Maria nunca disse sim

Maria nunca disse sim

“Faça-se.” Essa foi a resposta de Maria ao projeto de Deus. Dizer “sim” significa concordar com o que é pedido ou perguntado, mas nem sempre essa resposta é seguida de uma prática de amor. Pode ser atitude por obrigação ou agrado. A Virgem Maria ao responder, no diálogo com o Anjo Gabriel, que era escrava e desejava fazer a vontade do Senhor, demonstrou a obediência, a confiança cega e a totalidade de entrega a Deus (cf Lc 1, 38).

São Luís de Montfort, em seu Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria, ensina que podemos ser escravos de Deus por livre escolha. Essa escravidão permite entregar ao Senhor tudo aquilo que somos e temos sem exigir pagamento. Somos eternamente pertencentes a Ele. Maria aceitou essa escravidão com o seu Fiat (faça-se). A palavra escravo traz lembranças tristes para a nossa sociedade, mas a escravidão a Deus significa o abandono e a entrega nas mãos do Perfeito oleiro.

Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel (Jr 18, 6).

Nossa Senhora é modelo de entrega e abandono. Ela permitiu que Deus agisse, pois acolheu em seu coração a Palavra do anjo: porque a Deus nenhuma coisa é impossível (cfr. Lc 1, 37). Maria nos faz pensar em qual nível está nossa confiança. Estamos dizermos o simples “sim” ou vivendo a entrega que permite Deus ser Deus? Ela não contou a José sobre a gravidez. E nem a Isabel. A Palavra narra que José, percebendo a gestação, quis abandoná-la em segredo. Certamente Maria orou muito. Abandonou-se no Senhor e confiou. E José, por sonho, acreditou. A Bíblia também narra que Maria mal tinha chegado a casa de Isabel e já foi saudada por sua prima. Como a mãe de João Batista sabia da gravidez? Nossa Senhora não saiu divulgando a todos, mas pelo seu silêncio, totalidade de Deus e jeito meigo, tornou-se bendita, pois o Poderoso fez maravilhas em sua escrava. Precisamos aprender com Ela a maturidade da confiança.

O “Faça-se” não exige nada em troca. A escravidão não é um mercado de milagres e graças. Maria sabendo disso esteve sempre a serviço. Foi solícita a Isabel, aos noivos em Caná e na troca de olhares com Jesus a caminho do Calvário. Queremos nos abandonar em Deus por amor e não por interesse. Nossa Senhora é a perfeita guia para essa virtude da verdadeira confiança.

Queremos, ó Mãe querida, estar em teu colo maternal e guiados pelo teu olhar perceber as exigências que Jesus nos faz. Diante dos desejos de Teu Filho jamais dizer “sim”, mas ter o prazer em responder “Faça-se”. Pois, ó Mãe amável, a vontade do Senhor é sempre amor.

Autor: José Eymard Miranda Leite Sobrinho – Jornalista e colaborador

Comunidade Javé Nissi

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