A Esperança

A Esperança

Em meio às dificuldades e sofrimentos do tempo presente o perigo maior não são as drogas, a violência, o aquecimento global, é não crer no futuro. A falta de esperança, essa sim, é que pode levar à depressão, ao individualismo, ao consumismo exacerbado, ao suicídio, à marginalidade e às drogas. Em contrapartida a convicção num caminho seguro a ser trilhado e o desejo de contribuir com o bem fazem com que os homens progridam, criem e creiam.

Deus nos alimenta, consola e fortifica com a esperança. Esta é uma Virtude Teologal para os tempos atuais. As tribulações da vida não apagam a esperança, ao contrário, fazem com que esta desperte com uma força admirável e nos empurre para frente, sempre nos mostrando que ainda há possibilidades. A Sagrada Escritura diz: “A tribulação produz a perseverança; a perseverança, a fidelidade provada; e a fidelidade provada, a esperança. E a esperança não decepciona” (Rm 5,3-5a).

A Esperança não é uma utopia ou uma disposição interior que nos permite construir mundos imaginários ou fruto de pensamentos positivos de “autoajuda”, ou ainda resultado de uma ideologia; é inteiramente concreta: é fruto da confiança em Deus e em sua Providência, da certeza de que nada será capaz de “nos separar do amor de Deus, que está no Cristo Jesus, Nosso Senhor”. (Rm 8,39). Nas situações em que paralisamos ou desesperamos e pensamos que já não há nada a ser feito, a esperança se ergue dentro de nós e com a força do Espírito Santo diz: “Tente outra vez; seja mais humilde; reze, reze mais; não desista, ainda há solução; suporte com paciência…” Ela coloca sempre à nossa frente novas possibilidades. É quem nos mostra o sentido da vida, alimenta a nossa fé e nos conduz à caridade.

Na carta aos Hebreus, o autor compara a esperança a uma âncora: “Nela temos como que uma âncora da nossa vida segura e firme” (Hb 6,19). Segura e firme porque atirada não na terra, mas no céu, não no tempo, mas na eternidade, “além do véu do santuário”.

A Esperança também é a vela. “Se a âncora é aquilo que dá ao barco a segurança e o mantém firme entre o balanço do mar, a vela é, ao contrário, aquilo que o faz avançar no mar. Ela é, na verdade, como que uma vela que recolhe o vento e, sem barulho, o transforma em força motora que leva o barco, segundo os casos, para o mar aberto ou para a margem”. (Cantalamessa)

Uma pergunta fundamental: “Como manter viva a esperança neste mundo em que o “sem sentido” parece dominar? Como mantê-la não só em nossa vida, mas também de modo a transbordá-la para o mundo desesperançado?” Diariamente, Deus renova na vida de seus filhos a graça da esperança, a nós cabe acolhê-la. Isso se dá através da voz de Deus em nosso coração que continuamente nos diz: “Levanta e anda!” E esta ação do Senhor restaura o que antes era enfermo.

Antigamente, os fiéis, ao sair da Igreja, passavam a água benta de mão em mão, desejando que, através desse gesto simples, a outra pessoa também recebesse as graças e os dons de Deus. Podemos seguir esse exemplo e passar “de mão em mão”, de pai para filho, de amigo para amigo, a alegria e a paz da esperança. São Paulo nos fala na carta aos Romanos: “Que o Deus da esperança vos cumule de alegria e de paz na fé” (Rm 15,13); daí temos a certeza de que a alegria e a paz são frutos diretos da esperança, e como vivemos num mundo sem alegria e sem paz, podemos afirmar que o homem de hoje perdeu a esperança, mas deseja reencontrá-la porque não deixa de procurar (ainda que de forma equivocada), alguma coisa que responda a essa sua necessidade. Não devemos ter medo de parecer ingênuos falando de esperança e com o nosso testemunho contagiando o mundo com a alegria e a paz que vêm de Deus.

“A Igreja não pode fazer, no mundo, uma doação melhor do que dar-lhe esperança, não esperanças humanas, efêmeras, econômicas ou políticas, sobre as quais ela não tem competência específica, mas esperança pura e simples, aquela que, mesmo sem o saber, tem por horizonte a eternidade e por avalista Jesus Cristo e a sua Ressurreição. Essa esperança servirá também de mola para todas as outras legítimas esperanças humanas” (Cantalamessa).

Em Cristo

Tatá

Tácito Coutinho - Tatá - Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi

Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi

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