A experiência do Espírito Santo é normativa na Igreja nascente

A experiência do Espírito Santo é normativa na Igreja nascente

“A experiência do Espírito Santo era a marca de um cristão. Por ela os cristãos se definiam pelo menos em parte em relação aos não-cristãos. Eles se consideravam representantes não de uma nova doutrina, mas sim de uma nova realidade: o Espírito Santo”.[1]

O Espírito era um fato vivo de sua experiência, que não podiam negar sem negar que eram cristãos. O Espírito se derramava sobre eles e a experiência era tanto pessoal como comunitária, constituindo uma nova realidade. Deve-se, pois, admitir que a experiência religiosa é inerente ao testemunho do Novo Testamento e omitindo-se essa dimensão na vida da Igreja, nós a empobreceríamos ao extremo.

Em Atos 19,2 Paulo supõe que ao abraçar a fé, os cristãos (de Éfeso) experimentam a presença do Espírito de tal forma que é possível “saber” se “receberam ou não” este mesmo Espírito. Na seqüência vemos que ele impõe as mãos sobre eles e então o Espírito é dado (experimentado) manifestando-se os sinais proféticos-carismáticos dessa concessão.

Este texto é largamente usado na teologia litúrgica para se referir ao Sacramento do Crisma embora alguns questionam: se o batismo (e os efésios tinham sido batizados naquele momento) concede o Espírito porque outro Sacramento para concede-Lo? E se foi efetivamente concedido, porque é necessário confirma-Lo? Ora, Deus não volta a trás em seus dons! (cf Rm 11,29)

Por outro lado, ao serem batizados, Paulo impõe as mãos e o Espírito veio sobre eles, não significaria que “a experiência” do Espírito estaria ligado ao batismo, não necessitando de outro sacramento, ou o batismo foi desmembrado em dois sacramentos, posteriormente? Ou o sacramento da crisma é um segundo momento de um único e mesmo sacramento do batismo, sendo este batismo no Espírito em que a experiência carismática ocorre?

Em Atos 8,14 vemos Pedro e João indo à Samaria para rezar por aqueles que “somente haviam sido batizados em nome do Senhor Jesus” por Felipe, “a fim de que recebessem o Espírito Santo”, que se manifestava a ponto de despertar a cobiça de Simão.

Mais uma vez encontramos aqui a questão de “um segundo momento” no batismo, que supõe a experiência do Espírito. Experiência visível e perceptível naqueles que O experimentam. Poderíamos levantar as mesmas questões anteriores.

Na casa de Cornélio (Atos 10) a experiência carismática precedeu o batismo e Paulo escreve aos gálatas perguntando se receberam o Espírito (no sentido de experiência dos carismas) pela fé (ou da fé) ou pela lei (Gl 3,1-5).

Quando Lucas fala da percepção do Espírito, pressupõe uma experiência que envolve profecia, “sinais e prodígios”, “visões e sonhos”, “fogo e fumaça”, pois assim ele narrou o derramamento do Espírito em Pentecostes usando, entre tantas profecias possíveis, justamente o texto de Joel, colocando-o na pregação primeira da Igreja feita por Pedro.

[1] Gerhard Ebeling, citado em Orientações Teológicas e Pastorais da Renovação Carismática Católica, Loyola – 1975, pg 38

Autor: Tácito Coutinho – Tatá – Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi

Comunidade Javé Nissi

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