A fé e o “mundo”
Hoje, para muitos cristãos, viver a fé no meio do mundo é todo um desafio. Nunca faltam ocasiões que nos põem à prova e exigem de nossa parte coerência e valentia para manifestar ao mundo o que cremos. Vergonha, temor, desconforto, e muitas outras experiências humanas às vezes nos impedem de viver segundo quem somos verdadeiramente. No meio de um mundo carregado de manifestações de uma “cultura de morte” nós, cristãos, temos o desafio de viver com coerência nossas promessas batismais para assim iluminar, com o resplendor da fé em Cristo, um mundo que parece perder-se nas trevas da incredulidade.
O cristão é uma pessoa de fé. Não se pode ser cristão sem ter se encontrado com Cristo, pois cristão é quem é “de Cristo”, quem foi marcado com seu selo indelével na água do Batismo. Nossa fé nasce de um encontro com o Deus vivo manifestado em Jesus Cristo Nosso Senhor. Deus nos chama e nos revela seu amor para que vivamos com segurança e saibamos sobre quem construímos nossa própria vida.
Quando queremos alicerçar nossa vida sobre o amor de Deus entendemos que a fé não pode ser algo acessório. O acessório, no fundo, é um detalhe que pode ou não estar presente, sem alterar o importante. Com a fé não é assim. A existência do cristão deve estar fundamentada em Deus, naquele que nos concedeu o dom da fé e a quem respondemos com a adesão sincera e coerente da própria vida.
Estando chamado a viver no meio do mundo, o cristão deve permitir que sua fé impregne toda a sua existência para que possa iluminar com a luz de Cristo os que vivem nas trevas: “Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. (…) Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu” – Mt 5,14.
Estando no mundo, a vida do cristão se vê iluminada com o testemunho que o próprio Senhor Jesus nos deu: “Eu vim ao mundo como luz para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas” – Jo 12,46. As palavras do Senhor nos convidam a viver nossa fé sem medos, e sem cair na tentação do relativismo.
Viver no meio do mundo, sem ser do mundo, é um chamado exigente. Sabemos que como Igreja nada do humano nos é alheio e, portanto, devemos procurar que a luz de Cristo ilumine cada rincão do mundo e a vida das pessoas. Quantos homens e mulheres vivem nas trevas em nossas cidades, tão perto de muitos cristãos, e esperam ansiosos a salvação de Deus. E quantos outros por preconceitos, por seus próprios pecados, ou pelo mau testemunho de alguns cristãos, já não querem receber o Evangelho de Jesus Cristo.
É por isso que o cristão não só deve viver sua fé no mundo atual, como também deve fazê-lo integralmente: pensando como cristão, sentindo como cristão e atuando como cristão. Isso nos levará, muitas vezes, a sermos sinais de contradição. Devemos recordar as palavras que o próprio Senhor Jesus dirigiu a seus discípulos:
“No mundo tereis aflições. Mas tende coragem! Eu venci o mundo” – Jo 16,33.
Autor: Tácito Coutinho – Tatá – Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi