A SEXUALIDADE NA DISCUSSÃO DE GÊNERO

A SEXUALIDADE NA DISCUSSÃO DE GÊNERO

O ser humano foi criado para se relacionar e, dentro desse viés, duas dimensões se sobressaem na relação, a afetividade e a sexualidade. Trata-se de duas vias pelas quais o ser humano se expressa formando sua identidade. Muito se discuti hoje sobre a formação de identidade do ser humano, principalmente no que tange a teoria de gênero, a mais discutida no momento.

Pautado na filosofia de Simone Beauvoir, “não se nasce mulher, torna-se mulher” a discussão atual segue esta vertente adentrando o campo das questões de gênero. A teologia cristã se posiciona contra, cunhando tal abordagem de “ideologia de gênero”, termo não admitido pelos teóricos da questão.

A pergunta que nos propomos a buscar possíveis repostas é a seguinte: a sexualidade é definida pela dimensão biológica ou pelo contexto social? Já de antemão adiantamos que as duas vertentes tem suas razões, contudo, não poderemos nos prender às razões, antes buscaremos entendê-las para enfim nos posicionarmos.

A teologia cristã, inclusive, amarada em estudos como o feito pela renomada “American College of Pediatricians[1]”, que publicou uma  nota emitindo 8 pontos/parágrafos, nos quais os médicos afrontam diretamente a teoria de gênero, sustentando a matriz biológica e refutando peremptoriamente a sexualidade como construção social. Posicionam-se contra a ideologia de gênero, exortando educadores e parlamentares para rejeitarem qualquer medida que condicione as crianças a aceitarem como normal “uma vida que personifique química e cirurgicamente o sexo oposto”. Em contrapartida, o CNPq[2] publicou uma cartilha sobre a teoria de gênero e endossando sua aplicação nas escolas em suas diversas redes de ensino. A cartilha traz a seguinte pontuação:

Os estereótipos são uma maneira de “biologizar” as características de um grupo, isto é, considerá-las como fruto exclusivo da biologia, da anatomia. O processo de naturalização ou biologização das diferenças étnico-raciais, de gênero ou de orientação sexual, que marcou os séculos XIX e XX, vinculou-se à restrição da cidadania a negros, mulheres e homossexuais (p. 26).

                       E ainda:

O conceito de corpo inclui, além das potencialidades biológicas, todas as dimensões psicológicas, sociais e culturais do aprendizado pelo qual as pessoas desenvolvem a percepção da própria vivência (p. 120). (…) as precondições biológicas não produzem, por si mesmas, os comportamentos sexuais, a identidade de gênero ou a orientação sexual. Elas formam um conjunto de potencialidades que só adquirem sentido e eficácia por meio da socialização e do aprendizado das regras culturais (p. 121).

Como afirmamos acima encontramos razões em ambas as reflexões, contudo o alerta quanto a possível imaturidade dos alunos e consequentemente dos adolescentes para assimilarem tal conteúdo é real e necessária. Recomendamos vivamente aos que se interessam pelo assunto que leiam a nota da associação americana de pediatria e a publicação feita pelo CNPq.

 Em suma afirmamos que a sexualidade é mais que genitalidade e mais ainda que uma construção social, logo a sexualidade comporta a dignidade e integridade do ser humano, para tanto deve ser respeitada em sua diversidade e acolhida em suas necessidades, aos cristãos cabe o acolhimento das ideias divergentes como fonte de aprendizagem e subsídio para estudos, aos teóricos de gênero o mesmo se faz verdade. Uma coisa firmamos com veemência: Deus nos criou a todos e nos ama incondicionalmente! Esta deve ser nossa chave de leitura e ponte para diálogos.

[1] Fonte: http://www.semprefamilia.com.br/associacao-de-pediatria-dos-estados-unidos-declara-se-formalmente-contra-a-ideologia-de-genero/. Acesso: 11-01-2017.

[2] Aos que se interessarem no assunto segue o link em que está disponível a referida cartilha. http://estatico.cnpq.br/portal/premios/2014/ig/pdf/genero_diversidade_escola_2009.pdf.

 

Autor: José Carlos Faria – Carlinhos – Teólogo – Comunidade Javé Nissi

leandro

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