 86)
Porque a missão da Igreja não é uma missão facultativa. É um dever que lhe incumbe por mandato do Senhor Jesus a fim de que os homens possam acreditar e serem salvos. Sim, esta mensagem é necessária. Ela é única e não poderia ser substituída.
Assim ela não admite indiferença nem sincretismo, nem acomodação. É a salvação dos homens que está em causa, a beleza da revelação que ela representa.
Ela comporta uma sabedoria que não é deste mundo. É uma mensagem capaz de suscitar a fé, fé que se apoia na potência de Deus. Enfim ela é a verdade. Bem merece que o apóstolo lhe consagre todo o tempo, todas as energias e lhe sacrifiquem, se necessário, a própria vida. (EN 5).