A transformação emocional da mulher grávida
Com o atraso menstrual e a notícia do Positivo que uma avalanche de sentimentos toma conta da mulher. É grande a ansiedade em torno dos preparativos para a chegada do bebê, mas, a grande maioria das mulheres desconhecem o que vai acorrer em seu organismo e negam as mudanças emocionais da nova mulher que surge.
É considerado o evento de vida mais complexo da experiência humana por produzir alterações biopsicossociais na mulher, ou seja, há transformações não só no organismo da mulher, mas também no seu bem-estar, o que altera seu psiquismo e o seu papel sociofamiliar. A intensidade das alterações psicológicas dependerá de fatores familiares, conjugais, sociais, culturais e da personalidade da gestante.
A mudança do papel social é outro fator importante a considerar. Durante os nove meses, haverá um casal “grávido” e uma nova identidade. Deixarão de serem apenas filhos para se tornarem também pais. A gestação é um período de transição que faz parte do processo de desenvolvimento e envolve a necessidade de reestruturação em várias aspectos: mudança de identidade da mulher e do homem e a nova definição de papéis.
A mulher grávida, ao deparar-se com o crescimento do bebê e seu nascimento, reviverá inconscientemente a sua própria maternidade, nascimento e relação com sua mãe, da qual denominados de sombra. Muitas mulheres não conseguem viver satisfatoriamente o período gestacional por ter vivenciado muitas dificuldades nessas fases e não conseguem reviver sua sombra.
As mudanças começam com os hormônios femininos durante a gestação: eles sofrem um aumento na sua concentração para que o corpo da mulher possa ser modificado para proporcionar o crescimento adequado do bebê e, pode trazer mudanças orgânicas e comportamentos muito significativas na mulher, surgindo ou exacerbando sintomas depressivos, ansiedade, baixa concentração, irritabilidade, mudança de apetite, insônia, hipersônia e perda de energia.
Assim, a mulher Moderna, que precisa ser esposa, profissional, filha, amiga e atender a um padrão de beleza, procura um obstetra para acompanhar o desenvolvimento do bebê e os seus cuidados fisiológicos, mas deixa de lado todos os aspectos e cuidados emocionais – como a gestação é um período de vida que necessita de especial atenção, considerado particular e suscetível, muitas vezes estressante, trazendo com ela uma exacerbação de uma série de sintomas emocionais.
Sabe-se que o planejamento ou não da gestação tem grande influência sobre os riscos de alterações psicológicas da mãe – para alguns especialistas, o apego inicial da mãe com o feto tem interferência nas sua relação futura com o filho e na sua saúde mental posterior. A forma como foi concebido e o desejo em ter um filho tem relação bem próxima a ocorrência de distúrbios emocionais e o desenvolvimento negativo da gestação e produção dos sintomas como as náuseas, vômitos, tontura, entre outros.
É preciso considerar na gravidez quais as fantasias da gestante em relação ao bebê, o que ele vai representar naquela família e naquele circulo social da qual seus pais convivem e o desejo em relação aquela gestação.É necessário considerar como era a saúde mental da mulher antes da gravidez, pois, são essas condições que irão determinar como ela vai ser enquanto gestante.
Uma vez identificado algum Transtorno Psíquico, procurar um profissional habilitado se faz necessário, pois, as alterações emocionais e comportamentais podem causar prejuízos sérios na forma de interação social, originando problemas de relacionamento e dificultando a relação futura entre mãe e bebê.
Grupos de apoio a gestante e família são determinantes no processo gestacional e pós-parto, pois eles permitem que a mulher consiga compreender seus conflitos, suas inseguranças e medos, Compartilharem angústias e esperanças, limitações e discriminações, prescrições e recomendações e sentir-se melhor consigo mesma, conscientizando-se dos fatores que envolvem o período gestatório.
Autor: Lú Cazaroto – Psicóloga – Comunidade Javé Nissi