As Reuniões de Oração: 7 pontos

As Reuniões de Oração: 7 pontos

Grupo de Oração e Reunião de Oração

“Os encontros de oração são inspirados pelo Espírito Santo, mas um encontro de oração eficiente não acontece automaticamente quando algumas pessoas se reúnem para orar. Os Grupos de Oração fracassam quando não têm um veículo eficiente para o louvor do grupo. Precisamos aprender e desenvolver e aperfeiçoar encontros de oração que honram devidamente o Senhor e promovam o progresso na vida cristã.” (Bert Ghezzi).

Podemos considerar sete pontos de uma Reunião de Oração eficaz. Claro que sempre supomos a graça de Deus, sua Presença e Misericórdia. O Papa Paulo VI nos ensina que nenhuma técnica, das mais apuradas, pode substituir a ação do Espírito Santo. ( Evangelii Nuntiandi)

“Os encontros de oração não se destinam a produzir dentro das pessoas ardores farisaicos ou exaltações espirituais ou emocionais temporárias, em pessoas que não têm nenhum contato pessoal entre si. Eles não são fechados em si mesmos. O encontro (grupo) de oração não é um fim em si  mas sua finalidade é construir uma comunidade adulta de cristãos.” (A realização das promessas de Deus – James Byrne)

Algumas observações iniciais

  1. Reuniões eficientes: são aquelas que realizam o que dizem (experiência do batismo no Espírito Santo)
  2. Elementos: conhecimento da promessa; expectativa da realização (fé expectante); “não se afastar de Jerusalém”.

7 Pontos (notas)

  1. Abertura para o contínuo derramamento do Espírito Santo

Esta abertura implica em não ter medo, desejar profundamente beber desta água (como a samaritana), ir a fonte e usar da criatividade (como aqueles que romperam o teto da casa da sogra de Pedro ou a hemorroissa que toca no manto do Senhor ou ainda como a mulher cananeia que O interpela reclamando dos direito dos “cachorrinhos”).

Esta abertura é fruto da obediência, pois o Espírito foi derramado porque eles não “se afastaram de Jerusalém”. Não nos afastar de Jerusalém, este é o segredo. Não nos afastar da ordem do Senhor: “amai-vos uns aos outros”.

Avançar sobre a promessa, mesmo que isto implique em vencer as dificuldades, devemos ficar ao lado de Josué e Caleb, pois foram os únicos daquela geração que entraram em Canaã.

  1. Louvor, louvor, louvor

Precisamos entender que o Espírito Santo vem “de repente”, do “céu” e “enche toda a casa”. Este fato não é fruto de nossos méritos ou atividades, não é tampouco resultado de nossas técnicas, ministérios ou estruturas. Vem de repente, no tempo de Deus, fruto de Sua fidelidade e misericórdia. Vem do céu e não de nós mesmos, como se fosse uma qualidade nossa que aflora e enche, plenifica, todos os da comunidade que estão na casa, nesta casa que o Senhor nos manda reconstruir na profecia de Ageu.

Na Renovação Carismática existe um canto que fala “Hoje é tempo de louvar a Deus… No meio dos louvores Deus habita…” Sim este é o caminho: louvar a Deus, pois o louvor nos faz olhar para Aquele que É e desviando nossos olhos daquilo que não é, “do nosso umbigo” e nossas necessidades. O louvor torna Deus centro de nossa oração, é a Ele toda Honra e toda Glória.

Senhor nos ensinou : Pai Nosso, que estais nos céus, Santificado, Glorificado, Honrado, seja vosso Nome..

Penso que hoje, em nossas Reuniões de Oração, falta o louvor. O uso excessivo do microfone faz que a oração do dirigente substitua a oração da Assembléia. O modelo de condução que temos seguido, retirado algumas vezes da televisão, não dá espaço ao louvor partilhado, tão comum nos inícios da Renovação. O barulho ensurdecedor do Espírito Santo é substituído pelo “ruído das caixas de som” e os “tam tam tam” da bateria. A proposta de oração e louvor dos dirigentes não é assimilada, pois logo a seguir se propõe outra coisa. E o silêncio… parece que virou heresia.

O louvor brota também da Palavra de Deus e o uso da Bíblia para oração tem desaparecido. Os textos são utilizados somente para a pregação, desacostumando, assim, nosso povo levar a Sagrada Escritura para as reuniões.

Precisamos distinguir animação de agitação, unção de emoção, oração de ativismo, alegria de “adrenalina carismática”, expressão de louvor de “aeróbica”.

  1. Culto ao Senhor

Esta é a razão última pela qual nos reunimos : prestar culto ao Senhor.

O centro de nossa reunião é o Senhor Ressuscitado, pois é em torno Dele que se faz comunidade. Ele é a “fonte da Água Viva”!, a “videira” da qual somos sarmentos. Ele é o Senhor, o Batizador, o Doador do Dom.

Pentecostes é (secundariamente, mas não menos significativo) um fato cristológico : Ele glorificado à direita do Pai, toma o Espírito Santo e o derrama, e acrescenta S. Pedro, “como vós vedes e ouvis”. (cf Atos 2,33). O Espírito Santo, nos ensina a Igreja, é o primeiro fruto da Páscoa do Senhor, que veio para “batizar no Espírito Santo”. (cf João 1,33b)

Muita vezes nossos Grupos de Oração colocam outros “centros” para as reuniões : o som, os ministérios, o pregador, as curas … Tudo isso é necessário, mas não o centro.

Ter Jesus Cristo como centro do Grupo de Oração implica na busca verdadeira da unidade, da comunhão, pois onde “ dois ou três se reúnem em meu Nome, estarei no meio deles”. A diferença é estar no Nome do Senhor e não a reunião em si.

Reunirmo-nos porque Jesus Cristo é o Nosso Senhor!

  1. Exercício dos carismas

“A cada um é dado o dom de manifestar o Espírito em vista do bem de todos” (1Cor 12,7)

Os carismas são dados para a construção da Igreja em vista de sua missão. A Renovação Carismática tem como sua identidade a experiência dos carismas como prática comum em seus Grupos e Reuniões.

São os “Carismas” – dons de serviço – dons de poder para o serviço da comunidade cristã. São concedidos para a edificação do Corpo de Cristo. São dados para que o homem possa fazer alguma coisa para a comunidade.

Quando falamos em dons carismáticos, falamos de graças de Deus e da ação divina na Igreja e em nossas vidas.

Se a Igreja nasce de Deus e é manifestada no mundo aos homens na pessoa e na missão de Jesus, edificada sobre os apóstolos, ela é também vivificada pelo Espírito santo, enviado no Pentecostes, a fim de santificar a Igreja e adorná-la com seus frutos – Ef 4, 11-12; 1Cor 12, 4-7; Gal 5, 22.

É do Espírito Santo que a Igreja recebe seus carismas conforme lhe apraz. Espírito e carisma pertencem à Igreja unicamente porque ela os recebeu como dons gratuitos do Pai por Jesus Cristo. Por conseguinte, os carismas, como todos os outros dons espirituais, são a manifestação de uma única realidade: a vida abundante do Espírito, pois os dons não são separáveis do Doador…

Espírito Santo é o dom por excelência. É a Ele que devemos aspirar mais do que os dons, como diz Santo Agostinho “não vossos dons, Senhor, mas Vós”. Como primeiro dom de Cristo à sua Igreja, é o Dom que encerra em si todos os outros dons. As manifestações do Espírito, são o Espírito em ação. Os carismas são graças, isto é, são manifestações de Deus em nós; são ação criadora de Deus presente e atuante no homem.

  1. E evangelização ativa

A pregação era acompanhada de Poder – 1Ts 1,5.

Não há evangelização eficaz se o Espírito Santo não agir com seu poder, que consiste na capacidade de converter corações, situações e ambientes de pecado.

Os sinais devem acompanhar a pregação Mc 16,16ss – A Palavra permanece atual, especialmente quando acompanhada de sinais de poder (E.N.12) As Palavras e sinais estão intimamente unidas no Plano de Deus. (Dei Verbum 2).

A base de todo cristianismo é Jesus Cristo, portanto, é necessário um encontro pessoal de fé e conversão para tê-lo como fundamento de nossa fé. Sem este ponto de partida tudo que se edifique (catequese, moral,…) será construído sobre a areia, mesmo nossos compromissos morais ou reformas sociais.

É fundamental aceitar a Boa Nova para ter vida nova. A Boa Nova consiste em anunciar Jesus, Salvador e Messias, que morreu e ressuscitou, foi glorificado para livrar-nos do pecado e suas consequências.

É necessário um encontro pessoal com Jesus, Senhor e Messias, que acontece pela Fé e Conversão, abrindo nossos corações para receber assim a Vida Nova que nos é dada pelo Seu ESPÍRITO SANTO, tornando-nos Igreja.

  1. Acolhimento sincero e alegre

Existe um ditado antigo : “quem pariu Mateus que o embale”. Ou seja quem gerou também deve cuidar. Nos nossos grupos de Oração estamos constantemente “gerando homens novos e mulheres novas” pela “novidade do Evangelho” e estes homens e mulheres precisam ser “cuidados” para que a semente frutifique.

Uma das reclamações mais freqüentes, que ouvimos em nossas comunidades, é a frieza e a “burocracia” que existe nas relações comunitárias paroquiais. Muitos se perdem ou se afastam por falta de acolhimento. Esta preocupação levou a CNBB, alguns anos atrás, recomendar uma “pastoral de acolhida”. O “sucesso” de muitas das “igrejas evangélicas” está no acolhimento e na proximidade dos relacionamentos entre os fiéis, dirigentes e pastores.

Nossos Grupos de Oração precisam fugir do modelo burocrático ou “assistencialista” (paternalista) que considera o outro como objeto do meu serviço e não do meu amor, que implica relacionamento, partilha, conhecimento. Muitos entram e saem dos nossos grupos e nunca foram identificados !

A acolhida não é só receber mas também acompanhar, apadrinhar (numa expressão bem mineira). Dignifica introduzir o fiel no convívio fraterno e promover seu crescimento. Este ministério ( serviço) chamamos de pastoreio.

A pessoa, quando bem acolhida (alegre) persevera e cresce e produz muitos frutos e seus frutos permanecem.

Porque não “gastar” um pouco do tempo do Grupo de Oração (reunião) com o relacionamento. Talvez no início da reunião promover uma apresentação, uma dinâmica e após a reunião identificar os novos, propor outros tipos de encontros e atividades. Não deixar o povo se dispersar até a próxima reunião.

  1. Serviço humilde

O serviço da liderança, da condução, do grupo de Oração é muito importante para o bom andamento da reunião. Precisamos entender que o serviço da liderança é serviço e não posto ou distinção honorífica. Por outro lado precisamos também perder o medo de exercer uma liderança sadia em favor da comunidade.

Daí a necessidade de exercer esse serviço na humildade, que significa conhecer nossos limites, mas também nossas qualidades. Reconhecer que somos chamados e que nosso serviço se presta na obediência ao Senhor.

É preciso ter cuidado com as reuniões que dizem: “O Espírito Santo é nosso líder” ou “Nossa reunião é dirigida somente pelo Espírito”. Traduzidas, estas palavras significam: “Fazemos o que queremos nesta reunião”.

Não nos enganemos com jargões espirituais. As pessoas dirigem, o Espírito Santo guia. “O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos” (Pr 16,9).

Quando não há liderança na reunião, as pessoas fortes e manipuladoras tomarão o controle, dizendo tratar-se da autoridade do Senhor. E é neste ponto que a reunião pode perder a direção.

Todo Grupo de Oração Carismático tem sua coesão e boa ordem asseguradas por uma ” Núcleo ou Núcleo”, um grupo de pessoas que assume o grupo todo em orações, sacrifícios e ministérios.

“Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas teriam sido negligenciadas na distribuição diária. Por isso os Doze convocaram uma reunião dos discípulos e disseram: ‘Não é razoável que abandonemos a Palavra de Deus para administrar. Portanto, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espirito Santo e de sabedoria, aos quais encarregaremos este ofício. Nós atenderemos sem cessar à oração e ao ministério da palavra.’

Este parecer agradou a toda a reunião. Escolheram Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito da Antioquia. Apresentaram-nos aos Apóstolos, e estes, orando, impuseram-lhes as mãos.”

Divulgava-se sempre mais a palavra de Deus. Multiplicava-se consideravelmente o número dos discípulos em Jerusalém. Também grande número de sacerdotes aderia a fé.” (Atos 6, 1 – 7)

O “Serviço” é um Grupo de pessoas escolhidas pelo Senhor, para estarem a serviço da Comunidade. Normalmente chamamos este “serviço” de Núcleo de Serviço que possui algumas características importantes:

“Nisto conhecerão que sois meus discípulos…”  (Jo 13,35);”Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi …” (Jo 15,16); – “Cuidai de vós mesmos… ” (At 20,28)

Podemos apontar algumas áreas que necessitam de cuidados permanentes do Núcleo de Serviço para que as Reuniões de Oração, fruto de um Grupo – Comunidade Autêntica, possam atingir seus objetivos. São elas:

  • A Reunião de Oração em si mesma
  • A condução da Reunião
  • A maneira de levar os participantes ao Batismo no Espírito
  • Ensino (a pregação)
  • Relacionamento entre os participantes (comunhão fraterna)

 

Autor: Tácito Coutinho – Tatá – Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi

Tácito Coutinho - Tatá - Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi

Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi

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