Pentecostes

Pentecostes

Graça e Paz!

Em Israel a festa do Pentecostes era uma ação de graças pelo trigo maduro. Em várias parábolas, Jesus fala do Reino de Deus que chega através de uma maturação. O Pentecostes marca o tempo da colheita.

Mas o Pentecostes é também a irrupção da novidade, do inesperado. O que se passou no Sinai foi uma prefiguração, que encontra agora uma realização. Deus dá a conhecer a sua vontade, no entanto a sua Lei já não se grava em tábuas de pedra mas sim nos corações. Já não é apenas uma pessoa (Moisés) que permanece diante Deus; o fogo do Espírito desce sobre todos. Pelo Espírito Santo, é o próprio Deus que vem habitar em nós. Sem intermediários, ele está presente. É para nos fazer entrar numa relação pessoal com Deus que o Espírito Santo nos é dado.

Se o Espírito Santo permanece frequentemente discreto, apagando-se a si próprio, é porque não quer tomar o nosso lugar mas sim fortificar a nossa pessoa. No mais profundo do nosso ser, ele diz infatigavelmente o sim de Deus à nossa existência. Há uma oração que diz: “Teu Espírito bom me guie por uma estada plana” (Salmo 143,10). Levados por esse sopro, podemos “alargar nossa tenda”.

Nós cristãos, acreditamos que o Espírito Santo habita em nós, que formamos nele o corpo de Cristo e que podemos tratar Deus por “Tu”: é um passo enorme, inimaginável para uma grande parte da humanidade. Diante desta realidade pegunto: Será que somos suficientemente conscientes disso? Não será urgente que nós, cristãos, mostremos através da nossa vida que o Espírito Santo está agindo em nós e através de nós?

Quando na oração da comunidade juntos nos voltamos para Deus, o Espírito Santo nos reúne na comunhão que é a Igreja e concede-nos nascer para uma vida nova: a Igreja é Pentecostes.

O primeiro dom do Espírito Santo é o perdão. Cristo ressuscitado disse aos seus discípulos: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados” (João 20,22). A Igreja é antes de tudo uma comunhão de perdão. Quando compreendemos que Deus nos dá o seu perdão, tornamo-nos aptos a dá-lo também aos outros. É claro que as nossas comunidades são sempre pobres e estão longe daquilo com que sonhamos. Mas o Espírito Santo está continuamente presente na Igreja e faz-nos avançar no caminho do perdão.

Cristo envia-nos a proclamar a Boa Nova ao mundo inteiro, mas também nos pede para discernirmos os sinais da sua presença aonde ele nos precede. Os primeiros cristãos ficaram surpreendidos ao descobrir a presença do Espírito aonde não a esperavam (Atos 10). Será que ainda ficamos admirados com os sinais do Espírito que age antes de nós mesmos?

Deixemos crescer nas nossas vidas os frutos do Espírito: “Amor, alegria, paz, paciência, bondade”… (Gálatas 5,22-23). O Espírito leva-nos a caminhar em direção aos outros, e em primeiro lugar em direção àqueles que são mais pobres. Na solidariedade concreta com os pobres, a luz do Espírito Santo inunda a nossa vida.

O Espírito Santo está agindo hoje. Ele é o amor de Deus derramado incessantemente no nosso coração. Felizes os que não se abandonam ao medo, mas se abandonam ao sopro do Espírito Santo. Ele é a água viva, o Espírito de paz que pode irrigar o nosso coração e, através de nós, comunicar-se ao mundo.

 

Tácito Coutinho - Tatá - Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi

Moderador do Conselho da Comunidade Javé Nissi

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