Precisamos falar sobre Pedofilia e as consequências do abuso sexual em crianças e adolescentes!
“Salvai-vos desta geração perversa.” (Atos 2:40)
Todas as classes sociais estão sujeitas ao aparecimento do Pedófilo, esta prática já acontecia a muitos séculos, nos bacanais do deus do vinho Bakus, as festas anuais traziam pervertidos de todos os lugares da Grécia, a celebração tinha como característica a embriaguez coletiva. Pouco se sabia sobre o pedófilo e as consequências desse abuso nas crianças.
A pedofilia é complexa, polêmica e ainda considerada um Tabu. O Brasil apresenta uma forte carência de dados sobre a violência de crianças e adolescentes, isso acontece porque são poucos os casos denunciados sendo em maioria os casos em âmbito familiar.
Do ponto de vista do pedófilo, a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), da Organização Mundial da Saúde (OMS), item F65.4, define a pedofilia como “Preferência sexual por crianças, quer se trate de meninos, meninas ou de crianças de um ou do outro sexo, geralmente pré-púberes.
O Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV) da Associação de Psiquiatras Americanos, define uma pessoa como pedófila caso ela cumpra os três quesitos abaixo: (1.) Por um período de ao menos seis meses, a pessoa possui intensa atração sexual, fantasias sexuais ou outros comportamentos de caráter sexual por pessoas com 13 anos de idade ou menos ou que ainda não tenham entrado na puberdade. (2.) A pessoa decide por realizar seus desejos, seu comportamento é afetado por seus desejos, e/ou tais desejos causam estresse ou dificuldades intra e/ou interpessoais. (3.) A pessoa possui mais do que 16 anos de idade e é no mínimo 5 anos mais velha do que a criança. Salvo em pouquíssimos casos, o pedófilo não o reconhece como um perverso e portanto, não procura e aceita ajuda psiquiátrica e psicológica.
Do ponto de vista da criança abusada sexualmente, os estudos revelam que esta forma de violência traz sérias consequências para as vítimas, não somente no momento em que o fato ocorre, mas também os reflexos perduram na fase adulta.
Uma vez reconhecida como etapas fundamentais do ciclo vital, é na infância e adolescência que o indivíduo desenvolve suas capacidades físicas, cognitivas e afetivas.
Atualmente, os tolerantes ‘politicamente corretos’, querem naturalizar ‘chocando’ públicos infantis e adolescentes com cenas de pedofilia, com o discurso moderno de que precisamos falar sobre estes assuntos ou, isso é normal e pode mesmo acontecer. Quando entramos nessa onda, anulamos completamente a infância, pois desacreditamos em todas as comprovações cientificas de que a criança e o adolescente não possuem maturidade suficiente para estabelecer crítica em cenas tão assustadoras, ameaçadoras e violentas.
As vítimas de abuso sexual podem ser afetadas de diferentes formas, ou seja, enquanto algumas apresentam efeitos menores, outras desenvolvem severos problemas de ordem social, emocional e psiquiátrica. O impacto depende de uma série de fatores – vulnerabilidade e resiliência, recursos sociais, emocionais, funcionamento familiar e condições financeiras. O abuso sexual pode ser definido em diferentes categorias: extra ou intrafamiliar, podendo estar associado à pornografia e exploração sexual, pode incluir cenas, toques, carícias, sexo oral ou relações com penetração.
Segundo os estudos, é dentro de casa onde a maioria dos abusos acontecem, quase sempre por pessoas próximas e que desempenham um papel de cuidador (pai, padrasto, namorado da mãe, tio, avô). O incesto (abuso sexual intrafamiliar) é poderoso e sua devastação é maior do que da violência sexual não incestuosa, isso porque se insere nas constelações das emoções e conflitos familiares (é como se a criança não tivesse para onde fugir, não há um lugar para onde possa escapar, não se sentindo segura dentro da própria casa, obrigada na maioria das vezes a aprender a conviver com o incesto e o silêncio).
As consequências do abuso sexual não compreendem somente um quadro psiquiátrico, mas 50% das vítimas desenvolvem o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Sobre situações traumáticas, Neto e Vieira (2005) trazem que trauma é toda situação que ocorre quando o perigo se apresenta maior do que o indivíduo é capaz de enfrentar, com base em suas experiências anteriores. Assim, o desenvolvimento de sintomas pode ser considerado comum, mas não pode ser considerado normal, pois a frequência de um fenômeno não significa sua normalidade, mas sua previsibilidade. Dessa maneira, o indivíduo que sofre um trauma, pode reagir de diferentes formas.
O TEPT pode ser manifesto através de lembranças, sonhos traumáticos, comportamento de reconstituição e angústia nas lembranças traumáticas, evitacão, (criança evita a lembrança do trauma, apresenta amnésia psicogênica e desligamento). As vítimas também podem apresentar excitação aumentada, ou seja, transtornos do sono, irritabilidade, dificuldades de concentração e hipervigilância, além de mudanças de comportamento afetivas e cognitivas, como: abuso de substâncias, fugas do lar, pensamentos suicidas, condutas sexualizadas ou delinquentes, isolamento social, irritabilidade, baixo rendimento escolar e sentimento de culpa, raiva e de diferença em relação aos seus iguais.
Algumas sequelas a longo prazo, podem ser descritas como dores crônicas gerais, hipocondria ou transtornos psicossomáticos, alterações do sono e pesadelos constantes, desordem alimentar e problemas gastrointestinais, tentativas de suicídio, consumo de álcool e drogas, transtorno de identidade, depressão, ansiedade, anedonia, fobias e disfunções sexuais, isolamento, dificuldades de vínculo afetivos e relação interpessoal.
Falar sobre pedofilia é falar sobre um problema de ordem jurídica (violação à Lei Federal no 8069/19) e um grave problema de saúde pública, já que no Brasil, segundo as estatísticas, 50 crianças são vítimas de abuso sexual todos os dias.
Na literatura e na minha prática clínica, não há uma única pessoa que traga poucos sentimentos em relação a vivência dessa violência, ao contrário, as vítimas sempre são carregadas de sentimentos e lembranças dolorosas. Assim, tratando-se de um assunto complexo, as intervenções devem ser igualmente complexas: importância do amparo, identificação, intervenção e tratamento da vítima de abuso, bem como de sua família.
Portanto, com todos os dados científicos que possuímos, a melhor forma de prevenção do Abuso sexual envolveria uma relação efetiva, principalmente em relação a mãe, ou melhor, o cuidado especial onde haja reconhecimento de que a criança é uma pessoa de direitos, respeitando o desenvolvimento evolutivo com empatia, boa comunicação e um vínculo afetivo e interativo, em contraponto, devido ao fato da criança e adolescente serem muito imaturos e despreparados psicologicamente para o estímulo sexual precoce, quase invariavelmente desenvolvem problemas emocionais e psiquiátricos depois da violência sexual.
Autor: Lú Cazaroto – Psicóloga – Comunidade Javé Nissi