Pentecostes
Queridos irmãos e irmãs
Graça e Paz
Passados alguns dias de Sua ressurreição, Jesus cheio do Espírito Santo, cumpriu sua promessa: enviou do céu a torrente do Espírito sobre seus discípulos que estavam em oração com sua mãe Maria. Conta o livro dos Atos dos Apóstolos – At 2.
Jesus sempre cumpre o que promete. Passará o céu e a terra, mas Jesus não deixará jamais de cumprir uma de Suas palavras. Como havia prometido tantas vezes aos seus discípulos, enviou do céu o Espírito Santo.
Se o batismo na água marcou o princípio da missão evangelizadora de Cristo, a inauguração da era messiânica, propriamente dita, da manifestação do “Filho de Deus” aos “filhos de Deus”, o batismo no Espírito Santo, em Pentecostes, marcou a instauração do reino de Deus sobre a terra, pelo seu Espírito. É o estabelecimento de uma nova vida espiritual, vida da graça, princípio e penhor, já neste mundo, da vida da glória, na eternidade. Era chegada a hora da adoração que o Pai quer, a verdadeira adoração, “em espírito e em verdade” – Jo 4,23.
É a consumação e a coroação do grande mistério da Páscoa, a sua plenitude, no dizer de Santo Agostinho (Sermão 43). Assim, Pentecostes não é somente a festa do Espírito Santo, mas de Cristo, fechando um capítulo da História da Salvação, e abrindo outro, pelo Seu Espírito. Podemos dizer também que é a grande “festa de aniversário da Igreja”, o natal do Espírito Santo.
A passagem de Cristo sobre a terra tinha que ser transitória. No entanto, ele soube ficar “até à consumação dos séculos” – Mt 28,20 pelos seus dois magníficos dons: a presença Eucarística e a presença do Seu Espírito.
Jesus que não se aventurou em Sua missão apostólica sem a unção especial do Espírito no batismo, não quis que os seus discípulos iniciassem os seus trabalhos sem essa unção. Vimos o cuidado de Jesus em mandar que permanecessem em Jerusalém até serem “revestidos da força do alto” – Lc 24,49. “Vós, porém, sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias” – Atos 1,5
Pentecostes não foi apenas um acontecimento da Igreja nascente, Pentecostes continua e é ainda hoje: “e rogarei ao Pai e ele vos dará um outro Paráclito para que convosco permaneça para sempre” – Jo 14,16. Fundada a Igreja de Cristo, espalhou-se por toda a terra, governada pelo Espírito Santo, juntamente com o Pai e o Filho.
Pentecostes continua incessantemente pela ação interior do Espírito. Permanecem a graça e a virtude de um Pentecostes perene, embora o Pentecostes histórico tenha passado. A ação universal do Espírito não deixa por isso de ser sempre fecunda. Quando celebramos a festa de Pentecostes, não recordamos um mistério passado, um acontecimento longínquo, mas a presença continuada do Espírito Santo na sua Igreja, como celebra a liturgia do dia:
“… por meio de Cristo Senhor nosso, que tendo subido aos céus, derrama hoje o Espírito Santo que havia prometido” – Prefácio da Missa de Pentecostes. Está na nossa mão o pedir e o receber.
Irmãos e irmãs, vivamos estes dias que antecedem o derramamento do Espírito Santo como viveram os Apóstolos e discípulos: juntos com Nossa Senhora, Mãe do Senhor e nossa, em oração e alegre expectativa.